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Repolho, bom repolho! (2)

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Jorge Boucinhas
médico e professor da UFRN – [email protected]

Já se começou a ver as maravilhosas virtudes do repolho, porém mais ainda pode ser dito sobre suas propriedades no que tange à proteção contra tumores malignos. Comece-se por interessantes indícios epidemiológicos levantados na Alemanha e na Polônia, onde a variedade Krautmann é muito apreciada em chucrutes.

As taxas de câncer de mama na antiga Alemanha Oriental eram significativamente mais baixas que na Alemanha Ocidental, mas depois da unificação o padrão da doença tornou-se mais equilibrado.  Embora houvesse obviamente muitas diferenças de estilo de vida entre os dois países, parece digno de nota que o consumo de repolho era muito mais alto na parte leste, tendo caído drasticamente após alcançada a reunificação germânica.

Algo igualmente muito valioso veio à luz em uma pesquisa realizada na Universidade de Illinois, EUA, na qual se examinou por que polonesas emigradas para os Estados Unidos apresentam taxa de câncer de mama bastante mais elevada que as residentes na Polônia.  O repolho é um elemento básico da dieta polaca padrão, embora item pouco apreciado entre polono-americanos. Seria um fator relevante?  Para descobrir, os pesquisadores mantiveram, em tubos de ensaio, culturas de células mamárias cancerosas de extração humana, estimularam-nas com estrógenos agressivos e, em parte delas, adicionaram extrato de repolho.  As células tratadas com repolho cresceram mais lentamente.  E não foi uma questão de usar quantidades absurdas do mesmo: as doses usas equivaliam às que podiam ser obtidas pela ingestão normal.

 Além disso, os ensaios sugeriram que o efeito benéfico não era devido unicamente ao indol-3-carbinol.  Outros compostos antiestrogênicos também pareciam estar presentes no extrato, tendo sido verificado que planta contém a  sinigrina, um glicosinolato que foi valorizado em estudos sobre prevenção de câncer de próstata, de cólon e de bexiga. 

A variedade Saboia é particularmente rica nela.  Para obter tais vantagens preventivas, seria ideal ingeri-lo cru ou cozinhar apenas levemente.  Isto também serve a poupar os antioxidantes mais corriqueiros, que também protegem contra a ação de carcinógenos afora ajudarem a evitar problemas cardíacos!

Agora o leitor talvez esteja ávido para tomar o rumo da cozinha.  E mais ficará ao saber que ele é também rico em vitamina K, que vem recebendo atenção por seu papel no fortalecimento ósseo.  O Estudo sobre a Saúde das Enfermeiras, dos EUA, descobriu que as que consumiam quantidades moderadas a altas da vitamina, se advinda de fontes vegetais, corriam risco 30% menor de sofrer fraturas de quadril.  Considere-se ainda o fato de que o Estudo mostrou que as mesmas também tinham risco mais baixo de câncer de cólon.

Há um truque para cozinhá-lo: nada de fervuras em água!  Fazendo isto são liberados compostos sulfúricos e a regra geral é que quanto mais se o cozinha, pior cheira.  Apenas se o corte em tira e refogue-se-o em azeite de oliva até ficar marrom.  Em seguida, cozimento em vapor por alguns minutos. 

Acrescente-se um pouco de sal, pimenta (para os que gostam) ou ervas aromáticas, mais uma pitada de açúcar, e se o despeje sobre talharim fino recém-cozido.   Não se poderia desejar nada melhor!

Ótimo para dietas hipocalóricas (por seu baixo conteúdo energético), além de ser uma excelente fonte de vitamina C, o repolho também contém vitaminas A, B1, B2, B6, K (já citada), ácido fólico, fibras e minerais quais potássio, cálcio, fósforo e enxofre.  Ademais, é uma fonte ótima de fibras, o que tem sido associado com sua propriedade de melhorar os níveis de colesterol.  Quando é consumido, funciona sequestrando ácidos biliares do trato intestinal, o que resulta em redução da referida gordura circulante no sangue.  Igualmente contém antocianinas, que têm propriedades anti-inflamatórias, o que ajuda a reduzir as inflamações crônicas, quais artrite, e previne insultos cardíacos.  E uma pesquisa, mas esta ainda a ser melhor esclarecida, sugere que repolho roxo (só este, até agora, foi estudado) poderia reduzir as probabilidades do desenvolvimento da doença de Alzheimer

Como nada é perfeito, seu consumo abusivo pode causar flatulências e, em algumas pessoas, dores abdominais.    Mesmo assim, vamos a ele.  Vale a pena!

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