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Reitor da UFRN fala sobre desafios de manter a universidade com cortes

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Mariana Ceci
Repórter

Manter abertas as portas da Universidade e garantir um padrão de excelência de pesquisa, ensino e extensão com orçamentos reduzidos e que não acompanharam o crescimento da instituição nos últimos anos são os principais desafios enfrentados pela Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em 2019. Há 100 dias à frente da Universidade, o reitor José Daniel Diniz concedeu uma coletiva de imprensa na manhã da última quinta-feira (7) para fazer um balanço dos 100 primeiros dias de gestão. Apesar do orçamento de custeio da Universidade ter sido desbloqueado pelo Governo Federal, a reitoria ainda aguarda a liberação de 50% do orçamento de investimentos, e busca alternativas e parcerias para garantir eventos acadêmicos como a Cientec, principal feira de divulgação científica da Universidade, que não aconteceu em 2019 por falta de recursos.

Há 100 dias à frente da UFRN, o reitor José Daniel Diniz concedeu coletiva para fazer um balanço sobre sua gestão


Há 100 dias à frente da UFRN, o reitor José Daniel Diniz concedeu coletiva para fazer um balanço sobre sua gestão

“Hoje, há um discurso muito forte de que as universidades, diante da situação econômica no país, devem fazer a sua parte e reduzir os custos. Entretanto, se analisarmos os números e a evolução no orçamento, vamos ver que esse esforço já vem sendo feito há anos pelos gestores”, afirma o reitor.

De acordo com os dados dos repasses do Governo Federal às Universidades públicas, apresentado na coletiva, o ano de 2013 foi o último em que o orçamento previsto e o orçamento empenhado pelas instituições foram compatíveis.

Além disso, a partir daquele ano, os valores orçamentários previstos também começaram a cair, a fim de adequarem-se aos repasses reduzidos, atingindo seu ponto mais baixo em 2018, quando a previsão orçamentária era superior a R$ 6 bilhões. Em anos anteriores, como 2015, por exemplo, a previsão era de R$ 8,8 bilhões.

Em relação à UFRN, a evolução de despesas com servidores terceirizados, que hoje somam cerca de 1,5 mil, responsáveis por garantir o funcionamento da instituição, da abertura de laboratórios à segurança, permaneceu praticamente estagnada de 2014 a 2018, mesmo com o aumento da área construída na Universidade.  “A universidade teve um momento de grande expansão, mas não tivemos um crescimento de orçamento para acompanhá-la. O resultado é que temos um número muito inferior de servidores terceirizados do que seria ideal para dar conta de todas as áreas construídas”, diz o reitor.

Além dos desafios, o reitor apresentou também, no balanço, os principais destaques acadêmicos obtidos pela instituição ao longo de 2019, como o título de universidade mais empreendedora da região Nordeste, concedido à UFRN pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores – Brasil Júnior. A UFRN ocupa o 11º lugar no ranking nacional, sendo a primeira tanto das regiões Norte como Nordeste na lista. Além disso, a instituição foi a 13ª colocada entre as universidades brasileiras com produção de maior impacto científico, de acordo com a Clarivate Analytics.

Confira alguns dos pontos abordados pelo reitor no balanço dos 100 primeiros dias de gestão:

Future-se
Até o momento, o reitor afirma que a UFRN não pretende se posicionar sobre o projeto do Governo Federal que pretende modificar as fontes de financiamento das universidades e institutos federais do país. “A posição da associação nacional de dirigentes tem sido de aguardar a versão que efetivamente será encaminhada ao Congresso e, só então, a Associação vai se posicionar e trabalhar junto com o Congresso para que, caso a proposta seja aprovada, preserve os interesses das universidades federais”, afirma. Ele destaca, ainda, que o Instituto Internacional de Física, que vem sendo utilizado como exemplo por adeptos ao Future-se de financiamento alternativo, não tem relação direta com o projeto, e também não representa, necessariamente, um modelo de sucesso para todos os departamentos da instituição. “É um modelo que se adequa bem àquele instituto, e isso não quer dizer que esse é um modelo que a Universidade quer para a gestão da universidade como um todo”, afirma Diniz.

Enem
Os cortes no orçamento da universidade não devem provocar uma redução no número de vagas ofertadas pela instituição pelo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Ao todo, são 6.933 vagas, que devem ser mantidas. “A expectativa é sempre muito grande no início do ano. É um  momento de renovação para a instituição, e de que estamos cumprindo com o nosso papel”, afirma Daniel Diniz.

Assistência estudantil
A UFRN dispõe de cerca de R$ 30 milhões reservados à assistência estudantil. O recurso garante o funcionamento do restaurante e da residência universitária, além das bolsas de auxílio para os estudantes de baixa-renda. De acordo com o reitor, o orçamento previsto para o ano seguinte permanece o mesmo de 2019, sem previsão de cortes, mas há uma preocupação especial com a permanência dos estudantes na pós-graduação, que vem sendo afetada pelos cortes de bolsas da Capes e CNPQ. “A questão das bolsas de Capes e CNPQ é muito preocupante, porque se elas não forem mantidas, teremos um número cada vez menor de estudantes fazendo pós-graduação ou participando de atividades de pesquisa na graduação. Isso vai reduzir o contingente de pessoas na pós-graduação, e vai provocar um dano muito grande ao desenvolvimento do país”, destaca.

Parcerias
Um dos pontos ressaltados na apresentação do balanço da instituição foi o de parcerias firmadas entre os institutos de pesquisa da Universidade e os órgãos governamentais. Um exemplo disso está na investigação sobre o óleo que vem chegando às praias do Nordeste, e que vem sendo analisado por departamentos da instituição, como o de Oceanografia. Além disso, a Universidade fechou uma parceria com a Prefeitura de Natal para auxiliar a reduzir os índices de analfabetismo do município, desenvolvendo projetos de alfabetização conjunta para a cidade. 

Parque Tecnológico
Com um parque tecnológico urbano em funcionamento, no Instituto Metrópole Digital, a UFRN tem planos para iniciar um novo parque científico no Rio Grande do Norte: o Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo. A ex-reitora da instituição, Ângela Maria Paiva Cruz, foi convidada pelo atual reitor para gerir o projeto, cujas propostas de financiamento já foram enviadas para instituições como o Banco Mundial. Localizado na área de Macaíba, o novo parque focaria, inicialmente, nas áreas de energia, reabilitação em saúde e tecnologia de informação, com espaços e serviços para entidades apoiadoras e empresas, reunindo incubadoras e aceleradoras empresariais, além de laboratórios de pesquisa e inovação.

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