Mariana Ceci
Repórter
O foco, disse Cicília Maia em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE, é garantir “uma Universidade socialmente referenciada, includente e inclusiva”, a começar pelo gabinete de gestão, onde a reitora eleita pretende que haja equidade de gênero.
Você é egressa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Acredita que o fato de ter vivido a instituição enquanto estudante e servidora vai ajudar a definir as prioridades da gestão?
Sou egressa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte com muito orgulho e muita gratidão. Estamos muito felizes de nossos docentes, estudantes e técnicos reconhecerem em nós pessoas capazes de conduzir essa instituição ao longo dos próximos quatro anos. Acredito que nossa comunidade reconheceu em nossa trajetória essa missão de conduzir a instituição com garra, com coragem e amor mesmo diante desse momento tão difícil que estamos vivendo. Esperamos deixar nossa marca na história da UERN. Acredito muito que a nossa comunidade reconhece essa trajetória acadêmica e administrativa. O professor Chico vem também nessa missão, trazendo toda sua experiência como Diretor do Campus Avançado em Natal, principalmente em um ponto em que precisamos avançar muito, que é a descentralização dos serviços e processos, visto que nossa Universidade é multicampi.
Estamos vivendo um momento muito delicado para as instituições de ensino superior públicas no Brasil. Quais serão os principais desafios para a gestão que vai assumir nesse momento?
Nossos desafios são inúmeros. Precisamos estar cada vez mais convictos de nosso papel de agentes transformadores da sociedade a partir da educação. Alguns pontos centrais para permitir que avancemos no cumprimento dessa missão são a autonomia financeira, a realização de um concurso público para recompor nossos quadros e a viabilização do plano de cargos e carreiras de nossos servidores. Temos como prioridade também garantir que seja respeitado um orçamento justo para a única Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, que é a UERN. Nosso impacto é de apenas 2,74% do orçamento geral do Estado. Então, imagine: se, com aproximadamente 3% de um orçamento, é possível manter uma universidade multicampi que está presente em seis cidades do Estado. Quem conhece a UERN e teve sua vida impactada pela instituição sabe de sua importância e de sua capacidade de mudar a realidade, e isso é feito com menos de 3% do orçamento. Com a garantia de um orçamento justo e que possa ser executado na íntegra, nós teremos como avançar na recuperação da infraestrutura de alguns campi. Reparar a infraestrutura de décadas é uma das metas de nossa gestão, principalmente porque sempre tivemos um orçamento muito contingenciado. É importante que a gente avance nessa perspectiva, não apenas para manter as ações de pesquisa, ensino e extensão, mas para aumentar a presença da UERN junto à sociedade potiguar.
Há planos concretos de garantia da autonomia orçamentária? Qual a importância disso para a UERN?
Sim. A governadora Fátima Bezerra já sinalizou que quer ser a governadora da autonomia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Temos uma comissão constituída pelo Governo já trabalhando esse anteprojeto de lei. O ano de 2021 será importante para nossa Universidade. Nós temos quatro marcos na história da UERN: a criação, a estadualização, o reconhecimento, o recredenciamento e, no ano de 2021, queremos ter outro marco, que é a autonomia financeira. Temos o cenário ideal para isso acontecer: o Executivo compreendendo a importância disso, a comunidade universitária também querendo muito que isso seja concretizado e todos os deputados e deputadas que nos ligaram parabenizando pelo resultado da eleição conversaram conosco e estão sensíveis para que, no momento em que esse projeto saia do Executivo e vá para o Legislativo, tenhamos a aprovação. Nossa esperança é que, em 2022, já possamos executar nossa sonhada autonomia financeira.
A UERN cresceu muito nos últimos anos, e o baque financeiro provocado pela crise econômica da pandemia está tornando difícil a manutenção de muitos estudantes nas universidades. Na campanha, uma das pautas levantadas por vocês tratou das ações afirmativas de inclusão e assistência estudantil. Quais os planos para essas áreas?
Uma coisa que gostamos muito de frisar é que a nossa carta-programa foi construída com a nossa comunidade ‘Uerniana’. Aproveitamos todos os momentos de campanha e pré-campanha para esquematizar os principais anseios da instituição. A assistência estudantil é um desses pontos, e é uma necessidade da qual não podemos abrir mão jamais. Queremos ampliar cada vez mais políticas afirmativas inclusivas e na qualidade de excelência acadêmica no que diz respeito à pesquisa, ensino e extensão. Temos um desafio muito grande para a manutenção do que já temos e para a expansão do que podemos avançar enquanto Universidade. Nossos estudantes terão uma atenção toda especial no sentido de inclusão, ampliação de bolsas e auxílios. Nosso objetivo é uma Universidade socialmente referenciada, inclusiva e includente. Em relação às ações afirmativas, nós pretendemos criar nas primeiras semanas da gestão, a política institucional de educação em direitos humanos. É algo que queremos muito fazer, assim como a criação de um fórum permanente para a elaboração e implementação de políticas de ação afirmativa em todos os segmentos da UERN. Outra coisa que precisamos destacar é a implementação de equipes de apoio psicossocial composta por profissionais especializados para estudantes e funcionários de nossa Universidade.
Vocês comentaram sobre a necessidade de um concurso público para recomposição de quadros. Qual é a situação atual da UERN em termos de déficit de profissionais?