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Renan expulsa Jarbas e Simon da CCJ do Senado

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CRISE - Pedro Simon afirmou que nem na ditadura sofreu tamanha violência como a atual destituição

Brasília (AE) – O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), deu ontem mais uma manifestação de força, ao “expulsar” da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), dois dos maiores críticos da permanência dele no comando do Senado: os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS).

Concretizado por ofício do líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), datado do dia 3 e lido ontem em plenário, a represália foi acertada na terça-feira (02), num jantar na casa dele e teve Renan como principal incentivador. Vasconcelos e Simon são representantes históricos do partido. A vaga do senador do PMDB de Pernambuco será ocupada pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE), principal defensor do presidente do Congresso nos processos de quebra de decoro aos quais ele responde no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

No lugar do senador do PMDB do Rio Grande do Sul, com 55 anos de vida pública, ficará um senador sem representatividade, Paulo Duque (PMDB-RJ), que assumiu a vaga com a eleição do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB). A forma como foi lido o requerimento reforça a tese de que a ordem foi mesma de Renan. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmou que estava prestes a encerrar a sessão quando a secretária-geral do Senado, Cláudia Lyra, surpreendeu-o, pedindo que apenas suspendesse os trabalhos por cinco minutos.

Trouxe, em seguida, o requerimento, lido com o plenário vazio. O presidente do Senado estava no gabinete. “Lamento ter sido testemunha deste episódio, é desapontador”, afirmou Fortes.

O presidente da CCJ, Marco Maciel (DEM-PE), manifestou o protesto com a saída dos “senadores ilustres e operosos”, dizendo que nunca, em tempo algum, se viu nada parecido no Senado. “Minha surpresa é tanto maior quando se sabe que tal procedimento não está em harmonia com as tradições da Casa, caracterizada pelo respeito as opiniões dos parlamentares.” Minutos antes da leitura do ofício no plenário, Raupp negou que a idéia estivesse em andamento. Ele disse que estava “analisando, refletindo” sobre a medida “Eu nem ainda conversei com eles, estou fora de Brasília, para examinar o que fazer”, disse.

Ainda assim, ele reforçou a idéia de que a desforra contra Simon e Vasconcelos estava em andamento, ao lembrar que eles “nunca votaram contra a bancada, nem nas comissões nem no plenário”. Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a crise aumentou. “Ontem (quarta-feira, 3), nos deram um tapa, hoje (quinta-feira), nos deram um golpe, amanhã vão cuspir na gente”, sintetizou, ao se referir à situação. Buarque propôs que a oposição abandone todos os cargos nas comissões para mostrar que o governo domina o Senado.

O procedimento dos dirigentes do principal partido da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se compara – ainda que com maior gravidades, uma vez que os senadores continuam no PMDB – ao que o PT fez em 2004, quando a atual presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, foi expulsa do partido. Simultânea à decisão, o então líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), e a líder da bancada petista, Ideli Salvatti (SC), retomaram a vaga que a senadora ocupava na CCJ.

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