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Raio-X da “Cabeça do Elefante”

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O compositor e violonista mossoroense Reynaldo Bessa precisou passar 20 anos em São Paulo para o Rio Grande do Norte descobrir que a famigerada “cabeça do elefante” tem um som daqueles de deixar qualquer furacão com a leveza de uma brisa. Em seu mais recente trabalho lançado pelo selo independente Devil Discos, “O som da cabeça do elefante”, declarada referência à cidade de Mossoró, ele traz uma delicadeza especial no casamento letra e melodia.

Alheio às picuinhas da “eclética crítica” que costuma atribuir o título de poeta a qualquer compositor que se destaque na cena nacional, Bessa tem a marca dos letristas de mão cheia. Uma fonte calcada na inspiração de ídolos e parceiros, como Rita Ribeiro que divide com ele a faixa “Devastador”. Mas nem esses foram suficientes para roubarem a identidade musical que o diferencia, principalmente, na beleza das composições.

Em “O som da cabeça do elefante”, o músico viaja pelos ritmos que um dia escancaram-lhe a janela para a estrada da arte ainda quando menino na capital do Oeste. Vai do forró ao lamento português. Da MPB à capela. Na canção “Por onde a saudade sabe entrar…”, por exemplo, ele relaciona uma tradição arcaica à contemporaneidade dos sentimentos universais num xote/repente que agarra quem o escuta pela primeira vez pela simplicidade e o tempero de humor característico do sertanejo nordestino.

Reynaldo Bessa oferece ainda uma passagem de volta àquela Mossoró que ele deixou há 20 anos em “Alfenim” quando canta “Gosto do seu jeito assim/ Meu puxa-puxa, alfenim/ Onde fica tua escola/ Gosto quando você cola/ Seus olhos em mim”.

À TRIBUNA DO NORTE, ele admite que a grande frustração da carreira foi ter que sair para voltar já “homi feito”. Mas de tanto tentar, após várias tentativas sem sucesso, conseguiu, finalmente, marcar um show em Mossoró para o próximo dia 24 de maio. No entanto, ao que tudo indica, o público natalense vai ser privado do “Som da cabeça do elefante” por mais um tempo. “Me apresentei no projeto Seis & Meia uma vez e depois não tive mais oportunidade. Esse é o meu quarto trabalho e acho que vai ser mais fácil agora. Mas é incrível como os artistas potiguares têm dificuldade para se apresentar no Estado. Não há incentivo algum, uma política voltada para o artista. Tive que vir para São Paulo mostrar nosso trabalho, a cultura potiguar. Já toquei com muita gente boa, tenho parceiros incríveis, mas não temos chance de mostrar tudo isso para a nossa família”, desabafou.

Ainda sobre o novo trabalho, ele confirma o que o coração e os ouvidos quando da décima faixa do CD “Se Deus quiser falar comigo”. A canção, segundo o próprio autor, é uma resposta à música “Se eu quiser falar com Deus”, do compositor baiano e hoje Ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Pautada por uma melodia que remete a um lamento português, Bessa conta que chegou a telefonar para Gil informando a “ousadia”. Mas não chegou a enviar-lhe a música como prometera. “Foi uma resposta sim. Ele fala de um Deus muito distante. O próprio título demonstra isso. A minha resposta fala de um Deus mais presente, até mais humano. Gostei do resultado. Fiquei de mandar a letra e a melodia para ele ver”, disse.

Sobre a faixa “Por amor”, gravada pelo grupo paulista Ira! Numa versão mais pesada, ele confessa que não gostou. “Eu sou fã do Ira! É uma das minhas grandes referências para mim. Mas poderia ter ficado melhor. É uma parceria minha com o Zé Rodrix. No meu disco ela vem mais leve, suave. Gostei mais”, admite.

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