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Projeto quer conservar lontras no RN

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Ícaro Carvalho
Repórter

Um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está buscando conservar e conscientizar a respeito da Lontra longicaudis, conhecida popularmente como lontra, mamífero carnívoro com poucos estudos e informações ainda imprecisas sobre seu comportamento e suas características. Denominado “Lontra Viva”, a ação acontece desde 2011 e é coordenada pelos natalenses Izabela Laurentino e Rafael Turíbio, estudantes do Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas do Centro de Biociências.

Um filhote de lontra foi resgatado vivo ainda pela CIPAM em Macaíba, mas o animal não resistiu e morreu


Um filhote de lontra foi resgatado vivo ainda pela CIPAM em Macaíba, mas o animal não resistiu e morreu

De acordo com os pesquisadores, a equipe já fez o mapeamento das áreas onde a lontra se faz mais presente no Rio Grande do Norte, que seria no litoral oriental do Estado, área que compreende desde Touros até Sagi. A ideia agora é entrar em questões mais intrínsecas do mamífero, detalhando suas áreas de distribuição na procura por alimentos e de outros animais para reprodução.

“É um animal com dados insuficientes em todo o mundo, não só no Brasil, em vários países já está em extinção. É um animal de difícil visualização, mamífero top de cadeia. É um animal que, as pessoas não conhecem muito e por ser arisco, acaba matando, se alimentando, é um animal arisco, que quando lhe vê, ele corre, ele não te ataca”, explica à TRIBUNA DO NORTE Izabela Laurentino, uma das pesquisadoras.

A escassez de informações sobre as lontras foi constatada no último relatório do International Union for Conservation of Nature (IUCN, União Internacional para Conservação da Natureza, em tradução literal), divulgado em junho de 2017. De acordo com os pesquisadores, o RN foi sequer citado no de 2014 justamente pela insuficiência de dados, fato que ainda prevalece nas pesquisas científicas. Em virtude disso, não é possível afirmar que a espécie está ameaçada em solo norte-riograndense. No Rio Grande do Sul e Espírito Santo, por exemplo, as lontras já estão em risco.

“O Nordeste foi qualificado como vulnerável, mas assim existem pouquíssimos registros, são poucos pontos onde foi encontrado o animal, morto ou vivo. Como é solitário, tem o hábito territorial muito grande”, explica Izabela.

É aí que entra em ação o trabalho dos exploradores potiguares, que buscam, futuramente, criar um banco de dados com um quantitativo de lontras no Estado, bem como informações importantes a respeito das características do animal. Atualmente, parcerias já foram costuradas com laboratórios da própria UFRN para maximizar a pesquisa. São os casos do de Bioacústic+a, com o objetivo de entender a comunicação e variedade vocal da espécie; o de Parasitologia, buscando entender, a partir de coleta de fezes, os parasitas existentes na espécie e uma parceria com o Museu de Ciências Morfológicas, para armazenar as carcaças e iniciar o trabalho genético da espécie.

Apelo
Pelo fato de ser um animal silvestre e mamífero, é cultural que na região do Nordeste os habitantes se alimentem desses animais em caças esportivas e em outras situações. É justamente a questão que leva os natalenses a chamar a atenção da sociedade a respeito das lontras e da evolução da própria pesquisa.

Isso porque a forma de observar e estudar esses animais é por meio da observação direta e indireta das latrinas,  câmeras noturnas, recolhimento das carcaças, coleta de fezes e registro fotográfico de outros vestígios como rastros, pegadas e muco anal. Diante disso, os exploradores pedem aos potiguares que, caso vejam alguma carcaça ou registro do animal vivo em algum local do Rio Grande do Norte, comuniquem aos próprios pesquisadores ou à Companhia Independente de Policiamento Ambiental do RN (Cipam).

“Quando se trata de ocorrência de lontras vivas, a gente faz o registro, pede a permissão do proprietário para ir, dá uma volta a margem do rio para encontrar as latrinas. Se a gente encontrar, já fazemos um registro e coletamos. Se não encontrarmos, levamos as câmeras trap que registram todo animal pela noite. É aí onde temos a confirmação exata de que ela está lá”, complementa Laurentino.

Ainda de acordo com os pesquisadores, não é possível cravar quantas lontras foram vistas nesses anos de pesquisa justamente pelo fato do animal não ter uma característica de identificação como a Ariranha (Pteronura brasiliensis). “A gente viu muita lontra pela câmera, porque elas não têm nenhuma marcação como as ariranhas têm, de modo que cada uma é diferente. Na câmera a gente já viu três indivíduos passando de uma vez só, mas no outro dia passaram dois, mas não sabemos se eram os mesmos”, completam Rafael e Izabela.

Os potiguares que observarem a presença de lontras mortas ou vivas podem entrar em contato com os pesquisadores pelos contatos telefônicos: (84) 99973-8169 ou (84) 99987-9251. O contato é essencial para que a coleta da carcaça seja feta de forma adequada, sendo encaminhada ao Museu de Morfologia da UFRN em seguida.

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