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Quando os ‘malditos’ voltam

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Ramon Ribeiro
Repórter

Banda expoente do rock
psicodélico nordestino, a Ave Sangria ressurge em vôo rasante com o seu
mais novo disco, “Vendavais”, disponível desde final de abril em todas
as plataformas digitais. O último trabalho de inéditas do cultuado grupo
foi há 45 anos, justamente o disco homônimo de estreia da banda, que um
mês após lançado foi censurado e recolhido das lojas pela Ditadura
Militar sob alegação de ferir a moral e os bons costumes. Em “Vendavais”
a banda aparece com a mesma identidade e pensamento de quando foi
criada – as 11 canções inéditas do álbum foram compostas entre 1969 e
1974. Está lá o espírito libertário tropical psicodélico nordestino dos
anos 70, mas revivido com frescor atual de novos integrantes.

Banda expoente do rock psicodélico nordestino, a Ave Sangria ressurge em vôo rasante com o seu mais novo disco, “Vendavais”. O disco traz a formação original do grupo, que teve disco censurado nos anos 70


Banda expoente do rock psicodélico nordestino, a Ave Sangria ressurge
em vôo rasante com o seu mais novo disco, “Vendavais”. O disco traz a
formação original do grupo, que teve disco censurado nos anos 70

Da
formação original estão três remanescentes: Marco Polo (voz,
composições), Almir de Oliveira (voz, guitarra base, composições) e
Paulo Rafael (guitarra solo e viola). Eles reativaram a banda em 2014
depois de redescobertos na internet por uma nova geração de fãs. Fizeram
alguns shows e logo foram instigados a voltar ao estúdio, o que
aconteceu ao longo de 2018, já com a presença dos músicos Gilu Amaral
(nas percussões), Júnior do Jarro (na bateria e vocais) e Juliano
Holanda (no baixo e vocais), que também assina a produção do disco ao
lado de Paulo Rafael.

“As músicas desse disco novo estão de
acordo com o que a gente vivia nos anos 70. Tem a mesma essência, aquela
liberdade de expressão. Continuamos com o mesmo pensamento, mas agora
temos bem mais experiência”, diz ao VIVER em entrevista por telefone
Almir de Oliveira. Ele lembra que embora a banda tenha parado em 1974,
os integrantes nunca deixaram de se encontrar e compor juntos. “Quando
paramos cada um foi cuidar da sua vida, eu fui terminar a faculdade de
Engenharia, mas nunca deixamos de se encontrar para tocar juntos. O
diferencial é que nesse disco estamos com a cozinha muito boa, novos
arranjos. A troca com essa galera nova foi fundamental pra chegar a esse
resultado final”.

O disco vai da balada rock de “Ser” ao sertão
lisérgico de “Olho da noite”, passando pelo erotismo de “Carícias” e a
crítica corrosiva em “O Poeta”, de versos como “A inocência corrompeu-se
por um prato de feijão com arroz”. Mas os picos dos álbum são
“Vendavais” e “Dia a dia”.

Pra quem foi censurado nos anos 70,
Almir de Oliveira lamenta se estar vivendo no Brasil uma nova onda
conservadora, de perseguição ao que é diferente. “Pra você vê que muito
do que a gente escreveu naquele tempo ainda vale pra hoje”, reflete.
“Existem umas 7 bilhões de pessoas no planeta. Todas elas são diferentes
umas das outras. Precisamos entender isso. Aceitar que não somos
iguais”.

Shows em Natal
Depois de lançado o disco, a
banda agora vai bater asas pelo Brasil. O grupo ainda não confirma data
em Natal, mas há o desejo de trazer o show para a cidade. Segundo Almir
de Oliveira, o Ave Sangria já esteve em Natal em duas ocasiões. “A banda
ainda se chamava Tamarineira Village. Fomos uma vez à convite de um
amigo para participar da despedida de Mirabô (Dantas). Ele estava indo
para o Rio. E a outra vez foi para participar do Festival do Sol, num
Estádio de Futebol (Estádio Juvenal Lamartine). Lembro que o Novos
Baianos também participou do festival.

Odair na Casa das Moças
“Hibernar
na Casa das Moças ouvindo rádio” é o 37º disco de inéditas do cantor e
compositor Odair José. O novo trabalho foi lançado no final de abril,
evocando baladas rocks, momentos despretensiosos e de bom humor.
Caminhando em paralelo há também um olhar atento para o momento atual do
país.

Hibernar na Casa das Moças ouvindo rádio é o 37º disco de inéditas do cantor e compositor Odair José. O novo trabalho foi lançado no final de abril, evocando baladas rocks, momentos despretensiose de bom humor

“Hibernar
na Casa das Moças ouvindo rádio” é o 37º disco de inéditas do cantor e
compositor Odair José. O novo trabalho foi lançado no final de abril,
evocando baladas rocks, momentos despretensiose de bom humor

Odair
volta seu olhar poético para o cotidiano, para os costumes,
preconceitos, a onda conservadora, a política e sobra até mesmo para os
babacas de pensamento armamentista que seguem a onda Bolsonaro.
“Incrível liquidação de armas de fogo. Você pediu, agora chupa!”,
anuncia a vinheta de “Chumbo Grosso”. Dentre as parcerias, estão
Assucena Assucena, Raquel Virginia, Jorge Du Peixe, Toca Ogan e Luiz
Thunderbird.

Em “Hibernar na Casa das Moças” é como se tudo
rodasse em torno da Casa das Moças. É de lá que o cantor sai e retorna
no fim do dia. E é de lá que ele esperará o fim do mundo, ouvindo rádio.

Mautner é o Brasil atual

O
cantor e compositor Jorge Mautner lançou na primeira metade de abril o
disco “Não Há Abismo Em Que o Brasil Caiba”. O trabalho surge 13 anos
após seu último álbum de inéditas, “Revirão”. As letras e melodias do
novo trabalho conduzem o ouvinte por caminhos que oscilam entre a
desolação e a esperança, sempre com vista pra frente mas sem tirar os
olhos do retrovisor. E isso em se tratando do Brasil – o compositor
presta homenagem a vereadora assassinada Marielle Franco em faixa
homônima.

O cantor e compositor Jorge Mautner lançou na primeira metade de abril o disco Não Há Abismo Em Que o Brasil Caiba. O trabalho surge 13 anos após seu último álbum de inéditas, Revirão


O cantor e compositor Jorge Mautner lançou na primeira metade de abril
o disco “Não Há Abismo Em Que o Brasil Caiba”. O trabalho surge 13 anos
após seu último álbum de inéditas, “Revirão”

Sem
dúvida Mautner é daqueles artistas sem par na música brasileira. E no
trabalho novo ele reafirma isso. A produção é em parceria com a banda
Tono, que acompanha Mautner nos palcos desde 2013.

O samba torto de Macalé

Jards
Macalé está com disco novo na praça desde fevereiro. “Besta Fera”, o
nome do álbum, surge 20 anos depois do último trabalho de inéditas do
artista, “O Q Faço é Música”. O novo disco mostra um Macalé em essência.
Estão lá arranjos que alternam entre cavaquinho e guitarra, metais de
jazz, percussão de mambo, momentos de voz e violão. O jeito de cantar
eclético, rouco, às vezes sussurro, às vezes declamação, também está
presente dando vida aos versos de de delírios, melancolia, doce lirismo e
crítica mordaz das letras.

Jards Macalé está com disco novo na praça desde fevereiro. Besta Fera, o nome do álbum, surge 20 anos depois do último trabalho de inéditas do artista, O Q Faço é Música

Jards
Macalé está com disco novo na praça desde fevereiro. “Besta Fera”, o
nome do álbum, surge 20 anos depois do último trabalho de inéditas do
artista, “O Q Faço é Música”

No álbum Macalé está muito
bem acompanhado de uma nova geração de músicos e compositores de São
Paulo, alguns inclusive que participaram dos sucessos recentes de Elza
Soares, como Rômulo Fróes, Rodrigo Campos e Kiko Dinucci. Com Dinucci,
por sinal, está um dos pontos altos do disco, a faixa de abertura
“Vampiro de Copacabana”, um samba torto de ar soturno. Das participações
especiais, a parceria com o cantor e compositor Tim Bernades (O Terno)
rendeu um dos momentos mais bonitos de todo o trabalho, “Buraco da
Consolação”, um samba-canção de pé na bunda bem das antigas, cantado com
voz potente e com arranjo estilo Orquestra Tabajara. Ainda entre as
melhores faixas está “Meu amor meu cansaço” – um “mambolero”, como disse
Macalé em entrevista – e “Longo caminho do sol” – sambão raiz, com
letra forte, participação de Rômulo Fróes e com coro das senhoras da
Vila Matilde.

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