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Relator quer emendas para zerar filas de cirurgias

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A discussão do Orçamento Geral do Estado para 2023 ainda não começou na comissão de Fiscalização e Finanças da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, mas os deputados já definiram uma das prioridades: cirurgias eletivas. Em sessão na tarde de ontem, a deputada Cristiane Dantas (SDD) e o relator da matéria, deputado Getúlio Rêgo (PSDB), fizeram duras críticas à situação atual da saúde pública no Rio Grande do Norte. O decano apelou para que os deputados estaduais determinem, através de emenda coletiva consensual, a destinação de recursos para sanar – ou amenizar – o problema. O foco é também conseguir informações precisas sobre a situação.
Na semana passada, Rio Grande do Norte tinha 282 pessoas na fila aguardando por cirurgia vascula na rede estadual de saúde
Em pronunciamento, Getúlio Rêgo propôs que os parlamentares destinem emendas para a regularização da fila de cirurgia vascular no Estado. O tucano, que é médico, relembrou relatos de mortes de potiguares em filas aguardando cirurgias. “Poderíamos aproveitar a tramitação do projeto do Orçamento para solicitar informações junto a Secretaria de Saúde, sobre o represamento na fila da regulação para cirurgias vasculares. Seria uma oportunidade para tomarmos conhecimento da real fila represada para que a gente possa, de forma convergente, alocar recursos para resolução dessa questão”, sugeriu o relator do orçamento.
O parlamentar relembrou matéria veiculada na Tribuna do Norte na semana passada sobre a morte do aposentado José Alves de Souza, 78 anos, que faleceu no último vítima de uma infecção generalizada após ter passado dois meses na fila de espera pelo procedimento, que não ocorreu. “Um fato que causou grande consternação na sociedade. Não tem cabimento alongar mais esta fila, sob pena de mais óbitos acontecerem por omissão do estado”, completou Getúlio.
A deputada Cristiane Dantas, por sua vez, cobrou que o Governo faça repasse de R$ 2,4 milhões para, segundo ela, quitar dívidas do Executivo estadual com o Hospital Maternidade Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante. “Venho mais uma vez expor a minha indignação com a saúde do Rio Grande do Norte. Depois do óbito de um idoso na fila para uma cirurgia de amputação, essa fila que vem se arrastando há mais de um ano, onde a situação dessas pessoas só se agrava, vivemos também a suspensão do atendimento do Hospital Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante”, apontou.
De acordo com a parlamentar do Solidariedade, o atendimento na unidade de saúde foi suspenso desde o dia 1° de novembro, “ficando só o emergencial”. “Tem um total de R$ 2,4 milhões que não chegaram aos cofres deste hospital. E isso reflete na vida das pessoas que mais precisam do sistema público de saúde. Por isso faço aqui uma cobrança do repasse urgente para esse o hospital que atende todo esse município da Região Metropolitana de Natal”, afirmou.
No sábado passado, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que 282 pacientes aguardam somente por cirurgias vasculares, com 33 deles (21 homens e 12 mulheres) em situação de emergência. Segundo Getúlio Rêgo, os dados divulgados até o momento são insuficientes para que se tenha a real dimensão da necessidade financeira para sanar o problema. Por isso, quer que os parlamentares cobrem também acesso aos dados detalhados sobre o represamento das cirurgias, com os valores que deverão ser destinados à área. “Ninguém pode mais suportar perda de pessoas por falta de atendimento na saúde, complicações em pacientes que em vez de perder um dedo do pé perde a perna. É uma oportunidade ímpar para darmos apoio para resolução de lastimável situação”, disse o deputado.
Até o momento, não há a confirmação sobre quando a Comissão de Fiscalização e Finanças da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. 
Hospitais
Atualmente, o Rio Grande do Norte tem somente dois hospitais públicos que realizam cirurgias vasculares para pacientes com diabetes. De acordo com a Sesap, o Hospital Pedro Germano, conhecido como Hospital da PM, em Tirol, realiza mais de 100 cirurgias vasculares por mês. Já o Hospital Doutor José Pedro Bezerra (Santa Catarina) realiza, em média, sete cirurgias por semana. A Sesap afirmou ainda que tem planos de abrir mais leitos na unidade e ampliar o número de procedimentos. A oferta de leitos caiu drasticamente desde março de 2021, quando o Hospital Ruy Pereira foi fechado.
A unidade, que era referência no estado em cirurgias vasculares, funcionava na antiga sede do ITORN, em Petrópolis. A unidade foi desativada após a Vigilância Sanitária apresentar laudo que apontava a necessidade de interdição do prédio “devido ao risco para a coletividade”, já que a estrutura do prédio estava defasada e sem condições de se adequar às normas técnicas atuais de engenharia e arquitetura. A entrega oficial do imóvel, que custava R$ 200 mil por mês, aconteceu após no dia 2 de março.
Em entrevista à Tribuna do Norte ontem, o presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira, avaliou que o fechamento do Hospital Ruy Pereira, aliado à insuficiência das demais unidades que receberam os pacientes transferidos, foi fundamental para o aumento da fila de espera por cirurgias vasculares no RN. Para ele, o fechamento da unidade foi um “erro do governo gravíssimo no fechamento”. Além disso, o médico também disse que as  unidades regionais espalhadas nas cidades do interior do Estado não têm o preparo adequado para atender e realizar o procedimento sem que os pacientes precisem ser transferidos para a capital ou colocados no sistema de espera.
Mais recursos
Além da situação das cirurgias vasculares, as demais cirurgias eletivas também têm sido uma preocupação por parte dos parlamentares. De acordo com o coordenador da bancada federal do Rio Grande do Norte, Benes Leocádio (União), há informações de que há uma fila de aproximadamente 10 mil pessoas para realizarem cirurgias eletivas. 
O Governo do Estado, em reunião com a bancada federal, solicitou ainda apoio com emendas para a construção de um hospital de trauma na Região Metropolitana de Natal, que tem custo aproximado de R$ 300 milhões. 
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