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Renda mensal cresce 77% no RN

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Renata Moura – Repórter de economia

A crise financeira internacional pode ter representado um baque para a economia, mas, no Rio Grande do Norte, não foi suficiente para impedir avanços no mercado de trabalho nem para frear os ganhos de renda da população, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa  desenha um retrato socioeconômico do país e, sobre o estado, revela, por exemplo, que aumentou o índice de trabalhadores com carteira assinada e que o rendimento médio mensal da população com 10 anos ou mais saltou 77,52%, passando de R$ 396, em 2002, para R$ 703, em 2009. Por outro lado, a pesquisa traz dados alarmantes, como a taxa de analfabetismo nas alturas e a forte concentração de renda, uma das maiores do Nordeste, diz o analista do IBGE, Ivanilton Passos. O Instituto não disponibilizou o  ranking regional da concentração.

Renda dos potiguares é a segunda maior da região NordesteMesmo sem os números, Passos frisa que o cenário preocupa. “Temos crescimento econômico, mais  geração de renda, ganho real do trabalhador, o emprego tem crescido, mas temos também só 7 mil pessoas ocupadas ganhando mais de 20 salários (R$ 10.200), concentrando a maior riqueza do Rio Grande do Norte. Isso quer dizer que os 10% das pessoas mais ricas estão ganhando, em média, 17 vezes mais que os 40% mais pobres. Precisamos de uma melhor distribuição dessa riqueza”, observa o analista. Mas, não é só a renda que está na mão de poucos. Em termos municipais,   Natal, Mossoró, Guamaré, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante concentram 60% do PIB do estado. E a distribuição, nesse caso, também preocupa.

Redimento

Apesar de a maior parte dos ganhos estar na mão da minoria da população, a pesquisa mostra que o rendimento do trabalhador vem aumentando e que é, no estado, o segundo maior da região, atrás apenas do alcançado em Sergipe, que chegou a R$ 743. O valor no Rio Grande do Norte avançou mais de 70% em sete anos, puxado por fatores como o aumento real do salário mínimo e o aquecimento do mercado de trabalho. “A crise internacional atingiu o mundo no último quadrimestre de 2008 e no primeiro semestre de 2009. No segundo semestre de 2009, porém, já tivemos recuperação em alguns segmentos, por isso que a atividade econômica, no contexto geral, não foi tão prejudicada no país, nem no Rio Grande do Norte”, comenta Ivanilton.

Um reflexo claro da crise pode ser, no entanto, percebido em meio aos números: O índice de pessoas em busca de uma oportunidade de trabalho, maior que em 2008. De acordo com o IBGE, 50,38% das pessoas com 10 anos ou mais desocupadas procuravam emprego no ano passado, enquanto no ano anterior o percentual era 45,97%.

O envelhecimento da população do estado, também demonstrado na pesquisa (veja o quadro), é outro dado em destaque e que, segundo análise do IBGE, pode abrir uma janela de oportunidades para os jovens do estado, mas não é só isso. “A população com mais idade está aumentando, o que exige estrutura adequada na área de saúde e em termos de assistência social, por exemplo, para essas pessoas”, analisa. Ele também diz que quanto menor a população jovem, mais chances de se ingressar no trabalho devem surgir para esse público. É daí que vem outro alerta: “É preciso qualificar esses jovens para que aproveitem as oportunidades”.
Mais renda e empregos elevam consumo no RN

O número crescente de pessoas empregadas e os ganhos de renda da população provocaram um salto de consumo no Rio Grande do Norte, de acordo com os dados da PNAD. A pesquisa revela, entre outros dados nesse sentido, que, desde 2003, mais que dobrou o total de domicílios no estado com bens como microcomputadores, telefones fixos e  aparelhos celulares. Para se ter ideia desse crescimento, o número de casas, apartamentos ou cômodos destinados à moradia que possuíam computadores passou de 59 mil , em 2003, para 192 mil no ano passado. Considerando um universo estimado de 922 mil domicílios, o dado mostra que 20,82% das moradias do Rio Grande do Norte estavam, no ano passado, equipadas com “micros”.

Mas num momento em que mais pessoas trabalham e em que há mais dinheiro proveniente das remunerações circulando no mercado, não foram só os computadores que se tornaram mais acessíveis à população potiguar. Outros produtos e serviços ganharam novos usuários, segundo apurou o IBGE.

 A quantidade de residências com acesso à internet representa um desses avanços. O número aumentou de 41 mil para 140 mil entre 2003 e 2009, alcançando um crescimento superior a 240% no estado. O número de domicílios particulares com linha telefônica instalada, por sua vez, passou de 328 mil para 737 mil, levando-se em conta o mesmo intervalo de tempo. Já o total de residências que contém tanto telefone fixo quanto celular aumentou de 126 mil para 169 mil no período analisado.

Brasil

Nacionalmente, a PNAD mostra que o acesso das famílias brasileiras a bens duráveis, como automóveis, geladeiras, e máquinas de lavar, cresceu de 2008 a 2009. De acordo com o levantamento, em um universo estimado em 58,5 milhões de domicílios, a fatia de residências que possuem carro aumentou de 36,4% para 37,4% de 2008 para 2009, totalizando 21,9 milhões de domicílios com carro. Já a fatia de residências com motocicletas cresceu de forma mais intensa, de 14,7% para 16,2% no período, para 9,4 milhões de lares.

No caso de geladeiras, o porcentual de domicílios com este produto subiu de 92,1% para 93,4% de 2008 para 2009, totalizando 54,7 milhões de residências. As máquinas de lavar roupa em 2009 também mostraram avanço de penetração nos lares brasileiros, e a fatia de domicílios com este produto saltou de 41,5% para 44,3% no mesmo período, somando 25,9 milhões. A pesquisa também mostrou aumento na participação de moradias com televisão, de 95,1% para 95,7% no período, para 56 milhões de residências. Desde 2008, o IBGE também investiga o avanço dos DVDs nas residências. A PNAD mostrou que, de 2008 para 2009, o percentual de lares com esse tipo de aparelho subiu de 69,4% para 72%.

Domicílios alugados crescem mais que casa própria no país

Rio (AE) – Embora a casa própria seja maioria no total de domicílios no País, o ritmo de crescimento no número de casas ou apartamentos alugados no País foi mais forte do que o avanço no de domicílios próprios de 2008 para 2009, informou o IBGE.

Em um universo estimado de 58,5 milhões de unidades domiciliares, foram registrados 43,136 milhões de domicílios próprios em 2009, em torno de 73,6% do total. Mas o volume representa um acréscimo de apenas 0,6% contra o apurado em 2008. No entanto, ao se investigar o número de domicílios alugados, este foi de 9,952 milhões no ano passado, cerca de 17% do total, mas 4,3% superior ao registrado em 2008.

Entre as localidades pesquisadas pelo instituto, a Região Norte foi a que apresentou maior proporção de casas próprias em 2009, com 78,7% do total de domicílios naquela localidade, seguida pelo Nordeste (76,2% do total); Sul (76,1%); Sudeste (71,8%), e Centro-Oeste ( 65,4%). Já em casas ou apartamentos alugados, o Centro-Oeste apresentou em 2009 a maior participação deste tipo no total de domicílios, com 21,4% no total; seguido por Sudeste (19,1%); Sul (15,4%), e Nordeste (14,3%).

Aumento da renda média é destaque, diz Bernardo

Brasília (ABr) – O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considera o aumento da renda média do trabalhador como um dos dados mais importantes da Pnad 2009. Entre 2004 e 2009, a renda real média do trabalho cresceu 20% segundo os dados da pesquisa. A Região Nordeste teve o melhor resultado, apresentando crescimento de quase 29%, praticamente 50% acima da média nacional. O Centro-Oeste foi a única região que apresentou queda do rendimento médio mensal do trabalhador em 2009 em relação ao ano anterior, de 0,6%.

O ministro também enfatizou a diminuição da desigualdade de renda dos trabalhadores. “Os trabalhadores mais pobres tiveram um aumento real de 5,9%, que continuou crescendo mais rapidamente do que a renda dos trabalhadores mais ricos, com rendas mais altas”, observou. Outro destaque, de acordo com Paulo Bernardo, foi o número de trabalhadores com carteira assinada, mesmo com o desemprego provocado pela crise internacional, cujos reflexos começaram a ser sentidos no último trimestre de 2008. Pelos números da pesquisa, mais de 32 milhões de trabalhadores brasileiros tinham carteira assinada em 2009, ou seja, 59,6% da população que estava empregada.

Isso mostra que 483 mil trabalhadores saíram da informalidade em 2009, na comparação com o ano anterior. Otimista, o ministro prevê que, com o reaquecimento da economia, o número deve aumentar ainda mais em 2010. “Este ano, nós vamos ter praticamente 2 milhões e meio de empregos com carteira assinada”, disse.

Quanto ao desemprego, o ministro justificou como consequência direta da crise internacional. Pelos dados da Pnad, pelo menos 8,4 milhões de pessoas estavam desocupadas no Brasil em 2009. Isso representava 18,5% a mais em comparação a 2008, sendo que a taxa de desocupação passou de 7,1%, em 2008, para 8,3%. “Na questão do desemprego, houve um impacto muito forte da crise. Isso, no primeiro semestre, principalmente. Como a pesquisa foi feita em setembro, mostra que, na época, os reflexos da crise ainda eram fortes, como o aumento do desemprego. Mas isso passou a ser superado depois de 2009 e, principalmente, em 2010”, disse.

Quanto à redução da taxa de ocupação na agricultura, que caiu de 17,4% para 17%, o ministro justificou a queda devido ao clima, principalmente, à seca nas principais regiões. “A safra do ano passado foi muito prejudicada pelo clima. A seca teve impactos negativos e terminou provocando a queda ainda mais na renda do setor do que na área urbana”.

Analfabetismo prejudica trabalhador

Enquanto no campo econômico o Rio Grande do Norte avança, no social, o estado sofre em áreas como educação e sente o impacto disso no mercado de trabalho. “O analfabetismo significa a exclusão e a marginalidade de crianças, jovens e adultos”, analisa Ivanilton Passos. De acordo com ele, a taxa de analfabetismo entre as pessoas com cinco anos ou mais no estado caiu de 24,57% em 2002, para 19,51% em 2009.

O número em declínio não é, no caso do Rio Grande do Norte, motivo de comemoração, mas sim um sinal de que há um grande desafio nas mãos dos governantes. E a razão é simples. Mesmo tendo diminuído, a taxa de analfabetismo no estado ainda é a sexta mais elevada do país e está distante das alcançadas em países como Chile e Argentina, por exemplo, onde chega a aproximadamente 3%, de acordo com Ivanilton Passos.

Em números absolutos, o IBGE mostra que 574 mil pessoas com cinco anos ou mais de idade no Rio Grande do Norte não sabem ler nem escrever um simples bilhete.  Em 2002 o batalhão era formado por 647 mil pessoas.

O problema se mostra mais crítico em meio à população idosa. De acordo com os dados da PNAD, cerca de 155 mil pessoas com 60 anos ou mais são enquadradas como analfabetas no estado. Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, na faixa da população que vai dos 5 aos 14 anos, é estimada a existência de 137 mil pessoas nessa condição. Entre os que têm idades entre 40 e 49 anos são 88 mil pessoas. E na faixa entre 30 a 39 anos são 64 mil.

“Isso se reflete na economia e no mercado de trabalho, considerando que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e que é grande o número de pessoas sem qualificação”, observa o analista do IBGE. Na visão dele, o problema reflete deficiências no ensino básico. E o número representativo de idosos analfabetos ressalta a necessidade de criação de programas de alfabetização voltados para pessoas nessa faixa etária, algumas já aposentadas e sem estímulo para voltar à sala de aula. “O estado tem que alfabetizar essa faixa da população”, continua Passos.

Outro dado apontado na PNAD é que, considerando o trabalho principal das pessoas com 10 anos ou mais, 60,6% ou 865 mil trabalhadores não contribuíam para o instituto de previdência em 2009, “criando problemas para a previdência privada”, de acordo com o analista do Instituto.

Sobe índice de pessoas com carteira assinada

Iniciativas do governo para estimular a formalização das empresas e fazer, por consequência, com que registrem seus trabalhadores também se mostram refletidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009. No Rio Grande do Norte, o levantamento aponta que o índice de pessoas com 10 anos ou mais com carteira assinada subiu de 35,29%, em 2002, para 48,09% em 2009, o que significa que o número de empregados no mercado formal de trabalho saltou de 222 mil para 376 mil, em sete anos. Na contramão disso, o índice de empregados sem carteira assinada caiu de 42,86% para 35,82% no mesmo período, diz a PNAD. 

Entre os trabalhadores domésticos também houve avanços no número de trabalhadores e em relação à remuneração. No estado, entre as pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas, 106 mil exerciam atividades nessa área. Eram 32 mil a mais que em 2002. Esses trabalhadores ganhavam em média R$ 152, por mês, em 2002, e tiveram a remuneração elevada para R$ 279 em 2009. “Bem abaixo do salário mínimo”, lembra Ivanilton Passos, do IBGE.

O instituto não disponibilizou o número de trabalhadores domésticos com carteira assinada, por estado. Nacionalmente, porém, mostra que houve avanços. De acordo com os dados, entre 2004 e 2009, enquanto o contingente de trabalhadores domésticos cresceu 11,9% no país, o de trabalhadores domésticos com carteira aumentou 20%. Em 2009, havia 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no Brasil, um aumento de 9% sobre 2008. No mesmo período, houve crescimento de 12,4% (ou mais 221 mil trabalhadores domésticos com essa garantia trabalhista) no número de trabalhadores com carteira.

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