quarta-feira, 24 de abril, 2024
31.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

Quando os anjos falam

- Publicidade -
Paulo Coelho 
Escritor 
Ninguém é corajoso todo tempo. O desconhecido é um desafio constante, e o medo faz parte da jornada. 
O que fazer? Converse consigo mesmo.  Fale sozinho. Converse com você, mesmo que os outros achem que você ficou louco. À medida que falamos, uma força interior nos dá segurança para superar os obstáculos que precisam ser vencidos. Aprendemos as lições das derrotas que – inevitavelmente – vamos sofrer. E nos preparamos para as muitas vitórias que farão parte de nossa vida.
E aqui entre nós, aqueles que têm este hábito (entre os quais me incluo) sabem que jamais estão falando sozinhos; o anjo da guarda está ali, escutando e nos ajudando a refletir. A seguir, algumas histórias sobre anjos. 
 
A conversa no céu
Abd Mubarak ia até Meca, quando sonhou certa noite que estava no céu. Ali, pode escutar dois anjos conversando.
“Quantos peregrinos vieram este ano à cidade sagrada?” Perguntou um deles.
“Seiscentos mil”, respondeu o outro. 
“E, destes todos, quantos tiveram sua peregrinação aceita?”
“Nenhum. Entretanto, existe em Bagdad um sapateiro chamado Ali Mufiq, que não efetuou a caminhada; mas sua peregrinação foi aceita, e suas graças beneficiaram os 600 mil peregrinos”.
 Quando acordou, Abd Mubarak foi até a sapataria de Mufiq, e lhe contou o sonho.
“A custa de grandes sacrifícios, terminei juntando 350 moedas”, disse, chorando, o sapateiro. “Entretanto, quando estava pronto para seguir até Meca, descobri que meus vizinhos tinham fome. Distribuí o dinheiro entre eles, sacrificando minha peregrinação”.  
O mendigo e o monge
Um monge meditava no deserto, quando um mendigo se aproximou:
“Preciso comer”. 
O monge – que estava quase em sintonia perfeita com o mundo espiritual – não respondeu nada. 
“Preciso comer”, insistiu o mendigo.
“Vá até a cidade e peça aos outros. Não vê que me atrapalha? Estou tentando comunicar-me com os anjos”.
“Deus se colocou debaixo do homem, lavou seus pés, deu sua vida, e ninguém o reconheceu”, respondeu o mendigo. “Aquele que diz amar a Deus – que não vê – e esquece o seu irmão – que vê – está mentindo”.
E o mendigo transformou-se num anjo. 
“Que pena, você quase conseguiu”, comentou antes de partir.
Condenando o irmão
O abade Isaac de Tebas estava no pátio do mosteiro rezando, quando viu um dos monges cometer um pecado. Furioso, interrompeu sua oração, e condenou o pecador.
Naquela noite, foi impedido de voltar a sua cela por um anjo, que lhe disse: “você condenou seu irmão, mas não disse que castigo devemos aplicar: as penas do inferno? Uma doença terrível ainda nesta vida? Alguns tormentos em sua família?”
Isaac ajoelhou-se e pediu perdão: “atirei as palavras no ar, e um anjo escutou-as. Eu pequei por falta de responsabilidade com o que digo. Esquece minha ira, Senhor, e me faz ter mais cuidado ao julgar o meu próximo”.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.


















- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas