Rio – A perda de ritmo da atividade industrial no segundo semestre não impediu o crescimento da produção em 12 das 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005. Mesmo com desaceleração ante o ano anterior, esses locais se beneficiaram do aumento da massa salarial, da maior oferta de crédito e das exportações e fecharam o ano com sinal positivo. Em São Paulo, houve expansão de 3,8%, taxa três vezes inferior aos 11,8% apurados em 2004. A média nacional foi de 3,1%.
A economista Isabella Nunes, da Coordenação de Indústria do IBGE, explicou que a indústria paulista, que responde por cerca de 45% da produção nacional, apresentou menor crescimento no ano passado pelos mesmos motivos que enfraqueceram o nível de atividade do setor na média do País, como base de comparação elevada e juros altos. “Estatisticamente, a região já trazia uma herança negativa, com o ótimo desempenho de 2004”, disse.
Os segmentos que mais puxaram a produção do Estado estão diretamente vinculados ao desempenho da massa salarial e não são os que mais costumam se destacar na estrutura industrial da região. A indústria farmacêutica foi a maior influência positiva, com aumento de 26%, seguida do segmento de edição e impressão (18%). Outras pressões de alta, mais vinculadas ao crédito e exportações, vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,1%) e máquinas e equipamentos (6,2%). Em dezembro, a indústria paulista também cresceu 3,8% ante igual mês de 2004 – para essa pesquisa não há dados comparativos a mês anterior -, mais uma vez alavancada por farmacêuticos e edição e impressão.
Na contramão do crescimento na maior parte das regiões, os sinais negativos da produção da indústria no ano passado ficaram com Rio Grande do Sul (-3,5%) e Ceará (-1,6%), ambos prejudicados pela valorização do real, que provocou queda nas exportações e aumento da concorrência interna para o setor de calçados. A indústria gaúcha sofreu também as conseqüências da quebra de safra na região.
No caso das 12 regiões que apresentaram expansão no período, Isabella avalia que os resultados seguem o padrão dos dados nacionais. Ela explica que as regiões que cresceram acima da média nacional (3,1%) têm destaque na produção em segmentos como automóveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, além de dinamismo nas exportações. São elas, além de São Paulo, o Amazonas (12,1%) – a taxa mais elevada por causa do aumento na produção de celulares e televisores -, Minas Gerais (6,3%), Bahia (4,1%), Pará (3,8%) e Goiás (3,2%).
Apenas duas das 14 localidades pesquisadas apresentaram em 2005 um desempenho negativo. O Rio Grande do Sul foi a região com a pior performance, já que a produção industrial recuou 3,5%. A segunda região com variação anual negativa foi o Ceará, onde a retração alcançou 1,6%. Uma região que, embora não tenha apresentado desempenho pior do que o de 2004, manteve-se praticamente estagnada foi o estado de Santa Catarina, onde a atividade industrial avançou simbolicamente 0,1%, ou seja, permaneceu praticamente estagnada entre 2004 e 2005.
Nas localidades restantes, o crescimento no setor pode ser dividido em dois grupos. O primeiro apresentou crescimentos entre aproximadamente 1% e 4% (Paraná: +0,8%, Espírito Santo: 1,4%, Rio de Janeiro: 2%, Nordeste: 2,4%, Pernambuco: 3%, Goiás: 3,2%, São Paulo e Pará: ambos com 3,8%, e Bahia: 4,1%).