quinta-feira, 28 de março, 2024
24.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Quem decide eleição é o eleitor

- Publicidade -

Villas-Bôas Corrêa  – Repórter político do JB

A correria da dupla de finalistas à Presidência da República para arrebanhar apoios de governadores, partidos inteiros ou fracionados e quantos tenham votos disponíveis é compreensível neste curto intervalo entre o primeiro turno e o começo para valer da campanha para a segunda rodada de votos.

O que se estranha é a valorização excessiva dos presumidos pastores de votos que se transferem ao simples estalar dos dedos e o absoluto silêncio do desinteresse sobre a segunda etapa da decisão, quando a briga ocupa o ringue do horário de propaganda eleitoral e, muitos degraus acima, dos debates nas redes de TV e emissoras de rádio quando a assistência salta da casa dos milhares para o andar de cima dos milhões. Neste domingo à noite, teremos o teste do primeiro debate pela TV-Bandeirante.

Ou a dissimulação fechou a boca, em requinte de marqueteiro ou a turma está comendo mosca por desatenção e insensibilidade.

Sair na frente e como líder das pesquisas tem lá suas inegáveis vantagens. Mas, uma consulta à memória de eleições passadas ajudaria a mais esperta revisão das táticas do bloco oficial de Lula e do pessoal da banda da oposição.

Pelo que se enxerga e o que se lê nos latifúndios da cobertura da mídia, Lula pretende levar o adversário Geraldo Alckmin para o canto da comparação dos dados estatísticos que medem os êxitos setoriais do seu governo, repetidos no decoreba dos muitos improvisos de cada dia, com os medíocres resultados do fracasso tucano dos dois mandatos do odiado antecessor Fernando Henrique Cardoso.

E, se não estou enganado, o verdadeiro adversário Geraldo Alckmin mira-se no espelho da vaidade e se vê como o vencedor do debate na TV-Globo, quando ganhou de goleada da cadeira vazia de Lula.

Parece, visto cá de fora, que muitos equívocos rolam no balaio da arrogância. Lula deve estar considerando o adversário um parvo que se deixa engambelar como criança com um truque de aprendiz de mágico. Pois, basta a réplica ao jeito de puxão de orelha sobre a confusão intencional para repor as coisas nos seus lugares. E Lula deve estar mesmo louco para um bate-papo com FHC, em rede nacional de televisão.

   Como é de praxe que cabe à oposição a iniciativa do ataque, entre o apoio do casal Garotinho e os estrilos do César Maia, faria bem à saúde de Alckmin uma análise crítica da indigência da sua agenda para a serventia da série de confrontos com Lula nos comícios pela telinha que vão definir a parada.

Raspa no vexame que até agora nenhum candidato tenha se dado ao cuidado de puxar para a discussão o dramático tema da defesa do meio-ambiente. Nem de propósito, o relatório elaborado pelo respeitável Centro Hadley para o Prognóstico e Pesquisas sobre o Clima, do Escritório Meteorológico do Reino Unido, brada advertência catastrófica: um terço do mundo estará desertificado em 2100, portanto ainda neste século. E alerta para as conseqüências da “migração de camponeses em níveis que os países pobres não poderão suportar”. Um cenário de caos e fome.

Aqui, dentro de casa, o drama da destruição da Amazônia em níveis de alarme mundial, não mereceu sequer a promessa de atenção de um segundo mandato de Lula, para a correção do fiasco da parolagem do ôdesenvolvimento sustentável” ao som das motosserras ou a referência crítica do tucano.

A reforma política espreme-se em paliativos ou em propostas de correções parciais, como a cláusula de barreira para reduzir o excesso de legendas de mentira e outros remendos. A gravíssima crise do Legislativo é ética, a exigir corretivos radicais, indispensáveis, mas de evidente inviabilidade. A orgia das mordomias, vantagens, benefícios, como a indecorosa verba indenizatória para o ressarcimento das despesas dos parlamentares, nos fins de semana, nas suas bases eleitorais, com passagens aéreas pagas pela viúva não passa pela barreira do baixo clero e da maioria absoluta, beirando a unanimidade da Câmara e do Senado.

Mas, que diabo, os candidatos pelo menos devem mostrar interesse, indignação e salpicar algumas promessas no eleitor maltratado pela decepção e rilhando os dentes de raiva, à espera da hora da desforra do voto.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas