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Prisão de mafiosos abalou mercado

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IMPACTO - Turistas passeiam de bugue em direção ao Litoral Norte, área que vai receber grandes investimentos de grupos espanhóis e que será beneficiad

Há 10 dias, a prisão de onze pessoas acusadas de estarem envolvidas com os negócios da máfia norueguesa/paquistanesa, conhecida como B-Gang, balançou o mercado imobiliário e movimentou o noticiário local e nacional, incluindo suspeitas sobre Edson Arantes do Nascimento, Pelé, devido a negociações que ele teria com a máfia em relação ao King’s Flat, empreendimento que o ex-jogador de futebol está construindo em Ponta Negra (Zona Sul de Natal). A Polícia Federal estima que tenham sido “lavados” cerca de US$ 50 milhões em imóveis voltados para o turismo e outros bens.

Cônsul da Noruega para o Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba e Pernambuco, Gutemberg Tinôco diz que ainda é cedo para avaliar o impacto do caso – amplamente divulgado naquele país – sobre os investidores e turistas noruegueses. De acordo com o advogado Francisco da Costa Barros, pelo menos 2% dos 4,5 milhões de noruegueses têm ou tiveram algum tipo de contato com a capital potiguar. “Natal é a cidade do Brasil que recebe a maior quantidade de visitantes da Noruega”, confirma o cônsul, “entre oito mil e 12 mil noruegueses vêm aqui entre novembro e março”. Para Tinôco, não se pode fazer uma generalização e associar a imagem de criminoso ao investidor, especialmente ao norueguês.

Investidores de outras nacionalidades também estão sob investigação do governo. A Receita Federal está analisando a atuação de grupos de Portugal, Espanha e Itália, mas principalmente desses dois primeiros países. “Estamos trabalhando em conjunto, mas nesse caso vamos primeiro analisar a questão tributária. Havendo crime, que configure a necessidade de uma ação penal, isso será encaminhado ao Ministério Público, à Polícia e à Justiça federais”, informou o delegado da Receita no RN, Francisco Marconi.

De acordo com informações do Ministério do Trabalho e do Banco Central, quando um investidor estrangeiro quer aplicar seu dinheiro no estado, ele precisa ter visto permanente e abrir uma empresa; seu investimento deverá ser de, no mínimo US$ 50 mil (R$ 100 mil) e voltado para uma atividade produtiva (que gere empregos). Mas o dinheiro também pode vir em forma de capital estrangeiro para empresas brasileiras já constituídas. Todo o fluxo financeiro deve ser registrado pelo BC, que não tinha dados específicos dessa movimentação para o RN.

Entrevista – Francisco de Assis Costa Barros

Atrair capital estrangeiro é bom para todos

Atuando no mercado potiguar desde 1998, o escritório Costa Barros e Associados tem 80% de seus clientes funcionando com capital “importado”. À frente dele, está o advogado Francisco de Assis Costa Barros, que aposta no investimento estrangeiro, legal e duradouro, como mola de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte. Para Costa Barros, o esforço para agradar o turista deve ser conjunto: empresas, população e  governos estadual e municipal devem investir na atração do capital estrangeiro, que proporciona novas oportunidades de trabalho, aumenta a renda interna e permite que o estado cresça. 

Como o senhor avalia a repercussão desse episódio com a máfia norueguesa/paquistanesa para o mercado turístico e imobiliário do estado?
Muito negativa. Muitos dos nossos clientes da Noruega ligaram preocupados. Investidores noruegueses sérios que têm negócios em Natal estão tentando reduzir esse abalo. Eles estão preocupados com a repercussão disso nas vendas deles lá. Outros clientes, de outras nacionalidades, também ficaram apreensivos e nos ligaram, especialmente da Espanha e da Suécia. O interesse dos investidores sérios é o mesmo da população de Natal. Eles não têm interesse nenhum que Natal seja reconhecida por lavagem de dinheiro, tráfico de drogas ou por exploração sexual. Eles não querem isso, porque isso vai atrapalhar o negócio deles. Nós temos que aprender a nos beneficiar com o investimento estrangeiro.

O senhor diz que nós devemos aproveitar o “bom”   investimento estrangeiro. O que exatamente cada um – governo, empresas e população – pode fazer?
O governo precisa dar infra-estrutura, segurança (policial) e segurança jurídica (clareza e estabilidade de regras), continuar sendo criterioso com as licenças, mas conseguir mais rapidez na aprovação dos projetos. Para a população em geral: as cidades turísticas que se desenvolveram muito bem no mundo, se desenvolveram tratando bem o turista. Natal é mundialmente reconhecida pela sua receptividade. A partir do momento que na imprensa aparece alguma coisa muito agressiva, o turista pode começar a achar que não é bem-vindo. Devemos manter essa cordialidade com o turista e tomar cuidado com envolvimento com pessoas que não têm boa índole, que podem aparecer em qualquer lugar.

E no mercado, como as empresas devem agir para melhorar a relação com investidores estrangeiros?
O mercado pode contribuir de várias formas. Evitando a tentação de supervalorização dos imóveis, por exemplo. Essa postura tem conseqüências: você está superfaturando o preço e afasta o investidor. Tem investidor que diz “por esse preço, compro na costa da Espanha”. Eles não são burros, eles vêem números. É possível ser melhor também na capacitação dos profissionais e na qualidade do produto a ser oferecido. O nível dos nossos clientes está cada vez mais alto. O investidor quer comprar um negócio, não só um terreno. Temos que pensar em agregar valor a esse negócio, fazendo topografia, fazendo consulta prévia na prefeitura, um estudo básico de viabilidade econômica, para demonstrar o retorno do investimento.

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