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Relembrando Juarez Pascoal de Azevedo

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Liacir dos Santos Lucena
Sócio do IHGRN
Aproveitando um final de semana para explorar os arredores de Touros e de São Miguel do Gostoso, utilizamos a BR-101 para o acesso a esses recantos turísticos e lugares paradisíacos do nosso litoral. A estrada, bem projetada e construída, mantém o pavimento em boas condições. Paramos no Marco Zero, ponto inicial desta rodovia federal, que se alonga por 4.700Km até as terras gaúchas. Fui questionado: – Por que o início da BR-101 é aqui em Touros e não em Natal? Eu sabia a resposta: – É mais um feito do Professor Juarez!  Anteriormente o quilômetro zero ficava na capital. 
Isto foi fruto do esforço de Juarez Pascoal de Azevedo, um dos fundadores da UFRN e da Escola de Engenharia, além de engenheiro do DNER. O objetivo da iniciativa, ampliando a via até Touros, era promover o desenvolvimento da região, através da melhoria da malha rodoviária e da infraestrutura para o turismo. Conhecedor da nossa realidade econômica, Juarez percebeu a relevância da ideia. Preparou um projeto e o apresentou como sugestão ao Senador Dinarte Mariz, durante a votação do Plano Rodoviário Nacional, que prontamente o acatou e conseguiu a aprovação no Congresso. 
Dinarte já havia realizado, quando Governador, uma obra ainda maior, a criação da Universidade do Rio Grande do Norte.  Ele pertencia a uma classe de políticos, dos quais temos saudade, que acreditavam na Educação, reconheciam a importância da Universidade e não menosprezavam a Ciência.  No nascimento de nossa Universidade, Juarez também deu uma grande contribuição. Para os que não o conheceram, quero relembrar um pouco da sua trajetória.  Juarez fez parte de uma geração de pernambucanos, formados na Universidade de Pernambuco, que avançaram em várias áreas do conhecimento e demonstraram que o Brasil pode superar o subdesenvolvimento e se tornar um país rico e forte, proporcionando condições de vida melhores aos nossos cidadãos. José Leite Lopes, Mário Schenberg, Manoel Correia de Andrade, Paulo Freire e Ricardo Ferreira foram alguns dos expoentes dessa geração.  
Na Escola de Engenharia de Recife o grande responsável pela formação de recursos humanos era Luiz Freire, catedrático de Física. Juarez foi um de seus melhores alunos, sendo selecionado por ele, ao concluir o Curso, para seguir estudos avançados no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro. Apesar do convite para trabalhar com um seleto grupo de cientistas, Juarez preferiu aceitar um trabalho como engenheiro em Natal, sem esquecer o sonho de desenvolver a Ciência na região e no país. Aqui, Juarez atuou na campanha pela criação da Universidade, encabeçada por Onofre Lopes. 
Tive o privilégio de ser aluno de Juarez na primeira turma de Engenharia Civil, curso pioneiro das engenharias na UFRN. Depois participamos juntos em diversas atividades que destacaram a UFRN no cenário internacional entre as quais a criação do Instituto de Física. Juarez ao longo de sua carreira acadêmica contribuiu em inúmeros trabalhos científicos, entre eles o primeiro projeto de pesquisa da UFRN aprovado pelo CNPq, o desenvolvimento de um Rádio-Observatório para pesquisa da Ionosfera, essencial, na época, para as comunicações via satélite. Participou de Conferências, publicou artigos científicos, escreveu livros. 
Foi o responsável pela elaboração do Manual de Normas Técnicas para o Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Na Sociedade Brasileira de Física integrou uma Comissão que avaliou o Ensino de Física no Brasil. No CNPq fez parte do Grupo de Política em C&T. Sempre solidário com os semelhantes, ele nos deu lições de tolerância e humanismo. 
Para Juarez, tudo valia a pena. Fernando Pessoa explicou porque: Sua alma não é pequena!
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