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Reconstrução começa pela atenção à saúde básica

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Para reverter o caos social no Haiti, agravado pelo terremoto que destruiu a capital, Porto Príncipe, na última terça-feira (12), deve ser priorizada a saúde básica no processo de reconstrução do país. A sugestão é da socióloga e ex-ministra de Assistência Social Wanda Engel.

Sobreviventes recebem atendimento de emergência nas ruasEm entrevista à Agência Brasil ela destacou a necessidade de concentrar a atenção na área de educação, incluindo a capacitação dos jovens “para serem os construtores de um novo país”. Mais da metade do povo haitiano tem menos de 18 anos.

Atual superintendente executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel lembrou que o Haiti apresenta os piores índices sociais de toda a América Latina, “em termos de renda, de analfabetismo, de mortalidade infantil, de desnutrição, cujos índices se assemelhavam aos da Guatemala”.

Nesse particular, a ex-ministra destacou a coincidência de a médica Zilda Arns, que conseguiu reverter os índices de desnutrição infantil no Brasil, estar justamente no Haiti no dia do terremoto, onde pretendia iniciar um trabalho com o mesmo objetivo.

Para Wanda Engel, índices tão ruins refletem a fragilidade institucional que já havia no Haiti e se somam agora ao caos instalado. Ela destacou a necessidade de ajuda internacional em todos os níveis, mas advertiu que não adianta “só botar o dinheiro lá”.

“Tem que haver um reforço institucional para um país que perde grande parte de sua população e não dá o mínimo de condições para o povo. Ali é caos do caos mesmo”. A socióloga lembrou também que é necessário educar o próprio povo haitiano. “Uma questão do povo e das próprias instituições. Você não consegue chegar ao povo se não tiver institucionalidade. Ou seja, serviços de saúde, serviços de educação, refazer o serviço de transporte. Tudo faz parte de uma engrenagem. E se essa engrenagem quebra, ela tem de ser reconstituída em todas as suas partes”.

Segundo Wanda Engels, não adianta dar educação se o povo não tem saúde para aproveitar a oportunidade educacional, por exemplo. “É um todo que vai ter de ser reconstituído. Dinheiro é bom. Mas, sem institucionalidade, não vai adiantar de nada”.

No lado social, ela observou que a condição essencial é as pessoas estarem vivas e com um mínimo de saúde. “Você tem aqui a questão da saúde como prioridade absoluta neste momento. Depois, eu daria prioridade a reconstruir escolas e ao sistema de mobilização, além da capacitação dos jovens”.

Necessidade mais urgente é por doações de antibióticos

Milhares de pessoas feridas no violento terremoto que abalou o Haiti precisam urgentemente de atendimento médico e cirurgias, explicou Stefano Zannini, porta-voz da equipe da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) que está no país caribenho.

A maioria dos feridos sofre de fraturas, expostas ou não, destacou o porta-voz, afirmando que a MSF está se preparando para receber muito mais feridos. Eles não param de chegar nos hospitais improvisados pela MSF, pelas tropas de paz da ONU e pelo que restou do corpo médico haitiano. “O pior está provavelmente por vir”, comentou Zannini, em referência as conseqüências sanitárias após cinco dias com corpos insepultos pelas ruas e sob escombros e uma população de sobreviventes desesperados e sem acesso ao abastecimento de água potável, remédios e alimentos adequados.

Segundo o médico, a MSF prestou atendimento a “mais de 2.000 pessoas” desde o terremoto que arrasou Porto Príncipe.

Desde a última quinta-feira, a MSF instalou seu quartel-general no hospital de Chofcal, na favela Cité Soleil, no norte da capital, onde deu início a várias cirurgias.

Um dos primeiros procedimentos efetuados foi “um parto complicado que exigiu uma cesária mas que terminou bem: a mãe e o bebê sobreviveram”, relatou. A MSF está verificando outras estruturas para instalar outros blocos operatórios, ressaltou Zannini.

Após as horas passadas na resolução de problemas logísticos, as equipes da MSF querem agora se focalizar apenas no atendimento médico, afirmou o responsável. A necessidade mais urgente, segundo Zannini, é por antibióticos e equipamentos técnicos. Vinte e cinco funcionários internacionais da MSF já chegaram ao Haiti para reforçar as equipes no local, e “outros vão chegar nos próximos dias”, destacou.

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