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Reconhecimento tardio

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Ramon Ribeiro
Repórter

Em 2017 completam-se 50 anos do surgimento do Poema Processo, movimento artístico com grande atuação de artistas potiguares e cariocas. Se em Natal pouco tem sido lembrado sobre o movimento, na Suíça a situação é diferente. Na semana passada foi realizada uma exposição com obras originais de vários dos expoente do Poema Processo. O evento aconteceu de forma paralela a Art Basel, uma das mais importantes feiras de arte do mundo, que acontece na Basiléia, na Suíça. Dentro os artistas com obras na exposição, alguns nomes conhecidos do Rio Grande do Norte, como Dailor Varela, Anchieta Fernandes, Moacy Cirne, Nei Leandro de Castro e Falves Silva.

Com grande atuação no Poema Processo, na Arte Postal brasileira e na ativa desde a década de 1960 até os dias de hoje, Falves Silva tem ganhado um tardio reconhecimento nacional. Desde 2016 representado pela Galeria Superfície, de São Paulo, o artista tem visto suas obras antigas e atuais rendendo exposições na capital paulista. “Círculo do Tempo”, uma retrospectiva de sua carreira, foi montada no Centro Cultural São Paulo, e “Sinais”, mostra de sua produção mais recente, foi apresentada na Galeria Superfície.

Em abril deste ano, durante a 13ª edição do Festival Internacional de Arte de São Paulo, a SP-Arte, nova individual, dessa vez, apenas com trabalhos relacionados ao Poema Processo. Foi durante a feira que um grupo de suíços se interessou em explorar o movimento em exposição na Basiléia. Quem montou a mostra foi Gustavo Nóbrega, diretor da Galeria Superfície.

Interesse no movimento Poema Processo aproxima obra de Falves das novas gerações e instituções que adquirem acervos.
Interesse no movimento Poema Processo aproxima obra de Falves das novas gerações e instituções que adquirem acervos.

“A ideia era mostrar na Suíça a fase inicial do movimento Poema Processo. Levamos obras da galeria e do acervo de colecionadores. Do Falves, mostramos trabalhos que compunham o envelope ‘Vírgula’, de 1972”, conta Gustavo. Para outubro, ele já tem programada nova exposição sobre o Poema Processo, dessa vez mais completa, sobre os 50 anos do movimento, que será montada na Galeria Superfície e na Biblioteca Mário de Andrade.

“O Poema Processo é um movimento de vanguarda histórica no Brasil. Nasceu de uma ruptura com o Poema Concreto. Em São Paulo ele teve pouca repercussão. Essas exposições na cidade tem o papel de levantar a importância histórica que o movimento teve no Brasil”, diz o diretor da galeria. “Há dois anos estamos trabalhando reunindo trabalhos do Poema Processo. Quero levantar a produção dos anos 1970, que ficou cristalizada, mas que não deixou de ser continuada. Até hoje, os artistas do movimento que estão vivos seguem produzindo, como Falves e Wlademir Dias-Pino”.

Interesse pelo trabalho de Falves
Gustavo conta que chegou até Falves Silva por meio da curadora potiguar Sânzia Pinheiro. Do artista, a Galeria Superfície conta com trabalhos de várias épocas e fases. “Falves tem uma trajetória grande que vai além do Poema Processo. Ele teve forte atuação na Arte Postal, tem obras de cunho político com técnica de colagem, há trabalhos em nanquim geométrico, que são decorrente do Poema Processo. No acervo temos obras da década de 1960 e 70, até trabalhos recentes. Ele é um artista que não parou de produzir”, diz o diretor.

Na capital paulista, Gustavo comenta que a repercussão ao trabalho de Falves tem sido positiva. “Na SP-Arte as vendas foram boas. Quem já conhecia o artista visitou o espaço da galeria já com a intenção de adquirir obras. Quem ainda não o conhecia, ficou surpreso. Vendemos obras para colecionadores e instituições importantes, como o Itau Cultural”, detalha.

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