quinta-feira, 28 de março, 2024
31.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Reféns da dor

- Publicidade -

Carla França – Repórter

Mãos e braços em boa forma! É o que a jornalista R. Maia mais precisa para trabalhar. Porém, a rotina de horas utilizando o computador trouxe-lhe prejuízos. Há dois anos sofre com tendinite no punho e no ombro. Começou com um desconforto, depois as dores aumentaram a ponto de tornarem-se insuportáveis. “Comecei a sentir as dores ainda na faculdade, quando estava fazendo o meu Trabalho de Conclusão de Curso, pois digitava bastante. Depois que comecei a trabalhar, elas se tornaram constantes. Fui ao médico e ele diagnosticou tendinite. Desde então tento conviver com as dores. Casos como o de Roberta estão cada vez mais frequentes devido ao uso excessivo de computadores e outros equipamentos eletrônicos, como o vídeogame. São as chamadas Lesões por Esforço Repetitivo (LER), causadas por sobrecarga muscular e articular. As mais comuns são tendinite (inflamação dos tendões); epicondilite (inflamação das estruturas do cotovelo) e bursite (inflamação das bursas – bolsas que se situam entre os ossos e tendões das articulações do ombro).

Os sintomas variam de acordo com cada paciente. Os mais relatos são dormência, dor noturna, dor quando se realiza algum movimento que esforce o braço ou até mesmo em repouso. “A recomendação é procurar o médico logo que o paciente sentir qualquer desconforto para que seja feito o diagnóstico com antecedência, pois quanto mais cedo começar o tratamento, mais eficaz e rápido será o resultado”, explica o ortopedista e especialista em ombro e cotovelo, João Felipe Medeiros. Foi o que fez a agente de vendas Bárbara Paiva. Pouco tempo depois do aparecimento dos sintomas ela buscou o atendimento médico. “Passo muito tempo no computador, cerca de 10 horas por dia”, diz.  Exames de imagens como raio-x e ultrassonografia, devem ser feitos para que seja dado o diagnóstico correto.“Deve-se ficar atento, pois nem toda dor no ombro é bursite ou no braço é tendinite”, alerta o médico.

Dores atormentam, mas é possível buscar alternativas para prevenir, tratar curar as lesões por esforço repetitivo

Tendinite tem cura, mas é preciso mudar a postura

A indicação de anti-inflamatórios e a fisioterapia é apenas uma etapa do tratamento para tendinite, patologia que muitos acreditam não ter cura. Mas o ortopedista João Filipe Medeiros, desmente esse mito.

“Fazendo o tratamento de forma correta e reeducando o modo como se trabalha a mão, por exemplo, o paciente não terá mais queixas de dor”, explica o médico.

Para o educador físico, especializado em fisiologia do exercício, Márcio Mousinho, o paciente que sofre de tendinite não pode continuar com a mesma carga de trabalho de antes.

“O tendão está desgastado, inflamado e é preciso um período de repouso para que ele se recupere. Se tomar os analgésicos e não der descanso para a região lesionada não vai adiantar de nada. Vai ser  sentida uma melhora, mas depois de algum tempo a dor vai voltar e ainda mais forte”, explica Maurício Mousinho.

O problema é que não é todo mundo que tem condições financeiras de abandonar o trabalho para se dedicar ao tratamento contra a tendinite. Mas então o que fazer para evitar o surgimento das lesões e aliviar as dores incômodas?

Já que a maioria dos casos de tendinite é relacionada ao trabalho, o ideal é tentar mudar esse ambiente. A primeira dica é fazer intervalo, de cinco minutos, a cada duas horas de trabalho. Nesse tempo, procure se movimentar para melhorar a circulação sanguínea e a oxigenação.

Outro ponto é a realização de alongamentos antes, durante e depois do trabalho (ver infográfico). “Assim como um atleta faz o alongamento antes da atividade física, é muito importante quem realiza muitos movimentos repetitivos também se alongue”, diz.

Um aspecto muito importante diz respeito a ergonomia, que tem o objetivo de modificar o ambiente para proporcionar o bem-estar ao indivíduo.

“Os pés devem estar totalmente apoiados no chão, os braços e os pulsos também, teclado e monitor diretamente a frente do trabalhador. Além disso, o monitor tem que estar na altura dos olhos para evitar as dores no pescoço”, explica Mousinho.

Para o educador físico, alimentação balanceada é vital não só para o tratamento, mas também para a prevenção da tendinite. A alimentação balanceada é vital não só para o tratamento da tendinite, mas também para a sua prevenção.

A atividade física também ajuda bastante no fortalecimento da musculatura, principalmente para os idosos, pois os tendões também envelhecem com o tempo. “Com relação ao ombro, por exemplo, acontece um envelhecimento normal. Tanto que após 65 anos, 25% deles tem lesão no ombro”, revela o médico João Felipe Medeiros.

Mas é preciso ter cautela com as atividades físicas. Quem está com os tendões inflamados deve primeiro fazer o tratamento e só depois retomar ou iniciar os exercícios. Nesse ponto também é importante procurar um profissional capacitado. “Só ele poderá fazer uma avaliação física funcional no paciente para determinar qual o melhor exercício. Caso contrário, as lesões podem voltar a incomodar”, explica Mousinho.

E fica o alerta! Se a tendinite não for tratada em tempo ou da maneira adequada pode haver sequelas. A pessoa não tratada pode sofrer uma ruptura do tendão após um período de inflamação mal cuidado. Pode continuar com as dores e se tornar incapaz para o trabalho. Por último, vale lembrar que os casos mal curados podem acabar necessitando de cirurgia.

O tratamento

O afastamento do trabalho é uma medida importante para o tratamento, pois significa afastar o trabalhador dos fatores de risco (esforços repetitivos, pressões, excesso no ritmo e na jornada). Além disso, recursos como medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, reeducação quanto ao uso do membro lesionado e fisioterapia são opções de tratamento.

Acupuntura é alternativa

Na luta contra a tendinite, a acupuntura vem se apresentando como uma alternativa eficaz para o alívio das dores provocadas por esse processo inflamatório. De acordo com o Acupuncture: Review And Analysis Of Reports On Controlled Clinical Trials, estudo feito Organização Mundial de Saúde, a proporção de dor crônica aliviada pela técnica está entre 55%-95%, resultado mais favorável que drogas potentes, como a morfina, que ajuda em até 70% dos casos.Para a OMS, os efeitos colaterais de terapias medicamentosas (grande risco de dependência, por exemplo) tornam a analgesia pela acupuntura – que não tem efeito colateral- a escolha para o tratamento de várias condições dolorosas crônicas. Além disso, a técnica traz alívio logo nas primeiras sessões e tem mecanismo de ação bem definido.“A acupuntura trabalha com a energia do corpo, buscando equilibrá-la. Não é colocada nenhuma substância química nas agulhas, elas estimulam as fibras nervosas do organismo, essas por sua vez liberam os neurotransmissores que vão até o sistema nervoso atuando na diminuição das dores”, explica a médica especialista em acupuntura, Graça Gomes.  Ainda segundo a especialista, existem vários pontos de pressão no nosso corpo  — onde são colocadas as agulhas — e cada um deles atua melhor para uma determinada patologia. Esses pontos são divididos em locais e à distância. Geralmente, a primeira sessão é feita nos pontos à distância, evitando assim mexer na região da dor, pois está inflamada. No decorrer do tratamento, faz-se também nos pontos locais.“Quando o paciente está no processo inflamatório recomendamos uma sessão a cada três dias, depois uma vez por semana. Recomendamos um tratamento com o mínimo de dez sessões, mas nos casos mais agudos podem ser mais. A duração varia de acordo com cada paciente”, diz  a médica. Outra vantagem  é que praticamente não existem restrições quanto a quem pode fazer ou que tipo de enfermidades são tratadas. Mas alguns médicos, como é o caso da Drª Graça Gomes, optam por não realizar sessões com  gestantes até o terceiro mês, pois alguns especialistas acreditam  que existem alguns pontos abortivos — embora não haja nenhuma comprovação na literatura médica.

Serviço:
João Felipe Medeiros (ortopedista, especialista em ombros e cotovelos): Clínica de Fraturas – Av. Antônio Basílio , 3117. Tel: 3211-3780
Márcio Mousinho (Educador Físico especialista em Fisiologia): Personal Center- Av. Nascimento de Castro nº1527. Tel:3213-3912.
Graça Gomes – Clínica Cemed- Av. Ângelo Varela nº 1023 Tel. 3211-4307

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas