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Quanto falta para reabrir o TAM

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Ramon Ribeiro
Repórter

O Teatro Alberto Maranhão já passou por tudo, enchentes por exemplo, mas nos últimos 30 anos nunca ficou fechado por muito tempo, além da manutenção durante a temporada de férias de janeiro a março. Em julho de 2015, porém, a mais antiga casa de espetáculos do Estado foi interditada pelo Tribunal de Justiça e desde então as portas estão fechadas para público e para os espetáculos que movimentavam o bairro quase diariamente, enquanto aguarda-se a reforma que a colocará dentro de padrões exigidos no laudo,  preservando a arquitetura neo-clássica do prédio.

Prédio em estilo neoclássico foi inaugurado em 1904 e compõe o conjunto arquitetônico tombado pelo Patrimônio

Prédio em estilo neoclássico foi inaugurado em 1904 e compõe o conjunto arquitetônico tombado pelo Patrimônio

Nas últimas semanas, técnicos da Fundação José Augusto (FJA), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-RN) e da ATP (empresa responsável pelo projeto complementar da Caixa Cênica do Teatro) realizaram uma série de visitas ao local. E a quatro meses para o aniversário de 114 anos da casa, foi anunciada a previsão de conclusão do projeto de licitação para as obras: até o final deste mês de dezembro, de acordo com a FJA.

Em visita ao teatro, a reportagem do VIVER pode observar que a parte interna do prédio não parece crítica. A estrutura atual é semelhante a de quando o teatro estava funcionando, antes da interdição. Fato confirmado pela direção da Fundação José Augusto, em entrevista ao jornal. Ela ressalta que a estrutura do TAM se encontra em “excelentes condições”. “Não há problemas, excetuando os detectados no processo de interdição – acessibilidade e prevenção de inundações e incêndio”.

Fechado e sem a manutenção habitual, a pintura está desgastada pelo tempo, algumas paredes com infiltração, telhas quebradas e manchas de poeira nas poltronas.  Os camarins continuam sem mudanças. Os banheiros estão funcionando, e só há energia na área administrativa – único espaço liberado para uso. 

Novos itens
“Atualmente o projeto está com essa empresa (ATP), já concluído e sob a análise do Iphan”, diz em nota a direção da FJA sobre o projeto do TAM, inicialmente elaborado para o PAC Cidades Históricas.

“Quando a professora Isaura Rosado assumiu a direção da FJA observou que a caixa cênica não tinha sido incluída (no projeto). A atual administração do órgão tem lutado pela inclusão do equipamento e dá garantias que ela integrará o projeto, que neste mês de dezembro de 2017 será apresentado à classe artística de Natal. A FJA aguarda apenas que a ATP marque a data”, complementa a nota.

Obra grande x adequações
De acordo com o laudo dos Bombeiros à época da interdição, três pontos básicos embasavam a decisão da Justiça: Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) vencido; as proteções contra incêndio não são adequadas; e as falhas de segurança da subestação elétrica. Para algumas pessoas envolvidas há muitos anos com o TAM, enquanto a questão burocrática não era resolvida, uma pequena reforma para atender as determinações do Corpo de Bombeiros poderia deixar o teatro funcionando. No entanto, a FJA apostou nas obras do PAC Cidades Históricas para resolver os problemas de uma vez só.

Ainda não há previsão de reabertura do TAM, que está fechado desde 2015 por decisão da Justiça. Vistoria do Iphan e FJA aponta itens que deverão passar por adequação

Ainda não há previsão de reabertura do TAM, que está fechado desde
2015 por decisão da Justiça. Vistoria do Iphan e FJA aponta itens que
deverão passar por adequação

“Foi discutida a possibilidade de fazer apenas as adequações exigidas pelo Corpo de Bombeiros para reabrir o teatro, mas analisando o custo-benefício não valeria a pena, porque futuramente seria necessário novas obras. Então vimos que o melhor seria parar para fazer as obras definitivas”, disse em reportagem do VIVER em junho deste ano o coordenador de obras da FJA, o engenheiro Sérgio Wicliff.

Antes da interdição, o TAM funcionava com cerca de 40 funcionários, dentre iluminadores, sonoplastas, bilheteiros. Após o fechamento, alguns se aposentaram e outros foram distribuídos para atuarem nos outros órgãos da FJA em funcionamento. Os equipamentos de luz e som foram para o TCP.

O piano de calda continua no teatro, saindo de lá apenas quando solicitado pela Orquestra Sinfônica do RN.

Diretor do TAM desde o início da gestão Robinson Faria no Governo do Estado, Toinho Silveira dá expediente toda manhã no teatro. Com poucos recursos e apenas três funcionários que se revezam nos três turnos, a rotina de Toinho é manter o teatro limpo e protegido de invasões. O período mais crítico é o das chuvas. Por isso a necessidade de limpeza periódica dos bueiros e calhas. Esse ano houve alagamento e o Corpo de Bombeiros foi acionado para puxar a água acumulada no teatro. Há manchas do alagamento em algumas poltronas.

Andamento do projeto
Inicialmente previsto para serem executadas com recursos do PAC Cidades Históricas, as obras do TAM contarão com recursos do Governo do Estado, por meio do Programa  Governo Cidadão com empréstimo do Banco Mundial. No entanto, a saída do projeto do PAC ainda não aconteceu e segundo a FJA, a medida somente poderá ser adotada quando a obra for licitada e contratada.

Vistoria do Iphan
Em visita ao TAM, técnicos do Iphan-RN verificaram a necessidade de uma intervenção mais abrangente no prédio, tanto no sentido de conservação (pintura e acabamento), quanto no de adaptação às exigências atuais, como por exemplo a acessibilidade universal. Sobre a caixa cênica, o órgão informa que recebeu um diagnóstico dessa estrutura, acompanhado de um respectivo orçamento para a sua manutenção.

Em resposta ao VIVER, o Iphan  diz que o projeto geral do TAM está andando dentro do previsto. “Por tratar-se de um projeto complexo onde envolve arquitetura e projetos de engenharia contemplando estrutura em concreto armado e metálica, climatização, rede estruturada, circuíto fechado de tv, sonorização, sistema de proteção contra descargas atmosféricas, instalações elétricas, hidrossanitárias, drenagem e combate a incêndio, seria razoável falarmos que os prazos estão sendo atendidos dentro do possível, sendo o projeto de arquitetura cênica mais um a compor a necessidade para o devido funcionamento do edifício”, explicou a equipe técnica do órgão.

Metas da FJA
A FJA tem buscado cumprir com o que prometeu em agosto de 2016, quando anunciou uma força-tarefa para reestruturar uma série de equipamentos culturais de responsabilidade do Estado. Dentre os teatros, o Adjuto Dias, em Caicó, fechado desde 2014, foi reaberto meses atrás, e o Lauro Monte, em Mossoró, teve sua licitação aberta no início do mês.

“Os objetivos da FJA em 2017 se aproximaram das metas propostas: O Teatro Adjuto Dias está em funcionamento; foi concluída a obra do Museu Café Filho, a restauração da Biblioteca está sendo concluída, a licitação do Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró, interditado há mais de oito ano foi publicada neste início de dezembro. O Memorial Câmara Cascudo também segue em obras”, diz em nota a direção da FJA.

Os próximos passos do órgão agora é dar andamento aos outros projetos. “A FJA planeja agora no final de 2017 conclusão dos processos de licitação do Teatro Alberto Maranhão, a Pinacoteca do Estado com o gabinete do governador, a instalação do Planetário da Zona Norte e do Espaço Cultural do Centro Administrativo”.

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