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Protestos marcam Dia do Trabalho em vários países

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Madri (AE) – Vários países da Europa registraram manifestações de trabalhadores ontem, elevando as pressões para que os governos desistam dos impopulares cortes orçamentários, enquanto a recessão toma conta da região.
Espanha: Multidões usaram o feriado, em várias cidades, para marchar contra reformas do governo
A celebração dos Dia do Trabalho foi usado como um grito de guerra contra os severos de cortes de gastos e aumentos de impostos prescritos para os problemas da dívida soberana da região.

Multidões se reuniram nas maiores cidades da Espanha, e usaram o feriado para marchar contra os pacotes de reformas do governo, que muitos temem irão gerar mais desemprego e aprofundar a recessão no país. Os manifestantes querem reverter os planos oficiais de cortes de gastos e reformas no mercado de trabalho, mas não há nenhum sinal claro de que as demonstrações conseguirão pressionar o governo, que tem maioria sólida no Parlamento, a mudar o seu caminho.

Em Madri, os manifestantes lotaram a Praça Cibeles, enquanto a polícia bloqueou o tráfego. Segurando cartazes com frases de “basta”, ou “suficiente”, e emblemáticas bandeiras vermelhas dos sindicatos mais importantes do país, os manifestantes se reuniram em torno do meio-dia, apesar de uma forte chuva semelhante à que frustrou protestos maiores no último fim de semana.

Em Barcelona, milhares de policiais antimotim estão de prontidão desde o último sábado com a finalidade de evitar protestos violentos, que coincidem com um encontro de banqueiros centrais da Europa na quinta-feira.

Na Grécia, que enfrenta seu quinto ano de recessão, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Atenas contra as medidas de austeridade, poucos dias antes das eleições nacionais que deverão se tornar um referendo sobre os cortes no país.

Os manifestantes, provenientes de grupos trabalhistas e organizações de esquerda, carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem denunciando os dois principais partidos políticos da Grécia, o socialista Pasok e o conservador Nova Democracia.

A polícia estima que cerca de 4 mil pessoas participaram da manifestação. Não houve relatos da violência que manchou protestos semelhantes no passado. Os serviços de transporte público em torno de Atenas foram interrompidos por uma paralisação parcial, enquanto uma greve dos trabalhadores marítimos restringiu os serviços das balsas para as ilhas do país.

Na França, onde os eleitores também irão às urnas no próximo domingo para um segundo turno das eleições presidenciais, vários comícios foram realizados.

Em Portugal, as duas principais confederações trabalhistas também realizaram protestos, e prometeram intensificar as manifestações desde que o governo anunciou medidas de austeridade para reduzir déficit orçamentário do país no ano passado.

Distrito financeiro foi alvo nos EUA

Nos Estados Unidos, onde não foi feriado nem Dia do Trabalho, manifestantes do movimento “Ocupe Wall Street” tomaram as ruas do distrito financeiro de Nova York.  Pequenos grupos de manifestantes realizaram demonstrações simultâneas do lado de fora de uma série de empresas localizadas em Manhattan, dentre elas o prédio da Time-Life e da editora McGraw Hill nas proximidades do Rockefeller Center. Outros tiveram como alvo agências do Bank of America e dos HSBC, enquanto demais grupos se manifestaram nas proximidades dos edifícios onde fica a Disney e o The New York Times. “Processe a fraude” e “Empregos agora” eram algumas das frases escritas em placas e faixas seguradas pelos manifestantes. Ativistas disseram que protestam contra a ganância corporativa e o sofrimento das pessoas comuns em meio a uma economia anêmica e aos problemas do mercado imobiliário. Primeiro de maio não é feriado nos Estados Unidos, onde o Dia do Trabalho é comemorado na primeira segunda-feira de setembro.

Bolívia nacionaliza distribuidora

Madri (AE) – Na Bolívia, em meio às comemorações pelo Dia do Trabalhador, o presidente da país, Evo Morales, ordenou a desapropriação das ações da empresa Rede Elétrica Espanhola (REE), companhia que controla a distribuidora de energia  “Transportadora de Electricidad SA (TDE)”, em território boliviano. Ele também ordenou que as Forças Armadas ocupassem as instalações da companhia.

“Hoje como nós homenageamos aos trabalhadores e aos (cidadãos) da Bolívia que lutaram para a recuperação dos recursos naturais e serviços básicos, nós estamos nacionalizando a provedora de transmissão de energia elétrica”, disse Morales no palácio do governo na capital boliviana de La Paz, segundo a EFE.

De acordo com o site da TDE, 99,94% de seu capital pertence à Red Eléctrica Internacional, enquanto a outra fatia (0,06%) é de propriedade dos trabalhadores da empresa.

Uma porta-voz do governo espanhol procurada pela Dow Jones disse que a Espanha estava analisando a situação de perto. A expropriação dos ativos da Red Eléctrica na Bolívia ocorre após a Argentina anunciar a expropriação da YPF, unidade da espanhola Repsol no país em 16 de abril. A participação da Repsol na YPF foi reduzida de 51% para 6,4%. As informações são da Dow Jones.

Em Cuba, Raúl Castro lidera marcha

Havana (AE) – O presidente de Cuba, Raúl Castro, liderou uma grande marcha em Havana em comemoração ao Dia do Trabalho, sob uma faixa que prometia “preservar e aperfeiçoar” a revolução, que já completou 50 anos. Cerca de 2 mil convidados também participaram da parada, que começou por volta das 7h30 e contou com a participação de dezenas de milhares de cubanos.

Usando uma guayabera branca – uma camisa de mangas curtas com pregas na frente e que é o traje nacional do país comunista – Raúl presidiu a maior das várias comemorações do 1º de maio planejadas em toda a ilha.

Em discurso, o ministro do Trabalho Salvador Valdes, pediu aos trabalhadores cubanos que “continuem a trabalhar de forma ordenada, com disciplina e diligência”, enquanto o país passa por uma grande revisão econômica.

Os cubanos enfrentam amplas reformas que têm como objetivo impedir o colapso do sistema de planificação central , mas que não chegam ao ponto de transformar o país numa verdadeira economia de mercado.

Nos últimos anos, o governo instituiu reformas com o objetivo de abrir seu setor privado, cortou um milhão de empregos públicos e reduziu os gastos governamentais.

As reformas também tiveram como alvo abrir caminho para que mais cubanos se tornassem empresários ao montassem seu próprios negócios, o que representa uma enorme mudança no país, onde historicamente o Estado costumava empregar 90% de sua força de trabalho, que é de 5 milhões de pessoas.

As mudanças tiveram início logo depois de Raúl Castro chegar ao poder, em 2008, sucedendo seu irmão, o ícone revolucionário Fidel Castro, que ficou doente e já não era capaz de liderar o país.

Dissidentes criticaram a grande comemoração, questionando a sinceridade dos participantes e se há uma razão verdadeira para celebrar.

O ex-prisioneiro político Oscar Espinosa Chepe disse, em artigo publicado na internet, que “a situação atual e futura dos trabalhadores não é mais promissora e não há qualquer razão para celebrar”.

Na Venezuela, jornada é reduzida

Caracas (AE) – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sancionou ontem ma lei que reduz de 44 para 40 horas a jornada semanal de trabalho no país. O projeto de lei, que introduz uma série de reformas trabalhistas e foi qualificado por Chávez como histórico, ainda precisa da aprovação do Poder Judiciário venezuelano.

Entre outras alterações, a reforma duplica a multa rescisória devida por empregadores que demitirem funcionários sem justa causa, eleva para seis meses a licença-maternidade obrigatória e estende o benefício a pais de filhos adotivos.

A reforma trabalhista deriva de “um longo processo de batalhas”, declarou Chávez na televisão venezuelana, depois de sancionar a medida.

“Estou muito contente. Fiz algumas mudanças modestas, mas sinto que temos uma lei nova e histórica”, declarou o líder venezuelano antes de partir rumo a Cuba para uma nova rodada de tratamento contra um câncer.

A oposição ao governo queixa-se que as reformas foram elaboradas “em segredo” e não foram levadas a debate no Congresso. Empresários reclamam que o setor privado não foi consultado. Sancionada por Chávez apenas alguns meses antes das eleições presidenciais, programada para outubro, a reforma trabalhista seguirá agora para o Supremo Tribunal venezuelano.

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