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‘Quero participar da decisão sobre o suplente de Garibaldi’

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Aldemar Freire – Editor de Política

Presidente estadual do PR, o deputado estadual João Maia reafirma o compromisso de formar uma coligação com o PMDB e o PV para a disputa das eleições proporcionais (vagas na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa) e de uma vaga para o Senado. Ele descarta desistir desta aliança para integrar oficialmente a coligação que dará apoio à candidatura à reeleição de Iberê Ferreira de Souza. O deputado também garante o apoio, mesmo que informal, a Iberê. Nesta entrevista, João Maia também nega que reivindique a indicação do suplente do senador Garibaldi Filho, mas destaca que quer participar da decisão sobre a formação da chapa. Ele também afirma que o Rio Grande do Norte fez escolhas erradas na luta pelo desenvolvimento e defende que a prioridade deve ser assegurar uma infraestrutura, com portos e aeroportos melhores do que os atuais.
João Maia, deputado federal e presidente estadual do PR
O que o PR e o senhor têm definido para eleições deste ano? Há especulações sobre mudanças. Existe essa possibilidade?
Nos temos decidido que vamos apoiar Ibere Ferreira de Souza, que faremos a aliança (na chapa proporcional) entre PMDB-PR-PV e que vamos apoiar Garibaldi para o  Senado. Isso é o que nós temos. E tenho a tradição, isso é uma coisa muito minha, de que “compromisso é compromisso”.

Não tem possibilidade de haver recuo então nesses compromissos que foram firmados?
De nossa parte, não. Se alguém nos chamar para conversar, nós vamos conversar. Mas eu tenho uma coisa que aprendi na iniciativa privada: “O combinado é o combinado. Nem é caro, nem é barato. É só o combinado”.

O senhor anunciou que vai apoiar Garibaldi Filho e há certa expectativa com relação ao 2º voto para o Senado.  Já conversou com o ex-governadora Wilma sobre isso, depois que anunciou o apoio a Garibaldi?
Eu até já encontrei a ex-governadora Wilma. Hoje (sexta-feira, 21) vinhemos no mesmo vôo (de Brasília para Natal). Eu anunciei que vou ouvir o meu partido. Nós não temos uma posição  sobre o segundo voto. Estamos fazendo os encontros regionais do PR. E alguns desses encontros foram adiados por causa do dia das mães e por outros motivos. Um que haveria no Mato Grande foi adiado em função da comemoração pela recuperação de Ibere.  Nós só anunciaremos (o apoio para o segundo voto ao Senado) depois dos encontros. Ainda falta fazer encontros regionais no Mato Grande, Trairi, Potengi, Agreste e Seridó. Antes disso, nós não vamos anunciar. Há (as candidaturas ao Senado de) Sávio Hackradt, Hugo Manso, da ex-governadora Wilma de Faria. E existe até a possibilidade de liberar o partido.

A possibilidade de apoiar a reeleição de José Agripino está descartada?
Veja, muita gente gosta da candidatura de José Agripino. E eu  tenho respeito por ela, porque eu gosto de oposição, Acho que é necessária à democracia. Eu fiz oposição na Universidade e lutei pela democracia. Não gosto da tese de exterminar a oposição. Ela é legitima e necessária. Mas, em relação ao (segundo voto para o) Senado, eu estou ouvindo as pessoas.

Que dizer que nem essa hipótese esta descartada?
Não.

Mas a afinidade é maior com os candidatos da base de Lula?
Eu tenho uma relação com Agripino de amizade, de respeito e de parentesco. Mas, em 2002 eu preferi ficar com Lula. Em 2004, eu estive com Carlos Eduardo. Em 2006, fiquei com Wilma. Então, a questão é política. Nem é pessoal, nem de desrespeito a uma posição clara que ele tem em relação a uma conjuntura nacional. E José Agripino tem a vantagem de ser muito claro em relação ao que ele coloca.

O apoio ao Senador Garibaldi  está condicionado à indicação  do primeiro ou do segundo suplente?
Não, Não quero indicar o suplente, nem o apoio está condicionado a isso, algo que nem sequer foi discutido. Eu não quero é que o suplente do senador Garibaldi seja escolhido sem o PR ser ouvido, Quero participar dessa decisão. O partido quer participar dessa decisão.

Há quem diga que para essa discussão o senhor teria o nome do advogado Robson Maia, que apesar de estar atuando m São Paulo, mantém uma relação com o Rio Grande do Norte. O senhor coloca esse nome na mesa?
Não estou reivindicando suplência. Robson é meu sobrinho e praticamente foi criado por mim. Ele foi morar comigo e estudar no Rio. Hoje está em São Paulo. É muito difícil tirar ele de lá. Está muito bem na advocacia. É uma pessoa queridíssima. Saiu, venceu e nunca abandonou as raízes. Ele se especializou em receber… Garibaldi, Agripino, todo mundo que vai a São Paulo. Mas não conversei isso (a indicação para a suplência do senador). Também tenho sérias dúvidas se ele concordaria com isso. De qualquer forma, não temos a reivindicação de indicar o suplente. Só não quero deixar de ser ouvido, até para dar uma justificativa ao partido.

Saiu esta semana a primeira pesquisa registrada e divulgada publicamente sobre a preferência para o governo. O governador Ibere aparece com 15%, empatado tecnicamente com Carlos Eduardo, que ficou com 16%. O senhor vê perspectiva de crescimento do candidato que apoia, Iberê Ferreira?
Eu vou dizer uma coisa pensada para você, não algo emocional, não: A pesquisa foi ruim para Rosalba. Iberê, logo depois de assumir o governo, foi tratar de uma doença, que apesar de não ser tão grave, no imaginário da gente é muito séria. Chegar para uma pessoa e dizer “você está com câncer”, não é algo tão simples, principalmente no momento em que se está assumindo o governo do Estado. Na prática, agora (com o final do tratamento de quimioterapia e radioterapia), é que ele assume o governo. A partir de domingo, Iberê só cresce. Por sua vez, Carlos Eduardo tem um discurso bom. Foi um prefeito com muitas realizações no Estado e está se mexendo. Isso significa que a eleição vai para o segundo turno. E no segundo turno estarão eleitos os deputados e senadores. É outra eleição. Com o apoio dos governos estadual e federal, é muito difícil a oposição ganhar. No caso de Natal, com Micarla, se a gente não ganha a eleição no primeiro turno, dificilmente ganharia no segundo, porque é preciso remobilizar toda a tropa, colocar as pessoas na rua. Então, hoje, minha opinião sincera é de que a pesquisa foi ruim para Rosalba.

O senhor colocou que tem decisões tomadas e um compromissos dos quais não abre mão. Mas disse que não deixa de conversar. Nessas conversas estaria colocada a possibilidade de ser vice de Iberê? Isso seria um motivo para reconsiderar as articulações?
A questão é que nós tivemos um fato novo na política do Rio Grande do Norte, que foi uma divergência entre Garibaldi (Filho) e Henrique (Eduardo Alves).  Henrique  quis ficar com Iberê. Tivemos, então, uma consulta ao Tribunal (Regional Eleitoral). A resposta foi de que quem não se coligar em cima (na chapa majoritária), só pode se coligar na proporcional com quem também não se coliga (na majoritária). A partir daí, tivemos que adotar algumas posições. E foram conversadas com Iberê. Não teve nenhuma hora que eu não tenha conversado com ele. A minha colocação foi a seguinte: “A gente precisa dar uma saída para Henrique”. Nós não vamos deixar Henrique sozinho, tendo que fazer 220 mil votos para assegurar uma vaga de deputado. No momento nacional que Henrique está vivendo, não poderia ficar nessa situação. Então, depois de grandes e longas conversas, chegamos ao consenso de fazer essa aliança com o PV e o PMDB. Nesse caso, tira o tempo de televisão que o PR iria assegurar para a candidatura de Iberê, mas também a candidatura de Rosalba perde o tempo do PV. Isso foi uma coisa negociada e pensada. Então, depois disso o que eu posso dizer é que tem um compromisso. Eu não rompo compromisso. Minha filosofia é essa: “Se assumiu o compromisso, cumpra”.

E Fernanda Maia (esposa do deputado),  poderia ser uma opção numa discussão para vice de Iberê?
Eu tenho intenção firme de manter o acordo entre PR, PMDB e PV (para formar a aliança proporciona). Portanto, juridicamente, é impossível (a candidatura de Fernanda Maia a vice-governador).
O que o senhor vislumbra dessa aliança proporcional entre

PMDB, PR e PV? Quantas vagas na Câmara dos Deputados?
Eu e Henrique somos mais ou menos orgânicos. Dá para avaliar quantos votos eu tenho. Eu conheço as lideranças que me apoiam. Henrique também conhece, além de ser um político de uma tradição imensa no Rio Grande do Norte. Com relação ao potencial eleitoral para deputado de Paulo Wagner, nós não temos a menor ideia. Paulo não depende de liderança. Ele vai direto no povo. Se a expectativa que a gente tem em relação a Paulo Wagner se confirmar, nós vamos fazer três.

Corre o risco de deixar algum dos atuais deputados federais que são candidatos à reeleição sem vaga.. Hoje, pela primeira vez, o RN tem os oito atuais disputando a reeleição..
É. Pela primeira vez, talvez, os oito vão disputar a reeleição. Mas isso não faz mal. A gente tem que botar a cara. Ir à luta. Eu não tenho nenhum problema com competição. Competição é bom. Não dá para querer tirar um competidor, antes dele entrar. Não se pode  impedir que a pessoa entre para competir. Para mim, quanto mais competidor, melhor. Isso é muito bom para a democracia. Não gosto dessa ideia de acordo para não deixar alguém se candidatar. Isso seria uma coisa pequena. Quem tiver voto, que siga em frente.

O senhor tem se notabilizado por um discurso em torno do desenvolvimento. Como vê a situação do Rio Grande do Norte e o desempenho do governo Wilma de Faria neste aspecto?
Ruim. Mas a questão não é a governadora. O Rio Grande do Norte tem uma posição privilegiada do ponto de vista geográfico. A gente podia ser o grande centro logístico do Nordeste. Mas não temos um porto, nem aeroporto, nem ferrovia (condizentes). Como é que a gente vai ser um grande Estado, se temos um porto pequeno, um aeroporto acanhado e nenhuma ferrovia? Mas isso não é uma culpa da ex-governadora Wilma. É que a gente esqueceu dos projetos estruturantes do Rio Grande do Norte. Agora, a gente está se matando pelo Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Se perdermos, estaremos liquidados. Você há de convir que a gente dificilmente teria uma siderúrgica ou uma refinaria, sem um porto condizente. Saía e entrava governo e continuava a mesma coisa. E essa história de dizer que perdemos a refinaria, a petroquímica e outros investimentos por falta de força politica, é mentira. Nós perdemos, porque não temos a infraestrutura logística necessária para receber investimentos de grande porte. Isso é uma verdade e tem que ser uma coisa para colocarmos na pauta e dizer: “Sai governo,  entra governo, lutamos pela mesma coisa”.

Seja Dilma ou Serra…
Seja Iberê, Rosalba, Carlos Eduardo, Dilma ou Serra… Nós temos que separar o que é projeto de governo e projeto de Estado.

Então o senhor acha que o Rio  Grande Norte fez as opções erradas: a Alcanorte, a refinaria, a fruticultura… O Estado fez apostas errada?
Fizemos, sim as apostas erradas. É fundamental ter infraestrutura. Eu, como presidente do PR e aliado do ministro dos Transportes, lutei o tempo todo para o Rio Grande do Norte ter melhores estradas. As estradas federais estão feitas. E bem feitas. Mas não apostamos no que devíamos.Devíamos ter olhado para o que os americanos fizeram nos idos de 1940. Quando quiseram uma base na América do Sul, decidiram que seria em Natal. Se eles escolheram Natal, sabiam que era uma localização estratégica. É por isso que eu digo: não é questão de governo passado. Nós, sinceramente, não apostamos naquilo que era nossa grande vocação.

E o que o senhor tem a dizer do atual governo?
Iberê assumiu o governo em momento muito delicado. Eu penso que ele vai mostrar o governo a partir de domingo. Ele fez, nesta segunda-feira, a última sessão de quimioterapia e radioterapia…

Como o senhor vê a “herança” deixada por Wilma de Faria?
Eu não gosto de olhar para trás. Gosto de olhar para a frente. Olhar para trás, só para fazer história… O que acho grave, para o Rio Grande do Norte, é não termos decidido ser o centro logístico da América do Sul. Tudo passaria por aqui… E, se nós tivéssemos tido essa visão lá atrás, teríamos tudo hoje no Rio Grande do Norte. Eu espero que Iberê seja eleito e faça um projeto de desenvolvimento para o RN.

Essa deve ser a prioridade do próximo governo?
Do próximo não, dos próximos.

Para quando o senhor vislumbra disputar uma campanha majoritária e colocar inclusive esse posicionamento de forma mais contundente? Começa pela Prefeitura de Natal ou direto para o governo daqui a 4 anos?
Eu sempre quis ser governador do Rio Grande do Norte, porque eu acho que sei o que fazer. Ser governador, e eu trabalho muito e sou um grande trabalhador, é destino. Então, você tem que ficar trabalhando todo dia e ver qual é sua hora, sua oportunidade. E se isso está no seu destino. Eu quero muito, mas sei respeitar fila e avaliar qual é a hora. Respeito também meu grupo político e não iria para nenhuma aventura.

O senhor espera que a parceria com o PMDB, ajudando a resolver o impasse entre o deputado Henrique e  o senador Garibaldi, e o apoio a Iberê, sejam lembrados quando houver as discussões sobre candidaturas majoritárias no futuro?
Não sei nem responder, sinceramente. Eu fiz o que achava que tinha que fazer. Não fiz uma poupança… Apesar de ser novo na política, aprendi que se planta todo dia. Às vezes chove, outras não. Às vezes faz sol, às vezes não. Você vai tocando e com objetivos. Eu sou muito firme nos meus objetivos.

E o governo do Estado é um desses objetivos?
Por completo.

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