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Professores descumprem decisão

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Os professores da rede municipal  pararam o trânsito em frente à sede da prefeitura de Natal – Centro da cidade – na tarde de ontem. A movimentação foi um protesto contra a determinação judicial que classificou como abusiva a paralisação da categoria. E apesar da decisão, os professores vão manter a greve.

Professores votam pela continuidade da paralisaçãoDos aproximadamente 1.500 professores que compareceram à Escola Estadual Winston Churchill, apenas cinco se abstiveram de opinar sobre a continuidade da greve, o restante votou a favor  do movimento. “Vamos continuar com a greve e se for preciso, pagaremos a multa estabelecida pela justiça. Mas vamos entrar com agravo de instrumento para recorrer da decisão, pois o juiz julgou apenas a liminar e não o mérito da questão”, disse a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (Sinte-RN), Fátima Cardoso.

Após a reunião, os grevistas saíram em passeata para o palácio Felipe Camarão, sede da Prefeitura de Natal, para tentar uma audiência com a prefeita Micarla de Souza. A diretoria do Sinte ocupou  as escadas do palácio Felipe Camarão, que serviu de palco para os protestos dos professores do município, em greve desde o último dia 18 de fevereiro.

Seis policiais da Guarda Municipal fecharam a entrada da prefeitura para impedir a passagem dos professores. “Nós não queremos entrar à força. Nós queremos ser recebidos pela prefeita para conversar e chegar a um acordo. Esses policiais deveriam estar nas portas das escolas para evitar que bandidos amedrontem professores e alunos”, disse um dos diretores do Sinte, José Teixeira.

Os professores permaneceram na sede da prefeitura por mais de uma hora, mas não foram recebidos pela chefe do executivo. “Ela está aí e não vem falar com a gente. Mas vai até a imprensa para dizer que essa é uma greve política, quando o que queremos são melhores salários e condições de trabalho”, disse Fátima Cardoso.

O Procurador Geral do Município, Bruno Macedo, informou que, ainda hoje, vai comunicar oficialmente o descumprimento da decisão judicial e orientar a Secretaria Municipal de Educação a cortar o ponto dos professores que permanecerem em greve. “Essa permanência afronta uma decisão judicial, por isso vamos orientar o corte do ponto dos professores a partir de amanhã (hoje). Não fizemos antes porque a categoria não havia descumprido a decisão judicial”, disse Bruno Macedo.

O Procurador informou ainda que  vai solicitar a multa diária de R$5 mil e encaminhar o processo ao Ministério Público para apurar crime de desobediência.

O secretário municipal de Educação Elias Nunes disse que  os professores têm autonomia e autoridade para tomar as decisões, independente das orientações do sindicato.  Quanto à forma de compensar as aulas perdidas no período, Nunes antecipou que a equipe pedagógica começa a discutir hoje as possibilidades de reposição.

Juiz afirma que greve entra na ilegalidade

O juiz convocado Henrique Baltazar afirma que a greve dos professores da rede municipal de ensino de Natal deixa de ser somente abusiva e, a partir de hoje, torna-se ilegal. Estando os servidores sujeitos ao corte do ponto, se for da vontade do gestor municipal. A partir de agora poderão ser tomadas medidas administrativas”.

O protesto dos professores causou transtornos nas ruas Ulisses Caldas e Junqueira Aires, na tarde de ontem. O trânsito ficou paralisado por quase duas horas. Os motoristas desceram dos carros para esperar o fim do protesto e quem dependia do transporte público ficou revoltado com a situação.

“Não sou contra a greve, acho que tem que haver protesto para melhorar a situação, mas a população não pode ser prejudicada. Tinha consulta médica e vou perder porque os ônibus não podem passar”, reclamou a dona de casa Maria José Barbosa da Silva.

Paralisação divide opinião de pais e dos professores

Independente da decisão tomada na assembleia geral dos professores do município, a greve não atingiu a adesão total da categoria ao longo desses 22 dias. Prova disso é a falta de homogeneidade,  provocada pela postura de aprovação ou descrença dos professores ao movimento encampado pelo Sinte/RN. Na Escola Municipal  Henrique Castriciano, nas Rocas, dos 16 docentes, oito permanecem em sala de aula. Entre este grupo que optou em não atrasar ainda mais o início do ano letivo, o posicionamento é contra as consequências da greve.

“Greve não resolve, se  resolvesse teríamos um resultado e não é o que vemos em quase um mês parado. O problema é a reposição. Não tenho tempo livre para essas aulas, por isso decidi continuar em sala de aula”, disse a professora do ensino infantil Elvira Virgínia de Miranda, que faz curso de pós-graduação em educação nos finais de semana.

Bastante atarefada, a professora Maria de Fátima do Nascimento lembra que existem outros fatores internos e externos que por si interferem no aprendizado. “São crianças com família desestruturada, temperamento agressivo, mal alimentadas, escolas com poucos recursos tudo isso já dificulta o processo. Retardar ainda mais estas aulas e depois reduzir a forma como serão compensadas, é não levar em consideração o aprendizado deles”, diz Fátima. Apesar de não suspender as aulas para os 30 alunos da antiga alfabetização ela considera a greve “uma pressão  válida para que a Prefeitura defina melhorias”, acrescenta.

Para a equipe de gestão (diretores e secretários) o trabalho também é dobrado. “A gente permanece  trabalhando, mesmo quando o professor pára e na reposição também, mas o prejuízo maior é sem dúvida para o estudante”, disse a diretora Suetânia Morais.

Do lado de fora a dona de casa Josilene Feitosa de Pontes se mostrava preocupada com o atraso na retomada das atividades. “Enquanto não se resolve, a gente fica sem ter com quem deixar. Acho que devem lutar pelos direitos, mas de forma organizada”.

Em Mãe Luiza, na Escola Municipal Antônio Campos, os professores mantiveram o calendário, ignorando a decisão da categoria. Todos os  educadores estão em sala. No entanto, as aulas estão reduzidas ao primeiro tempo, nos dois turnos – até a hora do recreio, devido à falta de merenda escolar. A suspensão parcial foi acordada entre pais, professores e conselho da escolha.

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