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Queda de ponte em Macau deixa 1.500 pessoas ilhadas

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INVERNO - Salinas e viveiros de camarão foram alagados. Estimativa é que mil empregos foram perdidos

Casas alagadas, desabrigados, ponte e estradas destruídas, rio poluído e economia fortemente abalada. Essa é a situação do município de Macau, que vem sendo bastante castigado pelas chuvas que caem no Rio Grande do Norte.

No último sábado, a força das águas derrubou  a ponte que ligava o centro de Macau ao bairro da Ilha de Sant’Ana e deixou cerca de 1.500 pessoas ilhadas. Além disso, o transporte de sal que era feito pela ponte está comprometido. Somente uma empresa, a Henrique Laje, transportava 25 carretas de sal por dia. “O nosso maior objetivo agora é fazer o transporte das pessoas que estão na Ilha. Estamos contando com a ajuda de 25 homens da marinha que vão orientar e transportar essas pessoas, até que as águas dos rios voltem ao normal”, disse o prefeito de Macau Flávio Veras.

Praticamente todas as salinas e viveiros de camarão da região foram alagados e a estimativa é que pelo menos mil empregos foram perdidos. Para o vice-governador, Iberê Ferreira de Souza, “a economia da região vai ser fortemente abatida e serão necessários pelo menos dois anos para que tudo seja reconstruído”.

Até agora, 600 pescadores da região foram prejudicados. “A situação está muito complicada, se não bastasse todo esse caos, estamos com problemas ambientais porque as águas romperam a tubulação da Caern e o esgoto está todo indo para o rio Assu”, disse o presidente do Conselho de Meio Ambiente de Macau, Francisco Cláudio da Costa.

Com esse rompimento todos os dejetos do município estão sendo jogados direto para o rio. Por causa disso, o abastecimento de água do município foi cortado. A prefeitura também suspendeu a venda de peixes e camarão.

“Como as águas estão poluídas, achamos por bem que a população não consuma esse tipo de alimento e não tome banho de rio e nem de mar, para onde o esgoto está sendo levado”, disse o prefeito.

A construção de uma nova ponte ligando a cidade de Macau à Ilha de Sant’Ana já estava em processo de licitação, mas diante da situação, o secretário de Infra-Estrutura, Adalberto Pessoa, vai ‘atropelar’ a licitação para que seja construída o quanto antes.

“Já existia um pré-projeto da ponte, que foi feito pela iniciativa privada em parceria com a prefeitura, nós fizemos algumas adaptações e vamos começar o quanto antes. Não vai ser preciso esperar baixar as águas do rio porque a empresa que quiser fazer a obra vai ter que trabalhar nessas condições”, disse o secretário.

De acordo com o projeto, a ponte terá 330 metros de extensão e sete metros de altura. Serão duas vias destinadas à passagem de carros e caminhões e passarelas laterais para bicicletas e pedestres. A estimativa do governo é que sejam gastos sete milhões de reais e que  dentro de oito meses já esteja concluída.

Enquanto isso, o deslocamento da população continuará sendo feito por barcos da Marinha.

Famílias são levadas para Areia Branca

O município de Porto do Mangue também foi tomado pela chuva. Várias partes da cidade estão cobertas pelas águas. Em muitos locais é possível ver apenas os telhados das casas, parte das famílias está sendo levada para Areia Branca. A localidade de Logradouro sumiu nas águas, o cais da cidade já caiu com as forças das correntezas.

A fruticultura e a carcinicultura estão bastante prejudicadas. As fazendas localizadas em Porto do Mangue e Pendências são responsáveis por 30% da produção de camarão no Rio Grande do Norte. Na região, plantações de fruticultura chegaram a ser totalmente devastadas

A Emater está fazendo o levantamento dos prejuízos em todas as regiões do Estado. “A economia potiguar foi muito afetada. Estamos buscando formas de diminuir os danos provocados. São linhas de créditos especiais, condições de recuperar a infra-estrutura dessa empresas”, afirmou o diretor presidente da Emater, Luiz Cláudio Macedo.

Uma outra preocupação da Emater, é com a possível contaminação dos animais. “Como as águas estão tomando conta das plantações, dos viveiros de camarão, estamos atento para a questão da contaminação dos animais, pois alguns microorganismos podem causar problemas de saúde nos animais e consequentemente no homem”, alertou Luiz Cláudio.

A partir de hoje, Iberê Ferreira conversará com representantes dos setores atingidos na busca de soluções para a grave situação dos empresários. “O Governo não está preocupado apenas com os problemas de hoje, as enchentes, mas também com a situação do amanhã: os prejuízos econômicos, que podem ser ainda mais graves”, afirmou o vice-governador.

A Secretaria de Infra-Estrutura, do Estado tem um projeto audacioso, mas a longo prazo, que resolveria dois problemas de uma vez só. “A idéia que nós temos, é que ao longo dos três principais rios do Estado, Trairi, Piranhas e Potengi, fossem feitas pequenas barragens para acumular até 20 milhões de metros cúbicos de água. Com isso seria possível controlar a vazão e perenizar os nossos rios”, disse o secretário Adalberto Pessoa.

Mas segundo o próprio secretário, essa é uma obra para os próximos governos, o que a SIN vai fazer, com autorização da governadora Wilma de Faria, é realizar os estudos e fazer os projetos. “Essa é uma obra que não dá para realizar nesse governo, nossa contribuição será com o projeto. Pelos estudos iniciais, a obra custaria mais  de dois bilhões de reais”.

Quatro morrem afogados em açudes da região do Seridó

No fim de semana foram registrados quatro casos de afogamento na Região Seridó do Estado. Três vítimas se afogaram quando tomavam banho nos açudes. Um dos corpos ainda está desaparecido. A quarta vítima, um adolescente de 14 anos, desmaiou quando se deslocava para um açude em Jucurutu e, ao cair, ficou com o rosto voltado para o alagado, morrendo asfixiado no último sábado.

Ainda no sábado o Instituto Técnico Científico de Polícia de Caicó (Itep) registrou a morte do estudante Jeferson Mário, 17 anos, na Barragem Boqueirão, em Parelhas.

No domingo, em Jardim do Seridó, Antônio Marcos, 29 anos, tomava banho no Rio Seridó quando se afogou. E na Barragem do Rio das Traíras, Dilvan Santino morreu afogado quando tomava banho. O afogamento foi presenciado por testemunhas, mas o corpo dele ainda não foi encontrado.

O casos de afogamento em barragens, açudes e rios preocupam pela freqüência com que ocorrem. Na semana passada, o Corpo de Bombeiros registrou outros dois casos no interior do estado. O CB alerta para que se evite o banho em águas com correnteza ou sob chuva forte. A ingestão de bebidas alcoólicas ou “alimentos pesados” potencializa o risco de afogamento.

O capitão do Corpo de Bombeiros de Caicó, Flávio Henrique, confirmou que os casos se repetem, principalmente, por negligência das vítimas. “É preciso ter cuidado. Muitas pessoas ficam entusiasmadas e esquecem da segurança”, disse. Às 13 horas de ontem, segundo o oficial, o CB atendia a três ocorrências: de um rapaz desaparecido há cinco dias e de outros dois homens que foram levados pela chuva no domingo e os corpos ainda não tinham sido encontrados. “Muitas vezes só se acham os corpos quando as águas recuam. Além disso, o percurso d’água dos rios é extenso e dificulta as buscas”, falou.

23 açudes enfrentam problemas

O clima na cidade de Caicó é de apreensão e expectativa quanto a novas chuvas, embora desde o sábado o volume tenha reduzido. “Quando as nuvens começam a ficar escuras, a população já se preocupa”, revela o secretário de Infra-estrutura do Município, Edno Lopes dos Santos. Ao todo, 66 famílias tiveram de deixar suas casas, na zona urbana, e 23 açudes “arrombaram” na zona rural. O Itans, que se localiza no centro de Caicó, sangrou na quinta-feira e até a manhã de ontem a lâmina d’água ainda atingia cerca de 80 centímetros. 

Dos desabrigados, a grande maioria conseguiu espaço na casa de parentes e amigos. Cerca de 10 famílias tiveram de ser alojadas pelo poder público. “O rio Barra Nova, que corta a cidade, subiu e muitas dessas pessoas haviam construído suas casas, por assim dizer, quase dentro do leito. Na sexta-feira foi a maior demanda para retirar essas famílias, mas desde então a chuva diminuiu”, explica um dos responsáveis pelas operações da Defesa Civil na cidade, Max Azevedo.

Ele afirma que na zona rural, além dos problemas com os açudes, também se enfrenta dificuldade de acesso a várias comunidades. “Cerca de 50% das escolas da zona rural não estão funcionando por falta de acessibilidade. Também há problemas com abastecimento em alguns locais. Estamos fazendo um levantamento a respeito”, afirmou. A Defesa Civil está mantendo um plantão 24 horas no Centro Administrativo de Caicó, para atender aos casos de urgência.

O secretário Edno Lopes diz que a expectativa agora é aguardar o fim das fortes chuvas e buscar recursos para acelerar a reconstrução dos reservatórios que estouraram devido à força das águas. “Temos de recuperar os açudes e barreiros o quanto antes, para o prejuízo não ser maior”, observa.

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