terça-feira, 23 de abril, 2024
30.1 C
Natal
terça-feira, 23 de abril, 2024

Quem quer um Ford?

- Publicidade -
Alex Medeiros
Consternados, surpresos e com desespero misturado ao suor do rosto, milhares de trabalhadores voltaram a se reunir como nos distantes tempos das greves. Todos juntos ali, no pátio da Ford, buscando respostas para o futuro e para a decisão da empresa em se mudar de país ao decidir fechar sua fábrica. Era outubro de 2012 quando a notícia do fechamento da fábrica na cidade de Genk, explodiu na imprensa da Bélgica. A Ford estava saindo para a Espanha.
Mas aquele acontecimento não era uma novidade, era só mais um capítulo da crise que quase sempre atingia a velha indústria fundada por Henry Ford em junho de 1903 e que se tornou referência de marca automotiva ao final dos anos 1920, por coincidência na conjuntura da maior crise do século XX. Quatro anos antes da saída da Bélgica, o então presidente dos EUA, George W. Bush, salvou a Ford com um grande plano de resgate financeiro pra conter a ruína.
Na grave crise de 2008, provocada a partir da falência do banco Lehman Brothers, as famosas e consagradas “Três Grandes” montadoras americanas, Ford, GM e Chrysler, foram salvas com generosos US$ 13,4 bi do Tio Sam.
O motivo maior para fechar a fábrica belga foi o fiasco na demanda, os carros Ford perdendo espaço na preferência de um mercado cada vez mais competitivo com marcas ousadas e modernas, como as europeias e orientais.
Aliás, uma experiência que já havia ocorrido nos anos 1990 na América do Sul, principalmente no Brasil, quando a marca quase foi embora e só permaneceu porque o brasileiro aprovou o Ford EcoSport, cujas vendas salvaram o negócio.
A história centenária da Ford no Brasil não tem muito motivo para festa (ou Fiesta). Aqui ela sempre foi uma versão Botafogo da indústria automotiva, como a quarta força do mercado atrás da Fiat, da Volkswagen e da Chevrolet.
A fuga do Brasil, no plano de fabricação e montagem dos modelos de passeio, já era uma crônica anunciada. Em dezembro de 2015, a montadora lançou um PDV (plano de demissão voluntária) exatamente na fábrica de Camaçari-BA. 
Meses antes daquele momento, lá na fábrica de Michigan, o então presidente Barack Obama discursava para executivos e operários sobre sua proposta de salvamento da indústria automobilística, coisa que depois lhe daria um Oscar.
Quando a petista Petra Costa viveu a ilusão de ganhar a estatueta com seu vídeo de DCE em formato panfleto, o documentário “Indústria Americana”, bancado por Obama e Michelle, a fez botar o pé no chão dos delírios perdidos. 
O filme vencedor, com todo o merecimento, é uma história composta por várias histórias, expondo o choque social e cultural entre trabalhadores americanos e chineses convivendo juntos numa fábrica falida na cidade de Detroit, Michigan.
O roteiro é baseado na história real da crise que atingiu em cheio as marcas Ford, GM e Chrysler. As cenas com chineses e americanos em convívio de sobrevivência e aprendizado foram feitas no prédio onde um dia foi a Ford.
Anteontem, a Veja escreveu: “A Ford não vive um momento fácil no mundo, é uma das marcas generalistas com mais dificuldade em gerar lucro por unidade vendida e, por isso, vem abandonando os segmentos de carros de passeio”. 
Há cem anos, quando Henry Ford fundou a fábrica, pôs uma sentença em outdoor que foi pedra fundamental da grande marca que seu sobrenome se tornaria: “Você ainda terá um Ford”. Hoje, após tantas crises que fizeram de Detroit uma cidade fantasma, cabe uma pergunta: “Quem ainda compra um Ford?”.
Audiência
São espetaculares os números alcançados pela TN Online em 2020, divulgados nesta semana. Apesar do ano atípico, um crescimento de 61,7% e mais de 133 milhões de acessos. É a quase a soma de toda a blogosfera local.
Violência
Primeiro foi o coronavírus atacando profissionais de comunicação num mesmo período, como registrei aqui. Agora, em apenas uma semana, os jornalistas Micarla de Sousa e Mário Ivo quase foram alvejados por bandidos armados.
Emergência
O artigo de Berilo de Castro publicado ontem aqui provocou reações de vários leitores que atestam preocupação em outros litorais, onde a estrutura dos postos de saúde não oferece condições para casos iguais ao narrado no texto. 
Contágio
O governo de Portugal optou por novas restrições após novos casos de Covid durante o rigoroso inverno europeu. O canal SIC divulgou ontem números revelando que não há de novo vítimas na faixa etária entre um e trinta anos.
Críticas
As incertezas na eficácia da coronavac e as falas desencontradas de João Dória agitaram as redes sociais, que ontem ganharam duas hashtags que ficaram entre as mais replicadas do dia: #RenunciaDoria e #DoriaMentiroso.
Fake News
Após repercussão na grande imprensa e sites de esquerda, o suposto bloqueio da conta do ativista Olavo de Carvalho pelo serviço PagSeguro foi desmentido pelo próprio serviço online, enquanto os parasitas do SleepGiants silenciaram.
Alternativos
O aplicativo Telegram, concorrente do WhatsApp, comemorou ontem meio bilhão de usuários e a adesão de quase 100 milhões de novos em pouco mais de 72 horas. A rede Parler, rival do Twitter, está hospedada no Mozilla.Org.
Homenagem
É triste ver futebol pelo mundo em estádios e arenas com nomes dos craques históricos, como Cruijff, Di Stefano, Puskas, Maradona, Garrincha… E não ver uma alusão a Marinho Chagas na arena de Natal, mesmo determinado em Lei.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas