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Receita Federal investiga novos grupos estrangeiros

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Um grupo investidor português é alvo de uma investigação – já em avançado estado – por parte da Polícia Federal e da Receita Federal. O grupo é suspeito de operar no mercado imobiliário um esquema de lavagem de dinheiro muito parecido com o detectado esta semana com a quadrilha norueguesa “B-Gang”. O fisco adiantou ainda que tem como alvo de investigações futuras outros grupos estrangeiros que atuam no RN.

A Receita Federal informou que o grupo Português – nome mantido em sigilo – é alvo de uma fiscalização onde se detectou fortes indícios de ilicitudes nas transações comerciais. O volume negociado, no entanto, é muito inferior aos cerca de R$ 100 milhões “lavados” por um grupo norueguês desbaratado esta semana.

“A fiscalização está avançada e o esquema envolve a compra e venda de imóveis, algo muito parecido com o que acontecia com o grupo norueguês. Outras investigações estão prestes a serem iniciadas”, disse um alto funcionário do Setor de Fiscalização da Receita Federal. As investigações futuras atingirão, entre outros investidores, um grupo espanhol que investiu nos últimos anos cerca de R$ 40 milhões no RN.

A Receita Federal colaborou de forma decisiva para identificar a lavagem de dinheiro da “B-Gang” no RN. O fisco explicou que o dinheiro – lícito e ilícito, obtido através de crimes – entrava de forma legal no País, via Banco Central, através de depósitos em contas de pessoas físicas, operações de câmbio ou por meio de empresas “espelho” com sedes no Brasil e no exterior. Era um sistema complexo, montado para dar um aspecto de legalidade a lavagem de dinheiro.

Como o dinheiro saía ainda é um mistério, que deve ser desvendado a partir da analise de uma pilha de documentos e dos arquivos de computadores apreendidos com a deflagração da “Operação Paraíso”.

A RF, no entanto, suspeita da forma como o dinheiro saída do país. “Ainda estamos analisando a saída do dinheiro, mas acreditamos que os envolvidos vendiam  imóveis no exterior e declaravam um valor inferior ao negociado. O dinheiro não declarado permanecia no exterior”, disse o funcionário. A tese será posta a prova nessa segunda etapa da investigação, considerada uma das mais complexas já realizadas pela RF no RN.

Noruegueses não são da quadrilha 

O empresário norueguês Geir Asbjorn Pettersborg, proprietário da Natal Eiendom Investimentos Imobiliários Ltda, também foi prejudicado com o organograma divulgado equivocadamente pela PF como sendo uma das pessoas que tinham ligação com o esquema de lavagem de dinheiro e a quadrilha internacional desbaratada esta semana. Ele não está implicado no caso. O advogado dele, Antônio Carlos de Souza Oliveira, esclarece que o empresário não está envolvido, em hipótese alguma, em negócios ilegais, tampouco com a quadrilha presa pela PF. “Todos os negócios dele são legais, tanto que ele não foi implicado”, disse.

O advogado explicou que Geir Asbjorn Pettersborg é um investidor sério e que o equívoco da PF, em divulgar o organograma a imprensa, com o nome de pessoas suspeitas junto com investidores honestos, trouxe prejuízo moral e financeiro para o empresário. “Alguém honesto não pode ser colocado no mesmo patamar de suspeitos”, falou. O advogado disse que seu cliente irá requerer administrativamente da PF para uma retratação. “Isso não irá resolver, mas vai minimizar a situação”, justificou. Outro equívoco do organograma feito pela PF é que Geir Asbjorn Pettersborg não tem negócios com o Grupo Natal Invest.

O norueguês Thomas Kristiansen também foi citado equivocadamente no mesmo organograma. Thomas Kristiansen informou através de um parente que mora em Natal que ele não tem ligação comercial com os citados, nem é sócio de nenhuma empresa. Ele apenas conhece algum dos envolvidos, mas não tem vínculo de amizade.

O jornal, participando involuntariamente do equívoco da PF – que divulgou o organograma durante uma coletiva de imprensa, na quarta-feira, e no dia seguinte reconheceu o equívoco – pede desculpas a Geir Asbjorn Pettersborg e a Thomas Kristiansen, bem como aos demais citados indevidamente.

Pelé nega envolvimento

A Polícia Federal quer ouvir o ex-jogador Pelé sobre a sociedade que ele teria no empreendimento King´s Flat, que está sendo construído em Ponta Negra, em parceria com investidores noruegueses investigados no esquema de lavagem de dinheiro.

A assessoria de imprensa de Pelé informou ao GloboEspote.com que a Polícia Federal não manteve nenhum contato com o ex-jogador. O assessor pessoal de Pelé, José Fornos Rodrigues, o Papito, esclareceu o caso: “O que aconteceu foi que o Pelé vendeu um terreno que possui em Natal para uma construtora da Paraíba que está tocando o empreendimento em Natal. Pelé não tem envolvimento algum e está tranqüilo”, disse.

A PF suspeita que o King´s Flat esteja sendo comercializado no exterior sem a devida comprovação fiscal sobre as transações financeiras.

Em relação à operação “Paraíso”, deflagrada pela Polícia Federal, na última quarta-feira (09), sobre crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por parte de um grupo de noruegueses, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Norte divulga a seguinte nota sobre a prisão do advogado Flaviano da Gama Fernandes:

OAB dilvulga nota

O CONSELHO SECCIONAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL-RN, por unanimidade, tendo em vista a recente operação realizada pela Polícia Federal, na qual foi envolvido o advogado Flaviano da Gama Fernandes, decidiu repudiar as atitudes arbitrárias de alguns delegados federais, em total desrespeito as prerrogativas do advogado, constrangendo a liberdade profissional sem a presença dos pressupostos do estado de flagrância, tampouco a tipicidade dos delitos a ele atribuídos, colocando o profissional em local inadequado, apesar do apelo da Presidência da Seccional, conduzindo-o pela carceragem, algemando-o e o transportando em camburão para o Quartel da Polícia Militar, em total afronta aos princípios da dignidade humana.

Para coibir tamanho abuso serão encaminhadas representações ao Conselho Federal da OAB, ao Ministério da Justiça, ao Ministério Público Federal e Corregedoria da Polícia Federal, para que seja assegurado e preservado o Estado Democrático de Direito, e o Brasil, através de suas instituições, respeite e zele sempre a dignidade dos seus cidadãos e não descambe a repetir as atitudes cometidas no período de exceção.

Conselho da OAB/RN

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