Estudantes e professores voltaram às ruas para protestar cinco dias após manifestações pró-Bolsonaro
#SAIBAMAIS#Estudantes e professores voltaram às ruas para protestar cinco dias após as manifestações em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro e em defesa das reformas, no domingo passado. Com público menor e mais segmentado em relação aos atos realizados no dia 15, os protestos desta quinta-feira, 30, contaram com o apoio de centrais sindicais, contrárias à reforma da Previdência.
Os atos não contaram com a participação formal das legendas de oposição, mas em diversas capitais houve a participação de líderes políticos e a defesa de bandeiras como “Lula Livre”. Foram contabilizados protestos em cerca de 100 cidades do País. “A gente avalia que a manifestação do dia 26 (pró-governo) foi significativa, mas não queremos comparar os dias 15, 26 e 30. São propostas diferentes. Não queremos briga de torcida”, disse a presidente da UNE, Marianna Dias, durante o ato no Largo da Batata, em São Paulo.
Em Belo Horizonte, manifestantes se concentraram na Praça Afonso Arinos, na região central. “Nosso recado aqui, hoje, é que não dá para suportar o corte que está sendo feito pelo governo federal. Vai atingir o dia a dia da universidade (Federal de Minas Gerais)”, afirmou a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina del Papa, para quem a UFMG deve perder R$ 65 milhões com o contingenciamento.
No Rio, os manifestantes se concentraram ao redor da Igreja da Candelária, a partir das 15h, e por volta das 18h30 seguiram em caminhada até a Cinelândia. Durante todo o trajeto foram entoados coros como “não é balbúrdia, é reação /é estudante defendendo a educação”. Também havia faixas e cartazes com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Os estudantes que foram aos atos pelo País criticaram os cortes na Educação e temem que a decisão do governo Bolsonaro afete o ensino nas universidades públicas, federais ou estaduais. Em Curitiba, os manifestantes se reuniram na Praça Santos Andrade e caminharam em direção à Boca Maldita, na região central da capital paranaense. Para a estudante de pós-graduação em Recursos Humanos Renata dos Santos Mattos, de 28 anos, a mobilização mostra a indignação das pessoas contra a política do governo. “É um erro querer cortar de onde não pode, deveria fiscalizar outros setores. Por que não reduzir os próprios salários dos políticos?”, afirmou.
O professor de Mestrado da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ary Azevedo considerou a manifestação como um ato de resiliência “É resistência que estamos fazendo contra os ataques do governo à Educação”, disse.
Em Porto Alegre, os atos começaram na Esquina Democrática, no centro. O manifestantes seguiram em caminhada rumo ao Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa. Para o assistente social Agnaldo Engel, de 34 anos, “a luta é por uma educação pública gratuita, laica e de qualidade. Estamos aí batalhando contra todos os cortes que o governo federal está fazendo”, disse Engel, graduado pela UFRGS.
O Ministério da Educação divulgou nota ontem afirmando que “nenhuma instituição de ensino pública tem prerrogativa legal para incentivar movimentos político-partidários e promover a participação de alunos em manifestações”. “Com isso, professores, servidores, funcionários, alunos, pais e responsáveis não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar.
Caso a população identifique a promoção de eventos desse cunho, basta fazer a denúncia pela ouvidoria do MEC”, diz ainda a nota, concluindo que “os servidores públicos têm a obrigatoriedade de cumprir a carga horária de trabalho” e não poderiam “deixar de desempenhar suas atividades nas instituições de ensino para participarem desses movimentos”.
O texto destaca também “que a saída de estudantes, menores de idade, no período letivo precisa de permissão prévia de pais e/ou responsáveis e que estes devem estar de acordo com a atividade a ser realizada fora do ambiente escolar”.