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R. I. P. Marcus Ottoni

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Alex Medeiros 
Mais um luto no universo natalense da cultura e da comunicação com a morte do jornalista, fotógrafo e poeta que saiu das terras das Gerais em plena juventude para adotar a aldeia potiguar de Cascudo como seu porto seguro. Marcus Ottoni foi bastante atuante no jornalismo e nas artes de Natal a partir de meados da década de 1970. Quando o conheci, creio que em 1976, ele pousou na minha casa da Candelária para encontrar meu irmão Graco.
Naqueles anos de ouriços poéticos e musicais na cidade, ele costumava circular nas quebradas litorâneas de Redinha e Maracajaú com meu mano e Fernandão, ambos inseparáveis amigos e parceiros de letras no repertório da banda Alcateia Maldita do bruxo Raul Cruz. Foi a partir de 1977, com minha maioridade, que ele se incorporou no ambiente da minha geração, que cometia poesia e política nas artérias da Cidade Alta e nos corredores da UFRN.
Já era, então, fotógrafo do Diário de Natal, de respeitado talento e sempre acumulando novos amigos, se adaptando naturalmente à geografia humana, superando fácil a condição de turista acidental moldando aqui seu destino.
Herdei em definitivo sua amizade alicerçada pelo mano no comecinho dos anos 1980, quando os agitos poéticos e políticos ganharam um dimensionamento com a volta da liberdade partidária que trouxe ao cenário local novas legendas.
Seu engajamento na Galeria do Povo de Eduardo Alexandre (Dunga) foi vital para estender seu lado cultural e criar laços nos muitos movimentos. Era presença marcante em atos públicos e passeatas do Dia da Poesia, em março.
Em 1982, com o advento da eleição direta para governador, ele e o jornalista Miranda Sá criaram uma agência de comunicação, que logo seria contratada para prestar consultas à campanha do então prefeito de Natal, José Agripino.
Fixada numa sala do edifício 21 de março, a empresa contava com uma galera jovem e talentosa, como João Maria Alves, Carlinhos Peixoto e Ricardo Sá. Logo, Miranda e Marcus passaram a colaborar com minha candidatura no PT.
Obviamente, a ideia deles era incentivar as tropas de esquerda para tirar votos do MDB de Aluízio Alves, o rival de Agripino na eleição. Nós apoiávamos Rubens Lemos e pagamos o preço daquela ajuda gráfica no próprio partido.
Além de usarem resmas de papel para imprimir nossa propaganda (além de mim, tinha também Rossana Sudário, Lincoln Moraes e Arnaldo Rodrigues), eles financiaram também pichações nos bairros com meu nome e o número.
Na Candelária, onde eu morava, o próprio Marcus organizou comandos da madrugada com os adolescentes Augusto Fontenele e Ronaldo Dantas, os encarregados das tintas e dos pincéis e de rabiscar “Alex Vereador 3642 PT”.
Aquela tática de usar petistas como cavalos de troia nos votos jovens do MDB custou suspeitas sobre eu estar fazendo campanha financiada pelo PDS do general Figueiredo e dos Maia. Ora, eu queria era a propaganda de massa.
Com Marcus Ottoni tive animadas tardes no Bar Mintchura, que o sócio Miranda abriu nos fundos do Quartel General (que viraria Memorial Câmara Cascudo). O nome era uma canção de Neuzinha, filha do ídolo de Sá, Brizola.
Do Mintchura para a Praça João Maria, da praça para o Zumbar, dali para o Alto do Juruá, para o Bar de Lourival, para os botecos da Ribeira, para minha casa na beira-mar da Redinha, e Marquinho pautando os becos e as redações.
Foi uma figura expansiva, gentil com os amigos, seco com estranhos – só num primeiro instante – um ativista dos próprios sonhos. Quando voltei de São Paulo, meados dos anos 80, foi bom reencontrá-lo e convergir politicamente.
Nos últimos anos, em distância presencial, comungávamos de ideias semelhantes pelas linhas das redes sociais. Ele deixa a saudade de ter estado numa parte da minha caminhada. Foi massa a nossa juventude.
Live Covid
Logo mais, 19h30, cinco renomados especialistas se reúnem para discutir nas redes os aspectos clínicos e evolutivos da pandemia. Luiz Alberto Marinho, Fernando Suassuna, Roberta Lacerda, Luciana Liberato e Marcos Dias Leão.
Assista 
A discussão, intitulada “Aprendendo Medicina com a Covid”, será transmitida no Instagram e no canal do YouTube da FormuleFarmácia. No fim de semana, houve uma conferência mundial sobre tratamento precoce e sobre Ivermectina.
Em Sampa 
A revista Crusoé publicou reportagem sobre uma grande conexão entre o governador João Dória e empresas chinesas, através da Lide, um agrupamento de líderes empresariais fundado por Dória e que tem filial em solo chinês.
Vergonhoso 
Mais uma vez a pelegada do Sinte-RN demonstra desprezo pela Educação e zelo exagerado pelas férias vividas na pandemia. Os militantes se articulam num grupo de WhatsApp para reagirem à sentença do juiz Arthur Cortez.
Drogas 
Um integrante do MPF descobriu a pólvora ao propor ação contra o ex-ministro Abraham Weintraub, por este ter dito que existem drogas nas universidades. Ora, desde meados dos anos 1970 que as federais são campos lisérgicos.
Amazônia 
Ontem, a estilista Stella McCartney, filha do beatle Paul, postou no Instagram que a fundação que leva seu nome fez uma gorda doação ao Greenpeace para o combate ao desmatamento da Amazônia e também ao nosso agronegócio.
Premiação 
O Oscar 2021 fez justiça a dois grandes artistas na entrega de duas importantes estatuetas. Anthony Hopkins (ator) e Frances McDormand (atriz), pelos filmes Meu Pai e Nomadland. Mas tiveram oposição por serem brancos.
Futebol na TV
Grandes jogos nesta terça pela Champions League e Libertadores: Real Madrid x Chelsea, Palmeiras x Independiente del Valle, Internacional x Deportivo Tachira, Boca Juniors x Santos, Flamengo x Union la Calera, Atlético MG x América de Cali.
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