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Projeto constrói casas para crianças carentes com câncer

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LAR - Lourdes Caldas ganhou um teto para abrigar o filho com câncer

Há onze anos, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva realiza um trabalho de apoio às famílias através de diversos projetos e ações. Para tanto, a ONG vem recebendo ajuda de vários parceiros, o que possibilita o trabalho. O Projeto Vida é um desses casos, que já vem sendo desenvolvido há oito anos e durante 2004 e 2005 teve parceria fixa com uma empresa que doava R$ 60 mil por ano, mas que em março cancelou o apoio.

Deste modo, o Projeto está sem patrocínio, mas continua dando continuidade às suas ações, chegando inclusive a construir casas populares às famílias mais necessitadas, por meio do apoio que recebem no telemarketing e doações.

O projeto é baseado na visitação semanal de diversas casas das crianças que estão em tratamento pela Casa Durval Paiva em 122 cidades do RN e em cinco cidades da Paraíba e uma do Ceará. Uma equipe com dois voluntários, motorista e a responsável pelo Projeto, Neide Borba Filha, leva um ou dois dias para fazer as visitas, que podem chegar a até 25 famílias. “Nós começamos a fazer as visitas com todas as crianças que começam a se tratar aqui para fazer um levantamento geral da situação familiar e muitos problemas foram sendo encontrados”, diz Neide. Anualmente, todas as crianças recebem esta visita e a equipe já vai levando um kit de primeiras necessidades, que consta de redes, filtro d’água, cesta básica e utensílios.

“Por serem famílias carentes, é uma situação generalizada de fome, falta de higiene, de brinquedos, roupas, utensílios e outros, começamos a levar este kit depois de que, certa vez, chegamos a uma família com sete membros que dormiam em uma cama de casal e agora detectamos as necessidades e fazemos estas doações”, afirma Neide. Além disso, ela relata que diversas vezes, encontrou crianças sofrendo preconceito pela doença, violência, abuso sexual e sempre informam à órgãos responsáveis, Conselho Tutelar, realiza trabalhos junto às escolas e educadores para que o preconceito seja minimizado.

“Muitos adultos temem pela proximidade da doença, ligam à morte e não querem ficar perto, além de que muitos ainda acham que o câncer é contagioso. Por isso, temos um trabalho também voltado a construção cidadã da comunidade, família e criança”, cita Neide. Entretanto, um dos maiores trabalhos que vêm efetivando neste tempo é a reforma e construção de casas para as famílias que estão com uma moradia sem condições, por exemplo, com chão batido, casa de taipa, sem banheiro ou morando de aluguel. “É necessário que a criança em tratamento, em estado imuno depressivo, tenha uma convivência em um ambiente propício para responder melhor ao tratamento”, lembra a responsável pelo Projeto.

Cerca de 84% das crianças da Casa são do interior, deste modo, a maioria das construções e reformas são nas cidades fora da capital. Estas já chegam a 43 cidades, com 90 reformas e 23 casas totalmente construídas, sendo apenas uma em Natal e finalizada há cerca de três meses. Para tanto, a equipe conta com um projeto modelo básico para uma casa popular com dois quartos, sala, cozinha e um banheiro, feita por um engenheiro voluntário e erguida por um pedreiro que contratam. Os materiais foram indicados pelo engenheiro e tudo é orçado em até R$ 5.500,00  para a construção das casas e entre R$ 1.500 e 2.500,00 nas reformas.

Somente este ano, já foram feitas cinco reformas em diferentes cidades do RN e uma construção, no bairro do Planalto, em Natal. Muitas vezes, a equipe da Casa procura ajuda junto às prefeituras, que têm se mostrado solícitas para doações de material ou mesmo de terrenos. As últimas ações, entretanto, foram realizadas exclusivamente com recursos próprios. Neide Borba Filha finaliza apelando para que a população compreenda a necessidade de ajudar por meio do telefone 4006.1600 e que o apoio de empresas e parceiros que se comovam e possam ajudar é fundamental na continuação do projeto.

Família do Planalto recebe casa nova

Por meio do Projeto Vida, todas as famílias das crianças em tratamento de câncer na Casa Durval Paiva recebem alguma ajuda. Entretanto, 113 já foram as beneficiadas com reformas ou construções de casas para habitação. A última obra realizada foi entregue dia 12 deste mês, em Poço Branco, com o custo de R$1.566,79, por meio da construção do quarto de uma criança. Já a última casa, a única ainda este ano e a primeira em Natal foi entregue a cerca de três meses, no bairro do Planalto, à família do menino de 11 anos, M.G., que é tratado na Casa.

Há cerca de cinco anos, a família descobriu que ele tinha um câncer na língua e mais tarde chegou ao pulmão em metástase. Há cerca de dois anos, a criança sofreu uma parada cardio-respiratória e ficou com seqüelas, tendo que fazer constantes sessões de fisioterapia, alimentando-se por sonda, sem andar ou falar. A vida da família não era fácil. A mãe dele, Maria de Lourdes Morais Caldas. tinha dificuldades de pagar o aluguel por causa dos grandes gastos com remédios, alimentação e outras necessidades para o menino. Foi então que Lourdes conseguiu a ajuda do Projeto Vida para a construção de sua casa.

Atualmente, todo o tempo dela é dedicado aos filhos, especialmente à M., pois teve que aprender a colocar sonda, usar o aspirador nele, fazer nebulização, além de ter que levá-lo duas vezes na semana ao CRI para a fisioterapia, ou ao hospital e mesmo à Casa. A Casa ajuda com Transporte.

Lourdes conta que o filho, apesar de estar em estado neuropata, é atento a todo movimento, sorri com as crianças da vizinhança e assiste televisão. A responsável pelo Projeto, Neide Borba Filha, conta que existe um acompanhamento de perto do serviço feito e da criança e relata que a mãe vem conseguindo tudo pelo menino. Neide conta que inicialmente pensaram em reformar a casa que o menino já tinha mas foi impossível, pois é em cima de um morro, cheio de barrancos e não tem acesso de carro e ela teria que carregar ele nos braços constantemente. A Casa ajuda no que é preciso.

Formação cidadã é o objetivo

Além do Projeto Vida, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, desenvolve outras tantas atividades que vem destacando o trabalho em todo o Brasil. Para o diretor da Casa, Rilder Medeiros, como uma instituição que atende majoritariamente família carentes, a principal tarefa é complexa: de formação cidadã.

Na visão dele, não só a criança deve receber o tratamento no dia-a-dia, como toda a família, respeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para tanto, dentro da Casa, as crianças recebem acompanhamento educacional, psicológico e de entretenimento enquanto estão em tratamento, além do acompanhamento familiar que chama atenção a todos os membros da casa.

“Diversas vezes, já conseguimos apoio para empregar os pais dessas crianças, por exemplo”, afirma Rilder Campos. Além disso, as mães que acompanham as crianças ao tratamento também recebem cursos para formação, como artesanato, artes, e outros.

Alguns exemplos podem ser citados como crianças que seguiram esse caminho e se saíram bem. Uma delas ganhou há pouco tempo uma medalha do Ministério da Educação como melhor redação sobre o ECA e foi alfabetizada na Casa. Outra criança que é fortemente marcada pela construção na Casa, hoje trabalha com informática e teve o contato inicial com o computador dentro da Casa. 

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