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Reitora da UERN: “Precisamos estar mais convictos do nosso papel”

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Mariana Ceci
Repórter

O Diário Oficial do Estado (DOE) publicou nessa sexta-feira (11/06), a nomeação da professora Cicília Raquel Maia Leite como reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Cicília é formada em Ciências da Computação pela UERN, com  pós-doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das mais prestigiosas universidades do mundo. O ato foi assinado pela governadora Fátima Bezerra.

Cicília Maia, reitora da UERN

Eleita com 66,37% dos votos, em uma chapa formada com o professor Francisco Dantas de Medeiros Neto, Cicília será a terceira mulher a assumir a Reitoria da UERN. A cerimônia de posse ocorrerá em setembro. Juntos, a reitora e o vice terão desafios a serem vencidos e muitos projetos a serem desenvolvidos nos próximos quatro anos.
Em tempos nos quais as instituições de ensino superior passam por cortes no financiamento de pesquisa e extensão, Cicília Maia tem outros planos para a UERN: garantir a aprovação da autonomia financeira, ampliação dos programas de assistência estudantil e ações afirmativas, um concurso para recomposição dos quadros e uma porção maior do orçamento estadual do que os atuais 2,74%.

O foco, disse Cicília Maia em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE, é garantir “uma Universidade socialmente referenciada, includente e inclusiva”, a começar pelo gabinete de gestão, onde a reitora eleita pretende que haja equidade de gênero.

Você é egressa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Acredita que o fato de ter vivido a instituição enquanto estudante e servidora vai ajudar a definir as prioridades da gestão?
Sou egressa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte com muito orgulho e muita gratidão. Estamos muito felizes de nossos docentes, estudantes e técnicos reconhecerem em nós pessoas capazes de conduzir essa instituição ao longo dos próximos quatro anos. Acredito que nossa comunidade reconheceu em nossa trajetória essa missão de conduzir a instituição com garra, com coragem e amor mesmo diante desse momento tão difícil que estamos vivendo. Esperamos deixar nossa marca na história da UERN. Acredito muito que a nossa comunidade reconhece essa trajetória acadêmica e administrativa. O professor Chico vem também nessa missão, trazendo toda sua experiência como Diretor do Campus Avançado em Natal, principalmente em um ponto em que precisamos avançar muito, que é a descentralização dos serviços e processos, visto que nossa Universidade é multicampi.

Estamos vivendo um momento muito delicado para as instituições de ensino superior públicas no Brasil. Quais serão os principais desafios para a gestão que vai assumir nesse momento?
Nossos desafios são inúmeros. Precisamos estar cada vez mais convictos de nosso papel de agentes transformadores da sociedade a partir da educação. Alguns pontos centrais para permitir que avancemos no cumprimento dessa missão são a autonomia financeira, a realização de um concurso público para recompor nossos quadros e a viabilização do plano de cargos e carreiras de nossos servidores. Temos como prioridade também garantir que seja respeitado um orçamento justo para a única Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, que é a UERN. Nosso impacto é de apenas 2,74% do orçamento geral do Estado. Então, imagine: se, com aproximadamente 3% de um orçamento, é possível manter uma universidade multicampi que está presente em seis cidades do Estado. Quem conhece a UERN e teve sua vida impactada pela instituição sabe de sua importância e de sua capacidade de mudar a realidade, e isso é feito com menos de 3% do orçamento. Com a garantia de um orçamento justo e que possa ser executado na íntegra, nós teremos como avançar na recuperação da infraestrutura de alguns campi. Reparar a infraestrutura de décadas é uma das metas de nossa gestão, principalmente porque sempre tivemos um orçamento muito contingenciado. É importante que a gente avance nessa perspectiva, não apenas para manter as ações de pesquisa, ensino e extensão, mas para aumentar a presença da UERN junto à sociedade potiguar.

Há planos concretos de garantia da autonomia orçamentária? Qual a importância disso para a UERN?
Sim. A governadora Fátima Bezerra já sinalizou que quer ser a governadora da autonomia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Temos uma comissão constituída pelo Governo já trabalhando esse anteprojeto de lei. O ano de 2021 será importante para nossa Universidade. Nós temos quatro marcos na história da UERN: a criação, a estadualização, o reconhecimento, o recredenciamento e, no ano de 2021, queremos ter outro marco, que é a autonomia financeira. Temos o cenário ideal para isso acontecer: o Executivo compreendendo a importância disso, a comunidade universitária também querendo muito que isso seja concretizado e todos os deputados e deputadas que nos ligaram parabenizando pelo resultado da eleição conversaram conosco e estão sensíveis para que, no momento em que esse projeto saia do Executivo e vá para o Legislativo, tenhamos a aprovação. Nossa esperança é que, em 2022, já possamos executar nossa sonhada autonomia financeira.

A UERN cresceu muito nos últimos anos, e o baque financeiro provocado pela crise econômica da pandemia está tornando difícil a manutenção de muitos estudantes nas universidades. Na campanha, uma das pautas levantadas por vocês tratou das ações afirmativas de inclusão e assistência estudantil. Quais os planos para essas áreas?
Uma coisa que gostamos muito de frisar é que a nossa carta-programa foi construída com a nossa comunidade ‘Uerniana’. Aproveitamos todos os momentos de campanha e pré-campanha para esquematizar os principais anseios da instituição. A assistência estudantil é um desses pontos, e é uma necessidade da qual não podemos abrir mão jamais. Queremos ampliar cada vez mais políticas afirmativas inclusivas e na qualidade de excelência acadêmica no que diz respeito à pesquisa, ensino e extensão. Temos um desafio muito grande para a manutenção do que já temos e para a expansão do que podemos avançar enquanto Universidade. Nossos estudantes terão uma atenção toda especial no sentido de inclusão, ampliação de bolsas e auxílios. Nosso objetivo é uma Universidade socialmente referenciada, inclusiva e includente. Em relação às ações afirmativas, nós pretendemos criar nas primeiras semanas da gestão, a política institucional de educação em direitos humanos. É algo que queremos muito fazer, assim como a criação de um fórum permanente para a elaboração e implementação de políticas de ação afirmativa em todos os segmentos da UERN. Outra coisa que precisamos destacar é a implementação de equipes de apoio psicossocial composta por profissionais especializados para estudantes e funcionários de nossa Universidade.

Vocês comentaram sobre a necessidade de um concurso público para recomposição de quadros. Qual é a situação atual da UERN em termos de déficit de profissionais?

Desde o primeiro momento dessa nova gestão do Governo do Rio Grande do Norte, foram colocados decretos de calamidade financeira. Nossa instituição, como muitas outras pelo Brasil, não escapou de cortes e contingenciamentos. Mesmo assim, a UERN expandiu muito, apesar do contexto. Nos últimos dez anos, saímos de três programas de pós-graduação para 22 cursos de Mestrado e quatro cursos de Doutorado. Foi uma expansão enorme na pós-graduação e, com isso, vimos uma necessidade urgente de recomposição dos nossos quadros de servidores, tanto de servidores técnicos como de docentes. Temos um quadro de servidores em lei que já está bastante defasado, e tanto isso como o concurso público precisam ser feitos de forma rápida. Há algumas áreas em que não há mais ninguém para chamar, e nas quais há necessidade urgente de profissionais.
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