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Projeto prevê 4km de via expressa

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Wagner Lopes
Repórter

Percorrer oito quilômetros, desde a Casa da Indústria, na Salgado Filho, até o início da Rota do Sol, sem ter de parar em nenhum semáforo. O sonho de muitos motoristas de Natal pode se tornar realidade se o governo do Estado conseguir executar o projeto de modificação da avenida Engenheiro Roberto Freire, que irá ampliar de seis para dez o número de pistas na via, cinco em cada sentido. A ideia é criar uma via expressa de quatro quilômetros, até a feirinha de Ponta Negra.

O projeto ainda está em fase final de elaboração e deve ficar pronto dentro de 60 dias, mas já levanta dúvidas sobretudo dos moradores de Ponta Negra, que ainda não conhecem os detalhes da intervenção pretendida pelo Estado. No entanto, o engenheiro da Secretaria Estadual de Infraestrutura (SIN), Antemildo Batista de Andrade, acredita que a obra, uma das previstas para a Copa de 2014, poderá se refletir em grande melhoria do trânsito na antiga Estrada de Ponta Negra.

“Com esse projeto, o motorista tem condição de ir do viaduto até a feirinha de artesanato de Ponta Negra em uma via expressa, sem qualquer sinal, cruzamento ou faixa de pedestres”, ressalta Antemildo Andrade. Diariamente, mais de 100 mil veículos transitam no trecho do viaduto, enquanto na outra ponta da Roberto Freire, na rótula de acesso à Via Costeira, são 68 mil por dia. A avenida é considerada fundamental para o acesso entre o futuro estádio Arena das Dunas e os hotéis de Ponta Negra, Via Costeira e das praias do litoral sul.

Após a elaboração do projeto, a cargo da empresa Thenge Engenharia, o governo terá de garantir os recursos necessários à execução. O engenheiro da SIN afirma que ainda não há confirmação do valor da obra, porém a quantia poderá vir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dentro das verbas destinadas à Copa do Mundo de 2014. “É uma obra complexa, mas é para estar pronta antes do Mundial.”

Ele reconhece que os trabalhos devem gerar mais transtornos ao trânsito já complicado da zona sul, mas destaca que a empresa responsável pela elaboração do projeto também está analisando o impacto no tráfego e lembra que “até para mexer em uma cozinha há transtornos, imagine uma obra desse porte, não tem como não haver”.

No último dia 13, a secretaria apresentou o esboço do projeto a representantes de órgãos como o Dnit, UFRN, IFRN, DER/RN, Detran, Semopi, Semurb, Semob, além de engenheiros, arquitetos e técnicos da própria SIN.

Pela proposta apresentada, em cada sentido da via o motorista passará a contar com duas pistas locais, através das quais poderá acessar as ruas transversais e os retornos. Outras três pistas farão parte uma via expressa, rebaixada em relação à altura da rua, e que também passará por túneis sob alguns pontos dos canteiros da Roberto Freire. Só serão mantidos semáforos na via local e rampas permitirão aos condutores passarem de uma via à outra. Estão previstas três passarelas, uma entre o Nordestão e o Hiperbompreço, outra em frente à UNP e mais uma no Praia Shopping.

População desconhece projeto

Moradora do bairro de Ponta Negra e integrante do Conselho da Cidade do Natal (Concidade), Maria das Neves Valentim, “Nevinha”, afirma que a principal preocupação em relação à obra pretendida pelo governo do Estado é “que a população simplesmente não conhece o projeto”. Ela defende que os detalhes sejam amplamente divulgados, para a comunidade avaliar os possíveis impactos e oferecer sugestões.

“Temos apreensão com relação ao possível fim dos canteiros, que são uma característica da Roberto Freire, e também um temor a respeito do que ocorrerá com o calçadão. Além do fato de não se falar em ciclovia e da incerteza quanto à feirinha de artesanato”, afirma. O engenheiro Antemildo Andrade, no entanto, aponta que, se for preciso intervir no calçadão, a estrutura será refeita posteriormente. A feirinha não será removida e não há previsão de ciclovia. “Isso seria possível com um projeto complementar, que poderia harmonizar perfeitamente com este”, entende.

O principal público-alvo da obra, os motoristas, também se dividem quanto ao projeto. “Acho que está mais do que na hora de realizar uma grande mudança que melhore o trânsito aqui, pois fica cada vez mais complicado. Os retornos são muito arriscados e há vários congestionamentos ao longo do dia. Precisa iniciar essa obra o mais rápido possível”, defende o taxista Wellington Pereira.

A opinião dele, porém, não é u-nânime entre os colegas de profissão. “Acho que tem outras vias de Natal em situação mais precária, como a Salgado Filho e a Romualdo Galvão, onde mal se pode passar. Na Roberto Freire ainda se anda bem”, rebate o também taxista Paulo César Félix. Um motobói, que preferiu não se identificar, resumiu outra desconfiança: “É obra federal? Se for pode até sair, mas se for do estado, com certeza não sai.”

Para os pedestres, a principal expectativa é com relação às passarelas. O aposentado Elson Furtado, que atravessa várias vezes no mês a pista em frente ao supermercado Nordestão, acredita que o investimento pode melhorar a situação. “Faz tempo que o pessoal está pedindo uma obra desas aqui, como uma passarela. Vai ser legal, mas só se for realmente feita e não ficar apenas no papel.”

Avenida é recordista em número de acidentes

Além do trânsito complicado, principalmente no início da manhã e final de tarde, a avenida Engenheiro Roberto Freire está ficando marcada pelo grande número de acidentes. Matéria publicada pela TRIBUNA DO NORTE em março deste ano revelou que em 2010 foram 574, segundo dados do Comando de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE).

Ao todo, 59 pessoas ficaram feridas e uma faleceu. A segunda via em número de ocorrências, a João Medeiros Filho, antiga “Estrada da Redinha”, na zona norte, registrou 463 acidentes no ano passado. Na Engenheiro Roberto Freire, muitas colisões ocorrem próximo aos cru-zamentos e retornos. Geralmente envolvem imprudência, ou embriaguez dos motoristas. Há ainda as batidas traseiras leves, comuns em meio ao “anda e para” dos congestionamentos.

Construída na década de 70, a avenida passou pela última grande modificação em 2007, com a dupli-cação do Viaduto de Ponta Negra, dentro das obras da BR-101. Contudo, a intervenção não contribuiu com o fim do gargalo existente logo no início da Roberto Freire, próximo ao cruzamento com a Ayrton Senna. No início da noite, os congestionamentos chegam a paralisar o tráfego desde o semáforo até as imediações do Natal Shopping.

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