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Professor diz que Natal pode viver “apagão urbano”

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CAOS - Aumento da frota e criação de uma nova corrente de tráfego exigem um estudo da malha viária

O ano de 2007 deve registrar o recorde no número de veículos novos transitando nas ruas do Rio Grande do Norte. Somente no primeiro semestre, foram comercializados 25 mil automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus, quantidade 33% superior à registrada no mesmo período de 2006. Com isso, a frota potiguar já alcança 545 mil unidades, dos quais nada menos de 42% estão registrados somente na capital. O aumento no número de emplacamentos, no mesmo período, é equivalente (34%).

Para Natal, a notícia tem seu lado positivo e negativo. “Isso não é ruim, pois o aumento da frota reflete uma melhoria do poder econômico da população, aliado à maior facilidade de crédito para a compra desses veículos. Porém, esse aumento exige agilidade na elaboração de um Plano Diretor de Trânsito, sob o risco de, em não se tendo um amplo plano de circulação, a cidade chegar a um ‘apagão urbano’”, considera o professor da UFRN Enilson Santos, especialista em Engenharia de Transporte.

Ele entende que Natal demanda um estudo que leve em consideração não apenas o rápido acréscimo da frota – grande parte atribuída ao incremento no número de motocicletas -, mas principalmente a criação de uma nova corrente de tráfego, a partir da inauguração da ponte Forte-Redinha. “O trânsito da cidade nunca sofreu essa ‘pressão’ vinda do Norte, somente do Sul. Mas agora passará a ter esse novo corredor a partir da ponte”, indica.

Sua preocupação não diz respeito apenas ao trânsito do “centro expandido” da cidade, que inclui regiões como a Cidade Alta, Petrópolis, Ribeira e Tirol, mas sobretudo os acessos a esse centro, que tendem a uma quantidade cada vez maior de congestionamentos. Uma das razões para isso é que a aquisição de novos veículos, acredita Enilson Santos, vem beneficiando sobretudo pessoas de nível de renda mais baixos, que não possuíam automóveis e que moram nos bairros periféricos.

Esse processo causa ainda outra mudança significativa. “Uma família motorizada é uma família a menos no transporte público e a disputa de espaço entre transporte público (principalmente ônibus) e o privado (carros particulares) tende a ficar ainda mais intensa”, avalia. Isso pode levar a uma maior desvalorização dos meios de transporte coletivos e até à piora nas suas condições de funcionamento. 

“É preciso, portanto, que a Prefeitura elabore esse amplo estudo e não fique apenas resolvendo os problemas pontuais”, alerta o especialista. Dentre os pontos onde o tráfego tende à saturação, estão vias como a Bernardo Vieira, Salgado Filho-Hermes da Fonseca, Prudente de Morais e a Engenheiro Roberto Freire.

Segmento de motos hoje é o mais procurado no RN

O preço menor, a economia no combustível e na manutenção, a maior facilidade de locomoção em meio ao trânsito e sua capacidade de utilização nos mais diversos serviços têm feito do segmento de motos o grande impulsionador do aumento da frota. Nos primeiros seis meses do ano, a quantidade de motocicletas comercializadas supera em 16% o de carros, nas lojas do Rio Grande do Norte, e é 36% maior que no mesmo período de 2006.

Apesar disso, a frota geral ainda conta com mais automóveis (271 mil) do que motos (161 mil). Em nível nacional, os veículos sobre duas rodas emplacados até  julho, 910 mil, estão abaixo do número de carros, 1,04 milhão. O acréscimo de veículos em território potiguar, contudo, reflete um fenômeno nacional. De acordo com a Fenabrave, os emplacamentos  em todo o Brasil, até julho, já superam em 27% o acumulado do mesmo período de 2006.

Foram 2,2 milhões de veículos registrados nos departamentos de trânsito, nos sete primeiros meses de 2007, e a expectativa é que esse número  chegue aos  4 milhões até dezembro.

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