ENTREVISTA / João Dionísio Amoedo /Presidente do Partido Novo
Executivo do mercado financeiro, João Dionísio Amoedo, está empenhado na criação de um novo partido político no país. Ele é formado em engenharia civil e administração de empresas. Atualmente, integra o conselho de administração do Banco Itaú-BBA e a João Fortes Engenharia. Também é o presidente do diretório nacional provisório do Partido Novo, como a legenda foi denominada. “O interesse pela política passou a ser maior nos últimos três anos com a vontade de ajudar a administração pública a apresentar melhores resultados”, afirmou João Dionísio, que tem raízes no Rio Grande do Norte, uma vez que a mãe dele, Maria Elisa Filgueira Barreto é potiguar. Neste entrevista, ele destacou também que há demonstrações de interesse pelo Partido Novo em Natal e Mossoró.
Como surgiu a ideia de criar um novo partido no país?
Queríamos (um pequeno grupo de amigos) participar de uma ação social. Concluímos ao final que com uma máquina publica eficiente, a qualidade dos serviços oferecidos poderia melhorar e vários cidadãos seriam beneficiados, em especial as classes mais necessitadas. Como neste processo de gestão os cargos de liderança são fundamentais e passam pela etapa eletiva o caminho político era inevitável. E assim um partido político que tivesse como objetivo principal a melhoria da gestão seria o mais adequado. Percebemos também que este tipo de ação teria uma maior chance de sucesso se houvesse uma mobilização popular, com uma efetiva participação dos cidadãos comuns e um novo partido político seria a ferramenta que agregaria essas pessoas.
Quais as motivações dos senhores que tomaram a iniciativa de fundar o Novo Partido?
A motivação principal é construir um país melhor para os nossos filhos, onde os direitos básicos que a Constituição assegura – saúde, educação e segurança – sejam efetivamente garantidos. É criar uma nova geração de políticos, competentes e comprometidos, e cujo único objetivo seja trabalhar pelo bem-estar comum. É abrir oportunidades para que o cidadão comum participe da política de uma forma efetiva, renovando os quadros do Executivo e Legislativo.
Essa nova legenda reúne principalmente empresários? Preocupa uma possível tendência de que o partido seja rotulado como de “direita”?
O Novo reúne cidadãos de todas as atividades. Temos entre as principais profissões, engenheiros, administradores, estudantes, advogados e médicos. Os empresários representam menos de 7% do quadro de fundadores. Acreditamos que os termos frequentemente usados sofreram esvaziamento semântico pelo uso inapropriado e indiscriminado: esquerda, direita, socialismo, capitalismo, liberalismo e democracia não mais definem a ideologia de um partido. O Novo está se pautando em objetivos e valores maiores. De acordo com seu conjunto de princípios, programa e estatuto, proporá, em conjunto com seus fundadores, filiados, críticos e comentaristas, um rótulo que defina sua metodologia baseada em gestão e cidadania, feita por cidadãos que, embora estreantes na vida pública, possuam habilidades para tanto, buscando o bem comum, através de processos autênticos de legitimação e alternância de poder.
Por quais mudanças a administração pública deve passar na visão do Partido Novo?
Temos claros três conceitos: Os lideres do processo (prefeitos, governadores e membros do legislativo) devem ter a qualidade dos serviços prestados com o menor custo possível como prioridade; metas, transparência e sistema de avaliação devem estar presente em todas as administrações; e o partido tem a obrigação de suportar e cobrar do seu candidato os compromissos de campanha.
Quem participa desta iniciativa de criação do Partido Novo? Quantos pessoas já estão envolvidas?
O Novo foi fundado por 181 cidadãos de dez estados brasileiros, com idades variando de 16 a 88 anos. O Diretório Nacional provisório possui 4 membros e contamos ainda com uma equipe pequena e algumas empresas terceirizadas nos processos de divulgação do Novo e coleta de assinaturas.
Para ter o registro oficial no Tribunal Superior Eleitoral e disputar eleições, um novo partido precisa reunir assinaturas de 500 mil eleitores. Como o senhor pretende chegar a esse patamar?
O nosso grande desafio será a divulgação das idéias e conceitos do Novo. Temos recebido e-mails e cadastros do Brasil inteiro de pessoas entusiasmadas com o projeto. As mídias sociais serão ferramentas importantes e estamos procurando criar uma corrente de divulgação entre as pessoas para atingirmos a massa critica necessária. No nosso site (www.novo.org.br), há a possibilidade de impressão de ficha com porte pago e temos grupos de trabalho estudando formas de tornar essa coleta de assinaturas mais eficiente.
A intenção dos senhores que integram essa iniciativa é participar da disputa eleitoral já no próximo ano? Pretendem lançar candidatos a prefeito e vereador?
A intenção é participar já das eleições de 2012. Gostaríamos de ter candidatos a prefeito e vereador, mas ainda não sabemos em quais regiões faremos isso.
Vislumbram a possibilidade de concorrer nas eleições presidenciais de 2014? Há nomes no partido que podem enfrentar esse desafio?
É cedo para responder essa pergunta. Mas observe que os nomes não virão do partido. Virão da sociedade. Essa é a essência da nossa visão. O Brasil tem um número imenso de cidadãos competentes e sérios, bem sucedidos em inúmeras áreas – medicina, negócios, esportes, pesquisa e desenvolvimento – que estão distantes da política. Queremos que essas pessoas coloquem seu talento à serviço do país. É pra isso que estamos criando o Novo.
Como os senhores, que participam da criação de uma nova legenda partidária, observam o problema de descrédito da classe política? Percebem que existe esse descrédito e como superá-lo?
Acreditamos que o descrédito vem de um distanciamento enorme entre a vida real do cidadão e o universo em que habitam os políticos. O jogo eleitoral parece ter prioridade sobre graves questões nacionais, que se arrastam há anos sem solução. Esse sentimento é compartilhado por cidadãos de todas as classes sociais. Não reivindicamos o monopólio da verdade, mas trazemos para a sociedade uma proposta diferente. Vamos eleger cidadãos comuns, competentes e comprometidos e dar a eles condições de exercer seus mandatos com eficiência e para o bem comum. Nossa estratégia é iniciarmos nossa atuação no âmbito municipal onde poderemos de forma prática implementarmos as ideias que defendemos.
Ao passar a integrar um partido, os senhores não temem cair na mesma situação dos políticos em geral com relação à imagem perante a opinião pública?
Trabalhar pelo bem comum não foi e não será nunca uma tarefa fácil. Por sua própria natureza, a atividade política está sujeita ao contraditório e ao choque de visões diferentes. Mas acreditamos na nossa proposta, porque ela nasce de anseios legítimos dos cidadãos brasileiros.
Um dos problemas da política nacional é o financiamento das campanhas eleitorais e dos partidos. Como o Partido Novo vai financiar a participação de seus filiados nas eleições e suas atividades partidárias?
Utilizando as formas de financiamento previstas na lei.
Como acompanham os debates em andamento sobre a reforma política?
Somos céticos em relação a mudanças mais significativas decorrentes da reforma. Há muito pouca participação popular e acabamos de sair de uma eleição na qual pontos importantes do sistema eleitoral sequer forma mencionados.
A formação do Partido Novo tem despertado interesse em quais estados?
Já temos participantes de todos os estados. Temos recebido mensagens de cidades espalhadas por todo o país.
Alguém do Rio Grande do Norte demonstrou interesse em se filiar ou participar dessa nova legenda?
Sim, já tivemos manifestações de interesse vindas de Natal e Mossoró. Mas só podemos filiar partidários depois do registro no TSE. Por enquanto nosso trabalho é divulgar nossa mensagem, criar as estruturas que serão necessárias ao funcionamento do partido e, principalmente, coletar as 500 mil assinaturas.