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Reforma e barganha

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Vicente Serejo
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COLUNA
Ninguém, com um mínimo de bom senso e serenidade, pode ser contra a uma reforma da previdência que vai, nas esferas federal e estadual, promover a longevidade saudável das contas. Se a segurança é indispensável, também é o compromisso de justiça social que nunca esteve ameaçada pelos assalariados, e sim pelos privilégios de castas que nas últimas décadas legislaram em causa própria, arrimadas em direitos sempre impostos ao texto constitucional.

Numa ordem de grandeza, e o cálculo está no noticiário sem desmentidos, a economia conquistada repousa na faixa de um a três salários mínimos representando 82% dos valores apontados em torno dos R$ 800 bilhões de reais economizados. Estabilidade que ninguém ousa garantir, na medida em que depende da prática a ser observada ao longo dos próximos dez anos. E, se até lá, as mesmas castas não encontrarem as fórmulas de novos privilégios. 

A questão não reside hoje, mas na falta de garantia para amanhã, em nome do poder aquisitivo de alguns estamentos que poderão criar novos sistemas paralelos de previdência sob o argumento do poder aquisitivo de salários elevados. Se ocorrer fora da previdência privada será incontrolável. A reforma cairá no leito dos que podem fazê-lo, como no caso dos poderes judiciário e legislativo e suas extensões, ficando o crivo aos que nunca poderiam.

A desigualdade, já disse o publicitário Nizan Guanaes, em artigo assinado na Folha de S. Paulo, é uma serpente. E como tal, de difícil controle de sua fome. E a desigualdade além da conta que tem desovado sem pudor os ovos chocados no calor de suas artimanhas diante da opinião pública. No caso, com a comodidade de que só terá seu veneno exposto nos próximos dez anos, sem que se possa medir, antes disso, as reações a serem coletivamente sentidas.

E tudo nasce do jogo de barganhas que o texto do governo engendrou para que toda a discussão fosse travada nos plenários da Câmara e Senado Federal. Basta observar que todos os ganhos nasceram nas mesas legislativas e não nos gabinetes, como iscas apetitosas que o parlamento discutiria. O governo, com uma habilidade só percebida por alguns, sugeriu os absurdos como pagar valores menores do que o salário mínimo, para fisgar o peixe grande.

Aprovada, com avanços inegáveis, a reforma cairá agora na vida de cada cidadão e cidadã com as bem calculadas lentidão e suavidade que postergam para depois do governo atual, e ainda que venha a ter um segundo mandato, jogando no futuro consequências que nos dias de hoje é impossível imaginar. Não foi à toa o empenho em desconstitucionalizar algumas garantias de um sistema solidário que os fortes distorceram. Só o futuro vai dizer.

ZERO – Garantia ontem cedo um secretário que a governadora Fátima Bezerra não tem hoje a menor chance de pagar atrasado este ano, a não ser com ajuda do governo federal. Nenhuma.

ALIÁS – A mesma fonte afirma que por ter economizado ao máximo fecha os treze meses do primeiro ano de governo, e só. Não há certeza de que a grana do pré-sal chega até fim do ano.

AVISO – A nova pistola Taurus Spectrum 380, colorida, parece de brinquedo. Não é. É tudo jogo da indústria armamentista tentando sensibilizar a coragem feminina nesse tempo de luta.

Ó – Uma bandeira norte-americana, na mesma forma e em cores iguais, drapeja bem no alto da platibanda do Açaí Pro, na Av. Afonso Pena, de frente para O Talher. Ó tempora, ó mores! 

SOL – Uma emenda do deputado Alexandre Freitas, do Rio, obriga a Assembléia carioca a divulgar a relação de assessores de cada deputado, função e salário, com toda transparência.

ESPELHO – A Assembléia Legislativa do Estado bem que poderia imitar a do Rio e mostrar quantos e quem são os assessores de cada deputado. Daria para se entender alguns mistérios.

TRISTEZA – Não sei quem mandou para Rejane a foto de Alain Delon hoje coberto de rugas. Caricatura daquele a quem ela pediu o autógrafo, em Paris, em 1968. Ela triste, apagou.

PRECE – De Nino, o filósofo do Beco da Lama, no tédio desses dias desertos que escorrem na tarde monótona e vendo uma mulher bonita bebendo sozinha no botequim: “Benza Deus!”.     

FRANCO – O povo espanhol venceu e os restos mortais do generalíssimo Francisco Franco foram retirados do Vale de Los Caídos e sepultados no cemitério de El Pardo, em Madrid. O ditador, autor de atrocidades, é condenado pelo povo da Espanha 44 anos depois de sua morte.

SENTIDO – A saída dos restos mortais de Franco, de Los Caídos, é o grande ato simbólico de respeito à liberdade. A Basílica se tornou lugar de exaltação da memória de um ditador que a Espanha tinha vergonha de manter no grande templo construído com a dor dos prisioneiros.

HISTÓRIA – Franco subiu ao poder na guerra civil e deixou a herança hedionda de um rastro de perseguição e morte de milhares de espanhóis, entre 1939 e 1975. A ditadura nasceu com o apoio de Adolf Hitler e Benito Mussolini. A liberdade renasce, mas agora sobre seu cadáver. 

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