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Redução de tarifa vai custar R$ 800 mil/mês à Caern

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A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) calcula que a redução da conta dos moradores de 17 bairros, determinada terça-feira, pela Justiça, em razão da contaminação da água por nitrato, representará R$ 800 mil a menos por mês em Natal.

Para tentar contornar o problema da contaminação da água em Natal,  a Caern tem três obras programadas. A ampliação da adutora do Jiqui, a implantação do sistema adutor do Rio Doce (na zona Norte) e a construção de uma nova adutora na lagoa de Extremoz estão em fase de licitação, mas segundo a Caern, as obras começam ainda esse ano. O orçamento é de R$23 milhões 873 mil 962 e a obra deve durar em média um ano.

A Caern acredita que devido aos projetos, que estão em andamento, a decisão da juíza Vanessa Lysandra Fernandes, de exigir que a companhia reduza pela metade o valor da conta de água em 17 bairros de Natal, é precipitada. “Estamos em fase de licitação, o projeto precisa de tempo para ser posto em prática”, disse Soraya de Souza, gerente de projetos da Caern. Ela explicou que o objetivo das três obras é abrir novos poços (não contaminados) e interligá-los aos poços que já estão com índices de nitrato altos.

“Iremos diluir essa água para reduzir as taxas de nitrato”, afirmou. No total as obras devem beneficiar uma população de aproximadamente 717 mil habitantes, de toda a zona Norte (exceto o conjunto Parque dos Coqueiros) e outros 24 bairros de Natal. Os recursos para as obras vêm do Ministério das Cidades, através de um empréstimo ao Governo do Estado. A licitação do sistema adutor do Rio Doce será aberta no dia 18 de setembro, já as outras duas obras terão licitação aberta dia 25 de setembro.

Segundo o assessor de gestão empresarial da Caern, Marcos Rocha, a previsão de conclusão das obras de Extremoz e do Jiqui é de um ano. “Acredito que no final desse ano as obras comecem e devem durar 12 meses”. Já a implantação do sistema na zona Norte (Rio Doce) vai durar quatro meses. “É mais simples”. De acordo com ele, cinco novos poços serão cavados na lagoa do Jiqui, o que vai auxiliar na derivação de água sem nitrato (ou com baixa concentração). Na lagoa de Extremoz será construída uma nova adutora, mas a antiga não vai deixar de ser utilizada. Na zona Norte, quatro novos poços irão auxiliar na distribuição de água.

O geólogo da Caern, Marcelo Queiroz, informou que os recursos estão assegurados. Mas apesar disso, ele acredita que o valor que deixará de ser arrecadado, com a redução de 50% nas contas de água, fará diferença nas ações da Caern. “Para realizar ações de redução de nitrato na água é preciso investimento. E ainda querem reduzir a arrecadação da Caern, desse jeito fica difícil”, afirmou.

Segundo o assessor de gestão empresarial, Marcos Rocha, a decisão também é injusta porque a redução dos 50% será em relação ao valor final da conta e não na taxa mínima de pagamento. “Esses 50% são variáveis de acordo com o consumo de cada um. Se uma pessoa tem uma conta de R$20 vai pagar R$10 e outra tem uma conta de R$500, vai pagar R$250. Então uma pessoa vai gastar R$10 para comprar água mineral e outra R$250. Isso é injusto”, afirmou. A Caern vai recorrer da decisão.

Para geólogo contaminação é reversível

O geólogo da Caern, Marcelo Queiroz, acredita que a contaminação do nitrato nos aqüíferos de Natal é reversível. De acordo com ele, existem 139 poços em operação na cidade. Atualmente são 29 os poços desativados por altos índices de nitrato (acima de 10 mg por litro de água). Esses poços não voltarão a ser utilizados, a menos que haja um processo de descontaminação total da área. “Mas isso é coisa para muitos anos”. Do total de poços em operação, 42% apresentam algum grau de contaminação por nitrato, em Natal.

De acordo com o geólogo, a Caern está “atacando” o problema do nitrato pelo efeito. “Primeiro estamos trabalhando com o efeito, que é fechar os poços contaminados e tentar diluir essa água. Depois iremos atacar as causas da contaminação do nitrato”.

Ele acredita que quando as causas estiverem sendo evitadas, o efeito também deixará de existir. Para ele a carência de esgotamento sanitário em Natal é a principal causa de contaminação dos aqüíferos. “Mas eu não diria que o saneamento de toda a cidade irá resolver completamente a questão da contaminação”.

Para Marcelo Queiróz é preciso lembrar que mesmo que o esgotamento sanitário ajude muito, o aqüífero ainda estará contaminado. “Mas mesmo assim acredito que existem formas de acelerar a descontaminação dessa água”. O problema segundo ele, é que para diluir o nitrato no subsolo é preciso que a água da chuva seja absorvida. “Mas nós estamos em uma cidade cada vez mais impermeável, por causa do asfalto”. 

De acordo com ele, existe uma maneira de captar águas de chuvas e injetá-las no solo (nos aqüíferos) para diluir o nitrato. “Só que para isso é preciso dinheiro e tempo, porque será necessário desviar galerias pluviais, colocar bombas. Mas são medidas que terão que ser tomadas”, disse.

Assessor alerta para o aumento do desperdício

O assessor de gestão empresarial da Caern, Marcos Rocha, acredita que com a redução da conta, o desperdício de água vai aumentar. Para ele o fato de a população gastar menos com a conta, fará com que as pessoas não se importem em poupar a água. “Muita gente vai ver que está gastando menos e vai começar a desperdiçar, deixando torneiras e mangueiras abertas”, disse.

A definição judicial ocorreu devido à ingestão de água com concentrações de nitrato. Mas de acordo com Marcos Rocha, a decisão da juíza Vanessa Lysandra vai afetar também a utilização de água para outros fins, como a lavagem de carros, calçadas, roupas e louças. “O problema com o nitrato é só para beber, e isso nem é comprovado. Mas quando a conta começar a vir mais baixa, haverá desperdício certamente”.

Indicações do Ministério da Saúde apontam para o risco de problemas gástricos e alguns tipos de câncer (como o de estômago), quando o consumo de água com altos níveis de nitrato é prolongado.

Bairros afetados

Lagoa Seca
Dix-Sept Rosado
Quintas
Bairro Nordeste
Alecrim (apenas a parte dos consumidores abastecida pelo reservatório 4)
Potilândia
Nova Descoberta
Morro Branco
Lagoa Nova
Nazaré
Bom Pastor (abastecido pelo reservatório 5)
Felipe Camarão
Cidade Nova (abastecidos pelo reservatório 9)
Pirangi
Jiqui
Gramoré
Pajuçara.

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