Desde ontem, aproximadamente 70% dos trabalhadores da construção civil estão em greve por melhorias salariais e pela mudança nas cláusulas sociais da categoria. Sem acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon-RN), o reajuste salarial da categoria será definido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Hoje, a categoria realiza uma caminhada, que terá início às 9h manhã, no Alecrim, seguindo até a sede do TRT, em Lagoa Nova. Ontem, cerca de mil operários da construção civil se mobilizaram à frente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracomp), fechando completamente o trânsito na rua Fonseca e Silva, nas imediações do cemitério do Alecrim. Os trabalhadores reivindicam reajuste de 20%, mais alterações nas cláusulas sociais – como redução do desconto do vale-transporte e fim do trabalho aos sábados. Os construtores oferecem reajuste de 3,5%.
O Sintracomp vem convocando os trabalhadores para aderirem à greve desde a última quinta-feira (8). Na sexta-feira, o indicativo de greve foi comunicado oficialmente ao Sinduscon, 48h antes do início da paralisação. Os trabalhadores da construção civil estão trabalhando apenas com 30% do efetivo, recomendação adotada em obediência a Lei de Greve.
De acordo com Arnaldo Gaspar Junior, presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon-RN), as reivindicações dos operários são legitimas. Porém, é preciso ter cuidado na velocidade com que esses aumentos são conferidos, tendo em vista que um aumento salarial de 20% interferiria em muito nos custos das empresas.
Os operários da construção civil filiados ao Sintracomp apresentaram uma proposta inicial de aumento de 35%, há cerca de três semanas, imediatamente recusada pelo Sinduscon. Numa nova rodada de negociação, os operários reduziram o pedido de reajuste salarial para 25%.
Já na última segunda-feira, dia 5, na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) da Ribeira, os operários apresentaram uma proposta 20%, além das cláusulas sociais. A proposta que sempre foi apresentada pelo Sinduscon corresponde ao valor da inflação do ano de 2012, medida pelo IPCA: apenas 3,5%, sem mexer em nenhuma cláusula social. “Nos últimos três anos, os operários tiveram um aumento real nos últimos três anos de 21%. Hoje não temos a mesma situação de aquecimento no setor”, justifica o presidente do Sinduscon.
Os trabalhadores da construção civil pesada iniciaram movimentações por aumento salarial, mas saíram do movimento e aceitaram reajuste salarial de 12% oferecido pelos construtores semana passada.
O vice-presidente do Sintracomp, Luciano Ribeiro Silva reclama da separação das negociações. “Afinal, se o trabalho é o mesmo, porque a distinção da construção civil e pesada? ”, questiona.
DIFERENÇA
A chamada ‘construção civil’ engloba as edificações de moradia, comerciais e de serviços públicos. Já, a ‘construção pesada’ emprega as obras de construção de portos, pontes, aeroportos, estradas, hidrelétricas e túneis. Essas obras, em geral, são contratadas por empresas e órgãos públicos.