segunda-feira, 13 de maio, 2024
24.1 C
Natal
segunda-feira, 13 de maio, 2024

Quanto vale o show

- Publicidade -

Yuno Silva
Repórter

Cautela. Essa é a palavra que irá nortear, em 2016, o trabalho dos produtores e empresários que estão por trás dos principais shows de grande porte que movimentam o circuito em Natal. O termômetro do mercado de entretenimento foi aferido durante a temporada de verão em Pirangi, que encerra este sábado (23) com apresentação do novo fenômeno da música brasileira Wesley Safadão na Arena Circo da Folia. De acordo com três empresários do ramo, apesar dos shows continuarem atraindo um bom público não são mais tão rentáveis quanto aparentam: a crise econômica gerou impacto nos custos e fez o público ficar mais seletivo. Dos onze shows de grande porte realizados em Pirangi neste verão, apenas dois tiveram bons resultados até agora.
Apesar de atrair grandes públicos, mercado de entretenimento sentiu a crise
Os riscos são muitos, equilibrar os resultados ficou 40% mais difícil, mas ainda há exceções – caso do Safadão, cujas vendas para esta noite estão aquecidas indicando que será o terceiro evento na lista dos mais lucrativos. Ou seja, muito provavelmente um dos balneários mais badalados do litoral Sul será testemunha do show mais ‘estourado’ do veraneio – garantia de muita diversão para quem curte e muito trânsito para todos sem distinção de preferência musical. A festa começa às 22h.

O cearense Wesley Oliveira da Silva, 27, representante do chamado forró eletrônico e vocalista da banda Garota Safada, fez o próprio nome, mudou o visual e alcançou palcos antes inimagináveis para um artista do gênero como o Festival Atlântida, no Rio Grande do Sul, onde figura como a maior atração da noite de abertura no próximo dia 29 de janeiro. Sites especializados indicam que o cachê do Safadão pode chegar a R$ 500 mil.  

“Tirando Roberto Carlos, que é ‘hors concours’, Wesley é o artista mais rentável da atualidade”, garante o empresário Jarbas Filho, da Viva Promoções e promotor da Arena Pipa Open Air. “Hoje ele é dos poucos artistas que conseguem ancorar uma festa e garantir retorno na bilheteria”, avalia Felinto Filho, responsável pela programação da Arena Ecomax e diretor das rádios  98 FM e Jovem Pan Natal.

Custos e mudança de hábitos
No ramo do entretenimento há mais de três décadas, Roberto Bezerra, sócio da Destaque Promoções e do Carnatal, e promotor do evento de logo mais em Pirangi, comprova o bom momento do cantor: “Esse é o único grande show que a Destaque está fazendo no verão. Público até tem, mas o ponto de equilíbrio do custo benefício mudou: se antes precisávamos vender 6 mil ingressos, hoje esse número saltou para duas, três vezes mais”, explicou.

Para Bezerra, com a crise, o circuito não comporta mais do que três ou quatro shows grandes no veraneio. “Não temos público para uma sequência forte, e boa parte dos eventos esse ano em Pirangi não foram um estouro”, afirmou. O empresário informa que, para potencializar resultados, diminuir custos e evitar conflitos de datas, “há afinidade” entre os promotores. Também é preciso ficar atento ao clima. “A crise não é apenas financeira, tem o lado da insegurança que mudou o comportamento das pessoas”, acrescenta Felinto Filho.

Rentabilidade 
Jarbas, Roberto e Felinto fizeram uma lista bem parecida dos artistas mais lucrativos nesse momento: Wesley Safadão, Aviões do Forró e a dupla sertaneja Jorge e Mateus – isso sem contar o rei Roberto Carlos. Citados por dois empresários, o sertanejos Henrique e Juliano vêm logo em seguida. “Os cachês subiram muito e grande parte deles não são compatíveis com a venda de ingressos, pelo menos para a nossa realidade”, observou Roberto Bezerra.

Os custos com transporte aéreo estão entre as maiores despesas de uma grande produção no RN, por isso bandas como Natiruts e O Rappa, citadas por Jarbas Filho como “boas de público”, chegam por aqui com mais dificuldade. “Aviões e Wesley, que moram em Fortaleza, viajam de ônibus, o problema é com quem vem de mais longe”, disse Jarbas.

Felinto Filho avalia que falta um nome forte (de bilheteria) no rock nacional, e que o “axé tem grandes nomes, mas o custo de produção é muito elevado”. Vide Ivete Sangalo, a cantora mais bem remunerada do País, com cachê girando em torno de R$ 350 mil e público garantido, que deixou de justificar o risco justamente pela relação custo benefício nem sempre ser favorável.

“Ivete estaria na minha lista tranquilamente, o show dela é fantástico, mas a venda de ingressos é desproporcional ao custo final (cachê, transporte, hospedagem, alimentação, divulgação, estrutura e impostos)”, disse Jarbas Filho, que já trabalha a Semana Santa na Arena Pipa Open Air: Jorge e Mateus e Aviões do Forró estão entre as atrações confirmadas.

Mistura de ritmos
Como Jarbas Filho acumulou algumas baixas em 2016 ao apostar na mistura de ritmos, ele vem investindo em nichos definidos de público. Ele lembrou do feriado de 7 de Setembro, em Pipa, quando promoveu duas noites: uma puxada por Wesley Safadão e outra pelos mineiros do Skank. “O primeiro dia foi um estouro, o segundo um fracasso. O público que foi pra Pipa era o do forró, por isso O Rappa está fora da Semana Santa este ano. Hoje é preciso segmentar, os públicos não são os mesmos”, acredita.

O empresário da Viva Promoções contou que o perfil de público é percebido desde as vendas no bar: “Nos shows de forró e sertanejo as pessoas vão para beber e curtir a festa, enquanto nos eventos de pop e rock o público vai ver o artista. Já misturei e não deu certo, a não ser que se faça um festival, um formato cada vez mais difícil de ser viabilizado por falta de local”.

Mas a opinião de Jarbas não é compartilhada por Roberto Bezerra e Felinto Filho. “Ainda está dando certo. O (evento) Vila Mix, por exemplo, começou só com música sertaneja. Quando começou a cair botamos o forró e funcionou”, disse Bezerra, da Destaque/Carnatal.

Felinto, da 98 FM e Jovem Pan Natal, acrescenta ser “fundamental misturar os estilos para incentivar as pessoas saírem de casa. Esse ano deu muito certo juntar forró com sertanejo”. Para ele há cada vez menos espaço para “festas puro sangue”.

Para os três empresários os desafios do mercado de shows para enfrentar a crise em 2016 passam não só pela cautela como também pelo planejamento. Roberto Bezerra lembra que o Carnatal 2015 teve um bom resultado devido ao planejamento ter sido antecipado: “Este ano queremos antecipar ainda mais”, adiantou Bezerra.

RANKING
Ranking dos shows com a melhor relação custo x benefício

Wesley Safadão
Aviões do Forró
Jorge e Mateus
Henrique e Juliano

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas