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Reflexões nas adegas locais

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Não há uma data precisa nem um possível inventor para o vinho.  Há 2 milhões de anos já coexistiam as uvas e o homem que as podia colher, sendo, portanto, o suficiente para que este povo pudesse ter conhecido o vinho. 

Marcelo Chianca com cliente em sua adega no Magazzino: “Impostos são os maiores entraves”Apesar disso, o vinho ganhou um dia só seu, o Dia do Vinho é comemorado no próximo dia 16 de junho e o caderno Fim de Semana foi em busca de enólogos e enófilos para discutir mercado potiguar, vinhos brasileiros, o perfil do consumidor, entre outros assuntos.

A frase “Uma refeição simples, com vinho vira um banquete” pode ser a síntese da importância do néctar da uva e sua ligação direta com a gastronomia. Não faz muito tempo que Natal começou a inserir o vinho em sua pauta gastronômica. Salvo o conhecimento individual de  casos isolados, até pouco tempo o consumo do vinho era restrito a coquetéis e datas comemorativas como Semana Santa e Natal.

Após um boom no consumo e a abertura de espaços especializados na venda do vinho, o mercado aos poucos vai caindo na real e buscando caminhos para aproximar o vinho das pessoas.

Segundo especialistas, a demanda de consumo é bem menor do que a diversificada oferta de produtos. “O mercado de vinhos em Natal oferece uma oferta muito maior do que o consumo. Várias pessoas estão investindo neste nicho, o mercado está em ebulição porém o consumo ainda é muito limitado.”, analisa o enólogo Gilvan Passos.

Outros acreditam que o crescimento é lento porém constante. “Eu vejo o mercado com um crescimento contínuo. A euforia inicial já passou. O que está acontecendo é a consolidação desse mercado. O crescimento é mais lento, porém constante”, afirma o consultor Antonio Alves.

Um dos estímulos do comércio varejista foi a ampliação e a adaptação dos supermercados da cidade aos espaços destinados ao vinho. Mas a lenda de que ele é um artigo de luxo, e que é preciso entender sobre o assunto para poder consumi-lo, ainda distancia o grande público das prateleiras. Sobre isso, o consultor Antonio Alves desmitifica. “O brasileiro, de maneira geral, escolhe o vinho pelo preço. Hoje há uma tendência em consumir vinhos de preço baixo entre 15 e 50 reais. Sabendo escolher, podemos encontrar bons vinhos.”, afirma Antonio, que presta consultoria para a Uvifrios Food Service.

Mas para o proprietário da Magazzino Delicatessen  e enófilo Marcelo Chianca, com o hábito de consumir vinho o grau de exigência vai aumentando. “Quando se começa a apreciar um bom vinho vamos ficando mais exigentes e o preço vai ficando em segundo plano”, afirma o empresário que foi um dos pioneiros na comercialização de vinhos e o primeiro a climatizar o produto.

Embora ainda exista uma certa resistência ao rótulo nacional, com a preferência para vinhos de tradicionais fabricantes de vinho da América do Sul e Europa, como Chile, Argentina, Itália e França. Existe uma unanimidade em torno da boa qualidade e destaque de vendas para os espumantes produzidos no Brasil. “No mercado de vinhos tintos e brancos perdemos para os vinhos da Argentina, porém ganhamos espaço de mercado no segmento de espumantes, inclusive no exterior”, afirma Gilvan Passos.

Para o consultor Antonio  Alves, os espumantes nacionais também estão em alta. “O espumante Salton Virtude Chardonnay (R$ 35,00) é produzido na serra gaucha e trata-se de um vinho excelente. Não deixa a desejar a nenhum Chardonnay de outras partes do mundo”. As opiniões são unanimes sobre a necessidade de fomentar o mercado com novos apreciadores de vinho. Para os especialistas o melhor caminho é a realização de confrarias, degustações, cursos, workshops e eventos que pontuem a formação e senso crítico de novos admiradores de vinho. Outro ponto que atrapalha a popularização do produto no mercado brasileiro são os altos impostos, que hoje variam em 40% para o vinho nacional e 125% (isso mesmo!) para os importados. “O empresário que trabalha com venda de vinhos sofre muito por causa do imposto. O produto já sai fábrica em desvantagem”, disse Chianca.

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