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Quatro quedas

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Rubens Lemos Filho
Meu pai está sempre comigo espiritualmente. Sinto, sobretudo, quando meu temperamento explosivo está prestes a detonar. Tudo. Aí vem a voz dele cantando Cartola e me acalmo. Alguns canalhas usam o nome dele – roubam – para me provocar em rede social, na briga de baixo nível entre Direita e Esquerda. Voto em pessoas, não em partidos, meros cartórios. Sou visionário da social-democracia.
No caso de papai são os esquerdistas que nunca lhe foram solidários, sequer no enterro. Faz 21 anos e calhordas pensam que me atingem citando o nome como símbolo de um comunismo que ele já não simpatizava ou praticava. 
Na última campanha em que foi votar, em 1998, digitou apenas o número do delegado Maurílio Pinto de Medeiros, o Xerife. Os dois eram  amigos desde a sala de aula no Atheneu e Maurílio, candidato a deputado,  convidou papai para ser assessor de comunicação social. 
E nada era menos Esquerda do que o herói – Maurílio para mim é um herói – que enfrentava e mandava à cova bandidos perigosos. Papai e Maurílio torciam pelo Vasco. Outro Vasco. O de Barbosa; Paulinho e Bellini, Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Almir, Vavá, Roberto Pinto e Pinga. Supersupercampeão de 1958. 
O atual foi rebaixado à Série B, lugar pouco indicado. O ideal, padrão time horroroso que tem, seria a Série D, o rebotalho da bola, o esgoto do futebol brasileiro cada vez pior. E o Vasco se esmera em fazer feio. São quatro rebaixamentos em 13 anos. Acostuma. 
Lembro que, na primeira queda, em 2008, o Vasco apanhou do Vitória em São Januário e chorei 40 minutos contados de relógio. Foram 20 minutos de sofrimento meu e mais 20 pelo meu pai. 
Naquela tarde, um torcedor ameaçou pular da marquise e foi salvo por policiais militares. Me vi no desespero daquele infeliz. Ele arriscando o couro por lá, eu a lacrimejar na cama, sozinho, recordando as glórias de um clube que amei muito. 
Aos 7 anos, assisti sem muito entender o título de Campeão Carioca vencido nos pênaltis. Era um senhor time vencedor diante de uma plateia de 152 mil pessoas no Ex- Maracanã, o Maracanã do Povo, o Maracanã da Geral. 
Bela esquadra  a do Vasco: Mazarópi(pegador de pênaltis); Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antônio; Zé Mário, Zanata e Dirceuzinho; Wilsinho, Roberto e Ramón. Ganhei uma camisa da Hering e um time de futebol de botão. 
Cinco anos depois, com o desabrochar de um gênio de 18 anos, Geovani, impedimos o bicampeonato do Flamengo, então do Mundo e Brasileiro. Surgiu o gigante Acácio a nos salvar de um gol premonitório de Zico. 
Nunca verei um time igual ao de 1987/88(foto):  Acácio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Dunga(Zé do Carmo), Geovani e Tita(Bismarck) ; Mauricinho(Vivinho) Roberto(Sorato)  e Romário. O Flamengo ficava na roda de bobo, liderada por Geovani e Romário. 
Em 1988, foram cinco surras consecutivas sobre o Flamengo. Tivemos o Brasileiro de 1989, comandado por Bebeto, tirado na mais legítima malandragem do Flamengo. 
Fomos tricampeões cariocas, ungidos por  Dener Augusto, dos Anjos, poeta driblador, morto em pleno campeonato, de acidente de carro. Ganhamos brasileirões com Edmundo em 1997 e Romário em 2000. 
Há 21 anos, o Vasco, assaltado por capos  cartolas,  acabou. A vida é uma cortina de arame farpado e sofremos em vários campos, para não respirar desgraça  no gramado. 
O Vasco, caído e despejado da  elite do campeonato nacional não causa dor, pranto, sofrimento. Gera indiferença e  reação enfadonha, similares às piadas ridículas de circos. Uma delas bem poderia mexer no hino : “ Tua imensa torcida é infeliz/ Norte a Sul/ Norte a Sul deste país/ Tua estrela, apagada a chorar/ Seu time a envergonhar ”.
Estadual 
ABC x Globo é, a princípio, o duelo da abertura do campeonato potiguar nesta quarta-feira. O Globo tirou o ABC da Série D, o que poderá motivar mais o alvinegro. Que pouco mostrou nos amistosos. Nível técnico: pouco a esperar. Correria e força. 
Favorito 
Com o time mais organizado, o América é favoritíssimo amanhã contra o Força e Luz. Contra o Treze(PB), na vitória por 3×1 em Campina Grande, o técnico Evaristo Piza destacou os volantes Felipe Guedes e Romarinho. 
Ofensivo 
Que apareça um time ofensivo, buscando o gol como prioridade e não somente contra-ataques e toques laterais. Um meia de qualidade, é preciso um meia para planejar e embelezar os jogos. 
Rodado 
O atacante Elias, 34 anos, está de volta ao Madureira, onde jogou em 2011. Seu último clube foi o América de Natal. Ao que me consta não tenho esclerose, mas Elias não deixou saudades na torcida rubra. 
Lei do mandante 
Caduca desde outubro, será reapresentada pelo Governo Federal a Lei do Mandante. Com ela, o clube que joga em casa ou detém o mando de campo, poderá negociar com o adversário direitos de transmissão e até mesmo a mudança  do lugar da partida. 
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