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Regras mais duras afetam empresas

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Sara Vasconcelos
Repórter

A economia retraída e o maior rigor dos bancos têm travado – ainda mais – o acesso a linhas de crédito para operações do dia-a-dia das empresas, o chamado capital de giro. Taxas de juros mais altas,  exigência de garantias reais e  prazos cada vez mais enxutos são algumas das dificuldades enfrentadas na hora de renovar o financiamento. 
Na construção, dificuldade para obter capital de giro tem atrapalhado até pagamento de salários
Dados divulgados pela Federação das Indústrias do estado (Fiern) mostram que 45% das empresas industriais potiguares que renovaram o empréstimo, o fizeram em condições piores neste ano. Os dados são da Sondagem especial ‘Financiamento para Capital de Giro’, feita pela Fiern e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), junto a indústrias extrativas e de transformação e as de construção do Estado.

A pesquisa mostra ainda que em meio a negativa dos bancos, caso de 35% das empresas consultadas, ou a aprovação  de valor inferior (para 40% delas) do crédito solicitado, muitos empreendimentos precisam rever e até adiar compromissos.

#SAIBAMAIS#Sem os recursos para  manter as atividades corriqueiras, explica a gerente da Unidade de Economia e Estatística da Fiern, Sandra Lúcia Cavalcanti, empresas são obrigadas a renegociar prazo de pagamento junto a fornecedores de insumos e matérias-primas e até a atrasar os salários de funcionários.“Essa conjuntura é preocupante, uma vez que o capital de giro é recurso essencial para sustentar as operações do cotidiano das empresas”, afirma Sandra Cavalcanti.

A busca por capital de giro, pondera a gerente da Unidade de Orientação Empresarial do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa no Rio Grande do Norte (Sebrae/RN), Gilvanise Borba, em vez de apontar crescimento – como no caso do crédito para investimento -, indica que as finanças da empresa precisam de complementação, ou seja, o lucro gerado pela empresa  não é suficiente para manter todas as operações sem recorrer a recurso externo. Pesquisa do Sebrae “Financiamento dos pequenos negócios no Brasil”, divulgada em novembro passado, mostra que 58% dos pedidos de crédito feito pelas MPEs era de capital de giro. “Com o desaquecimento da economia, neste período de crise, as empresas precisam com mais frequência se valer do financiamento bancário”, disse a gerente.

Consequências

Segundo a sondagem da Fiern, 80% das empresas industriais sofreram algum impacto significativo por não receber o montante total de recursos  solicitados. As consequências variam de acordo com a finalidade dada  por cada setor ao recurso.

O  maior impacto, pontua a economista Sandra Cavalcanti, é na construção civil onde 50% das empresas que buscaram o recurso reclamam das condições desfavoráveis. “O atraso de salários é a principal implicação na indústria da construção, que já fechou 2 mil postos de trabalho, de janeiro a maio”, disse.

 Já  na indústria extrativista e de transformação, o crédito é destinado à aquisição de insumos a matérias-primas. Sem a linha integralmente renovada este é a operação mais afetada.

O problema é ainda maior no âmbito das micro e pequenas empresas, revela a gerente do Sebrae, Gilvanise Borba. Além das dificuldades em relação a taxa de juros elevadas, prazos e garantia, ainda enfrentam  a falta de avalista, falta de garantia real, documentação fiscal e contábil.

A garantia real, antes restrita a concessão de crédito para investimento, passou a ser uma condicionante também para obtenção do dinheiro para giro. Com maiores limitações que as grandes, 45% das micro e pequenas dão um veículo como garantia. “Às vezes, é o único carro e isso pode comprometer as atividades da empresa”, afirma a gerente do Sebrae.

CAPITAL DE GIRO

O que dizem empresas sobre o acesso a esse crédito.

COMO USA O CAPITAL DE GIRO – INDÚSTRIA POTIGUAR
52% para pagar a fornecedores
13% para refinanciar ou quitar dívida anterior
13% para pagar despesas com funcionários (salários e indenizações)
4% para atender obrigações fiscais e previdenciárias

ACESSO
35% das empresas não conseguiram contratar/renovar 40% receberam apenas parte do valor solicitado

DIFICULDADES QUE VEEM
71% taxa de juros elevadas
50% exigência de garantias
29% processo burocrático/lento

CONSEQUÊNCIAS
42% negociação de novos prazos de pagamento com fornecedores
17%  fechamento de linhas produtivas
17% atraso no pagamento de salários
8% corte de pessoal
8% atraso de pagamento a fornecedores
8% atraso de pagamento de tributos

OUTROS NÚMEROS
52 micro e pequenas empresas do RN nos setores de comércio, serviços e indústria ouvidas pelo Sebrae
58% dos pedidos de empréstimo feito pelas MPEs são para capital de giro
67% destes empréstimos são para pagamento de fornecedores
R$ 32,5 mil é o valor médio pedido pelas empresas
45% dão veículos como bem para garantia real na hora de solicitar o crédito
R$ 29 mil era o valor médio aprovado pelos bancos em novembro do ano passado

Fontes: Sondagem Fiern-CNI/ Financiamento pequenos negócios-Sebrae

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