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Protesto popular na BR 101 termina em confronto com PM

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Roberto Lucena e Maria da Guia Dantas – Repórteres

Oito meses depois do último protesto popular, os manifestantes – em sua maioria estudantes – retornaram às ruas de Natal, no final de tarde de ontem, para protestar contra o aumento na tarifa do transporte público de passageiros. Desafiando uma decisão judicial que proibia a ocupação da BR-101, os integrantes da chamada “Revolta do Busão” ocuparam todas as faixas da via. O Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) usaram balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta para encerrar o movimento. Pelo menos cinco estudantes foram presos.
Assim como no ano passado, o protesto foi orquestrado pelas redes sociais. Desta vez, houve participação mais efetiva de entidades estudantis
Assim como ocorreu ano passado, a manifestação de ontem foi orquestrada pelas redes sociais. No entanto, dessa vez, houve uma participação mais efetiva de entidades estudantis. O motivo do protesto foi o anúncio do aumento da tarifa de ônibus que, a partir do próximo sábado, passará de R$ 2,20 para R$ 2,40. O reajuste corresponde a um aumento de 9,09%. De acordo com a informação divulgada pela Semob, o reajuste é menor do que o percentual de inflação acumulada durante 28 meses, que teria sido de 15,54%. O valor praticado é menor que o pedido pelos empresários, que era de R$ 2,75.
#SAIBAMAIS#
Através das redes sociais, os manifestantes anunciaram que o protesto seria pacífico. A concentração começou ao lado do shopping Via Direta onde policiais do BPChoque já estavam presentes. De lá, o grupo composto por aproximadamente duas mil pessoas seguiu rumo ao cruzamento das avenidas Hermes da Fonseca e Bernardo Vieira. Durante o trajeto, algumas pessoas jogavam bombas, invadiam faixas da via oposta e pichavam paredes de prédios públicos e privados.
#ALBUM-4384#
Ao chegar em frente a uma universidade privada, o grupo se dividiu e cenas de vandalismo foram registradas. Jovens encapuzados chutaram lixos, batiam nos carros e ônibus e ameaçavam motoristas. Ao chegar ao cruzamento, todas as vias já estavam bloqueadas pela Semob e nenhum veículo passava no local. A ação prévia da Semob acabou frustrando os estudantes que queriam promover um “roletaço” nos ônibus. Como não havia ônibus trafegando, eles decidiram retornar ao local de início da manifestação.
Estudantes tentaram fazer roletaço nos ônibus, mas foram impedidos pela polícia militar. Pelo menos cinco pessoas foram detidas
Na caminhada de retorno, o enfrentamento com a polícia foi inevitável. Nas proximidades de um shopping center, de acordo com o major Marinho, subcomandante do BPChoque, os policiais tentaram negociar a dispersão do movimento. Sem acordo, a polícia atirou balas de borracha e bombas de efeito moral contra a multidão. Mesmo assim, parte dos manifestantes continuou a caminhada. Foi no viaduto do 4°Centenário que o movimento foi disperso com uma nova saraivada de tiros de balas de borracha e spray de pimenta.

Na ação, pelo menos três pessoas foram presas pela Polícia Militar e mais duas foram detidas pela PRF. Algumas pessoas reclamaram do “excesso” de força da polícia. Policiais do BPChoque recolheram a máquina fotográfica do fotógrafo Rogério Marques. Quando devolveram o equipamento, as fotos feitas durante a manifestação já não estavam no cartão de memória. “Eu estava trabalhando e a polícia fez isso. É um absurdo”, contou. Já o estudante Paulo de Tarso, 18 anos, foi atingido por uma bala de borracha no rosto. “Acho que eles excederam.  O protesto estava pacífico”, disse.

Depoimentos

“A movimentação estava ocorrendo tudo na tranquilidade. Eu estava caminhando normalmente até que a polícia começou a atirar contra a gente. Uma bala atingiu meu rosto e outras pessoas que estavam perto de mim também foram atingidas. Acho que a ação foi desproporcional” – Paulo de Tarso, estudante

Eu estava apenas trabalhando, tirando fotos durante o protesto. De repente chegou um policial do BPChoque e pediu minha máquina. Consegui o equipamento de volta, mas apagaram todas as fotos. Isso é um absurdo” – Rogério Marques, fotógrafo

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