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Reordenamento do Alecrim está parado por falta de recursos

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Yuno Silva
Repórter

O tradicional bairro do Alecrim, sinônimo de comércio popular em Natal, virou um nó urbano difícil de ser desatado: as calçadas estão ocupadas, sem nenhum critério, por bancas de camelôs, a acessibilidade é nula, as falhas no sistema de drenagem pluvial agravam ainda mais a situação quando chove, e o projeto da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) para promover um reordenamento da área está parado. A parceria alardeada em setembro de 2017 entre a Prefeitura e um grupo empresarial de São Paulo, interessado em investir na reurbanização do quadrilátero onde o comércio se concentra, acabou não prosperando; e o recadastramento dos trabalhadores informais que atuam no local perdeu a objetividade e deverá ser refeita quando, de fato, houver alguma intervenção.

Calçadas no bairro do Alecrim continuam ocupadas por camelôs e sem qualquer acessibilidade

Calçadas no bairro do Alecrim continuam ocupadas por camelôs e sem qualquer acessibilidade

#SAIBAMAIS#“Por enquanto, a situação vai continuar do jeito que está. Continuamos abertos ao diálogo, mas queremos participar ativamente de qualquer que seja a proposta para reordenar o Alecrim. Não vamos apoiar projetos empurrados goela abaixo”, disse José de Anchieta, 65, presidente da Associação dos Profissionais Vendedores Ambulantes de Natal, que trabalha há 37 anos no bairro.

Bem articulado, Anchieta disse enxergar o quadro “com olhos críticos” e garante que “é melhor o Alecrim continuar feio com gente honesta trabalhando nas ruas, do que ter um empresário gerando lucro em cima da gente”, comentou o representante dos ambulantes ao lembrar a proposta da Semsur de realocar os camelôs para dentro de centros comerciais. “Foi tudo uma jogada de marketing, o grupo empresarial de São Paulo não tinha lastro suficiente para garantir os projetos – tanto que a loja do empresário que estava à frente dessa proposta fechou. Queriam atrair investidores e vender as lojas”, criticou Anchieta.

Questionada sobre as propostas de reordenamento urbano do Alecrim, a Semsur, através de sua assessoria de imprensa, limitou-se a informar que o Município busca recursos para viabilizar um local para acomodar os camelôs. Também acrescentou que foi solicitado um estudo à Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) para definir “possíveis locais onde possam se instalar os trabalhadores que ocupam as calçadas”. A assessoria de imprensa que representa o grupo empresarial, que se mostrou interessado em investir no bairro no ano passado, declarou que dará retorno sobre o assunto à reportagem da TRIBUNA DO NORTE nesta sexta-feira (2).

Instinto de sobrevivência
Cerca de 1,3 mil vendedores ambulantes e camelôs trabalham nas principais ruas do Alecrim, mas o recadastramento promovido pela Secretaria de Serviços Urbanos, em conjunto com a Associação dos Profissionais Vendedores Ambulantes de Natal, contabilizou pouco mais de 500 informais no quadrilátero delimitado pelas avenidas Presidente Bandeira (antiga Av. 2), Coronel Estevam (Av. 9), Presidente Quaresma (Av. 1), e Rua Leonel Leite (Av. 10).

“Somos consequência, e não a causa da má gestão política. Boa parte das pessoas que vêm trabalhar na rua estavam desempregadas, isso é instinto de sobrevivência. E mesmo se criarem um novo espaço para acomodar os camelôs, se a Prefeitura não fiscalizar vai bagunçar tudo de novo”, acrescentou o presidente da Associação, José de Anchieta.

O vendedor Francisco Jackson de Oliveira, 37, que há oito anos trabalha no Alecrim, admite que  “do jeito que está é ruim, faltam banheiros decentes e as bancas em cima das calçadas dificultam a circulação dos pedestres, mas essa ideia de levar todo mundo para dentro de um shopping não é viável. Como um trabalhador de rua vai desembolsar R$ 80 mil, R$ 130 mil, para comprar uma loja?”. Oliveira também disse que não adianta “reordenar sem fiscalizar”.

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