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Reservas de petróleo garantem 17 anos de produção

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PETRÓLEO - Previsão é que reservas do RN garantam mais 17 anos de produção

As reservas de petróleo do Rio Grande do Norte que podem ser exploradas atualmente garantem ao Estado mais 17 anos de produção. Mas calma! Não significa que você terá de desistir de carros a gasolina, que a Petrobras vai embora do território potiguar, ou mesmo que seu município vá perder a arrecadação com royalties em 2025. Isso porque essa previsão de 17 anos não só pode ser adiada, como certamente será. Basta comparar com a de duas décadas atrás: “Cheguei em 1988 e a previsão de duração das reservas, na época, era de 16 anos”, lembra o gerente de Engenharia de Produção da Petrobras da Unidade RN-CE, Fernando Ribeiro.

Ele compara as reservas de petróleo a uma caixa-dágua, na qual a quantidade que entra deve ser maior, ou igual à que é retirada, para que se possa continuar com as torneiras abertas sem que ela seque. “Temos um índice de reposição de reservas que deve ser sempre maior que um e tem ficado nisso nos últimos anos. Desde 2001 a nossa reserva provada, aquela que se conhece e se pode explorar com as tecnologias atuais, é praticamente a mesma”, ressalta.

Essa “caixa-d’água” é abastecida pela descoberta de novos campos de petróleo, ou mesmo pelo avanço na tecnologia de exploração dos chamados “poços maduros”. Como ambas as opções têm ganhado força nos últimos anos, Fernando Ribeiro acredita que outro fenômeno pode levar à busca de fontes alternativas de energia, que não a escassez das reservas. “As pressões ambientais certamente são fortes e vão levar a viabilizar novas fontes, consideradas mais limpas”, ressalta.

Ele lembra que a Petrobras vem incorporando novas reservas no Estado e tem aplicado mais recursos nesse sentido. “Só de investimento exploratório, em 2007 foram destinados 112 milhões de dólares para a nossa unidade, 49% acima do aplicado em 2006, que tinha sido de 75 milhões de dólares”, compara. Somente em novembro último foram descobertas sete novas áreas que deverão resultar em acréscimo significativo nas reservas locais, quando o potencial for avaliado. “Se investimos mais, descobrimos mais. Não tem milagre”, ressalta.

Segundo ele, mesmo sem o acréscimo do petróleo dos novos campos, 2007 marcou o melhor índice de volume descoberto: 25 milhões de barris. A essa quantidade se soma a dos poços “antigos”, que começam a ser melhor explorados graças às novas tecnologias. “É quase impossível essa previsão de 17 anos não se adiar. Esses 25 milhões de barris ainda não foram nem acrescidos no cálculo das nossas reservas e também certamente teremos novas descobertas”, prevê.

Ele se nega a garantir, ou descartar, que essas novas descobertas possam chegar a “achados” de peso, como o do campo de Tupi, localizado na bacia de Santos, e que pode vir a aumentar em até 60% a reserva nacional, se for comprovada a sua viabilidade. “A Petrobras tem o maior cuidado na divulgação de descobertas, caso contrário a empresa é punida, pois temos ações em bolsa e qualquer informação pode afetar as cotações”, explica o gerente. 

Com os investimentos feitos e os previstos, porém, ele entende que a tendência é aumentar o  “fator de recuperação”, ou seja, o percentual que pode ser explorado do total existente em um reservatório e que geralmente não passa dos 30%. Fernando Ribeiro também lembra que a maioria das empresas mundiais trabalha com previsões de reservas entre os 10 e 20 anos, mesmo algumas que trabalham em áreas onde a exploração se iniciou há muito mais tempo.

“É melhor você dizer que o homem hoje é um ser limitado, a afirmar que o petróleo vai acabar. O presidente da Academia Americana para a Ciência declarou, em 1950, que tudo que o homem poderia inventar, já havia sido inventado. No mesmo ano, o presidente da IBM afirmou que o mundo só comportava um máximo de seis computadores”, cita Fernando Ribeiro.

Unidade RN/CE conta com 18 sondas de produção

A estimativa de duração das reservas petrolíferas potiguares já leva em conta a perspectiva de aumento da produção, que pode chegar a mais de 30% nos próximos quatro anos. Desde 1999 a quantidade de petróleo retirada pela Unidade RN/CE vinha atravessando uma queda. Contudo, o ano de 2007 já marcou um recorde no número de poços perfurados (253) e a ampliação na quantidade de sondas deve garantir novas marcas a partir deste ano. 

A unidade RN-CE da estatal conta, atualmente, com 11 sondas de perfuração e 18 de produção. Até o final do ano, esses números devem chegar a 14 e 34, respectivamente. O objetivo é atingir, em 2011, uma produção de cerca de 115 mil barris ao dia. Em 2007, a média diária ficou pouco acima dos 80 mil barris. Esse valor se mantém estável nos últimos dois anos, mas representa uma queda em relação ao pico de produção já registrado, que ocorreu em 1999, quando chegaram a ser retirados 112 mil barris por dia.

O número de poços produzindo em território potiguar e cearense gira hoje em torno de 5 mil, dos cerca de 6.500 já perfurados nos dois Estados. Esses poços estão distribuídos em 58 campos petrolíferos e se somam às 27 plataformas marítimas já instaladas no litoral.

Entrevista

Tibúrcio Batista Filho  (Secretário de Energia):  “O RN está buscando novas formas de uso do petróleo”

O governo já se preocupa com a duração das reservas de petróleo no Rio Grande do Norte?
Sempre que se faz essas previsões de reservas, elas duram de 10 a 20 anos, isso é mais que natural. Com o passar do tempo, isso sofre ajustes, já que novas tecnologias surgem, o que permite a incorporação de novas reservas e a descoberta de novos campos. Da quantidade de petróleo que existe nos reservatórios, em um primeiro momento só uma pequena porção é passível de exploração. Nos bons reservatórios esse percentual é de 25%, mas muitas vezes não chega a 15%. Ou seja, 85% ficam lá sem ser retirados, mas com a inovação tecnológica esse petróleo também começa a poder ser explorado. Um exemplo é o início das operações da Termoaçu que irá permitir, através da injeção de vapor, aumentar as reservas em até 300 milhões de barris.

Então há tranqüilidade em relação a essas reservas?
O que a gente percebe é que, ao longo do tempo, mesmo já tendo retirado parte dela, outras reservas vão sendo incorporadas e isso vai garantindo a manutenção da produção.

É mais provável, então, que o consumo do petróleo caia por conta dos preços altos e pressões ambientais, do que pela escassez?
No mundo todo há resistência em relação aos combustíveis fósseis. Novas fontes vão sendo descobertas, como a bioenergia para os automóveis, assim como vai se viabilizar, em algum momento, a tecnologia dos veículos elétricos. Isso fará com que haja uma substituição natural desses combustíveis fósseis. Por isso é preciso se buscar, e o Rio Grande do Norte está buscando junto à Petrobras, novas formas de utilização do petróleo.  Não só a aplicação como combustível, mas na área petroquímica. Estamos tentando algo como a produção do propeno e o polipropileno. Se o Estado conseguir viabilizar isso, teremos não só indústria produzindo essa matéria-prima, mas também as que vão utilizá-la.

E qual o potencial do RN para outras fontes, como o biodiesel?
Biodiesel é agricultura e nós estamos no semi-árido, com suas dificuldades peculiares. Agora, o Estado está buscando saber quais as culturas mais adequadas, como desenvolver a produção, como agregar valor ao produtor. Tudo isso está sendo discutido de forma bem racional, até para que a gente não lance uma idéia precipitadamente.

E os parques eólicos?
Aí é outra história. O investimento em biodiesel é uma forma de incentivar a inclusão social do homem do campo, no caso da energia eólica estamos tratando de grandes grupos, que dominam uma tecnologia e onde o Estado tem um potencial altíssimo e até diferenciado em relação a outras partes do mundo. O que precisa é desmistificar a idéia de que a energia eólica é uma energia cara. Não entendemos dessa forma. A energia hidráulica é hoje barata porque já se pagou todo o investimento inicial feito, mas também precisou de subsídio e tudo o mais para se viabilizar. A energia eólica, no quadro atual, já tem potencial enorme. Nosso potencial hidráulico está se esgotando. A alternativa que o Governo (Federal) vem adotando são as térmicas. No último leilão, o preço de referência das térmicas foi de 140 reais por megawatt/hora e a eólica em torno de 200.

E qual o diferencial?
O detalhe é que a energia eólica tem esse custo projetado partindo-se do zero, para a instalação, mas a partir do momento que ela começa a funcionar, o custo operacional dela é muito baixo, pois o combustível que necessita para gerar energia é grátis, que é o vento. Enquanto a usina térmica quando vai operar tem de usar gás natural, ou petróleo.

Então a médio e longo prazo a eólica seria mais viável?
Não diria a médio e longo prazo, diria hoje. Esse valor de R$ 140 pago pela energia da térmica é o valor da usina parada, sem produzir, como uma reserva de luxo, estratégica, caso o quadro geral tenda ao agravamento. Não tenho esse estudo em profundidade, mas acredito que se você diluir esse valor pago pela usina parada, a eólica sai mais em conta, sim. 

E quanto à energia solar a situação é a mesma?
Não tenho nem dúvida e o potencial do Estado também é diferenciado.

Então é provável que, antes de as reservas de petróleo acabarem, haja substituição dessa matriz, através da viabilização de outras fontes?
Não tenho a menor dúvida. A questão ambiental é que vai dar velocidade a esse processo. Isso terá um custo para a população? Talvez tenha, porque talvez tenha de pagar um pouco mais por uma energia nova que venha a ser utilizada. Mas os benefícios que virão juntos, como os ambientais, com certeza resultarão em grandes ganhos.

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