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Resorts no litoral são retomados

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Sílvia Ribeiro Dantas – Repórter de Economia

Suspensos durante o período de crise que afetou todo o mercado financeiro mundial entre meados de 2008 e o final do primeiro semestre deste ano, os projetos de grandes resorts ao longo do litoral potiguar começam a ser retomados, com boa parte deles devendo ser relançada até o início do segundo semestre de 2010. Entretanto, hoje os olhos dos empresários estão voltados para o mercado doméstico e, ao contrário do que ocorria há cerca de dois anos, o foco desses empreendimentos  não é o turismo de segunda residência, uma vez que o fluxo de turistas estrangeiros diminuiu drasticamente no estado. Exemplos dessa nova realidade podem ser encontrados nas mais diversas praias do Rio Grande do Norte, como Muriu, Touros, Pitangui, São Miguel do Gostoso e Pirangi.

Grandes empreendimentos voltam a ser desenvolvidos no litoral potiguar, entretanto a crise financeira fez com que o principal público passasse a ser o nacionalNa avaliação do presidente do Sindicato de Empresas Imobiliárias do Rio Grande do Norte (Secovi), Renato Gomes, o mercado imobiliário potiguar está em franca recuperação e após o baque sentido com a crise o foco se voltou para o público interno. “Os estrangeiros estão retornando muito lentamente. mas sobreviveu quem se voltou para o público local”, revela.

Apesar da melhora, Gomes diz que o momento não pode ser comparado com o cenário anterior à crise econômica, quando empreendimentos surgiam em todo o estado. Para ele, o segundo semestre deste ano foi muito bom para o setor e o esperado é que a tendência de recuperação se mantenha, havendo maior procura por Natal a partir de julho de 2010. “Depois que a Copa do Mundo da África do Sul terminar, devemos ver isso mais claramente. O próximo país sede do mundial passará a receber as atenções e o Nordeste do Brasil já é naturalmente atrativo aos europeus”, prevê.

Com relação aos preços dos terrenos no litoral, o presidente do Secovi diz não ter percebido um movimento de valorização, mesmo confirmando a retomada dos grandes empreendimentos. “Existia a perspectiva de uma redução no valor do litoral, mas os preços se mantiveram os mesmos do período pré-crise”, avalia Renato Gomes.

A maioria dos grandes projetos no litoral é administrada por grupos internacionais que atuam no RN. Para eles,  o momento não é propício a buscar compradores fora do país, como garante a diretora administrativa da Valerobrasil, Stefânia Figueiredo.

Os projetos que serão desenvolvidos pela Valerobrasil, braço da espanhola Imnovalero no país, durante o ano de 2010 incluem a retomada de um resort em Touros, suspenso devido à crise financeira, além de outro, em Santa Rita, cuja construção foi paralisada por entraves relativos às licenças ambientais. “Aqui no estado, nos concentraremos principalmente em dar continuidade ao resort, com 150 bangalôs, que fica em Touros, já bem perto de São Miguel do Gostoso. Agora não estamos pensando nos estrangeiros, mas como ainda levará um tempo até a conclusão, esperamos poder ter os europeus também como potenciais compradores”, afirma a diretora administrativa da Valerobrasil.

Outra empresa espanhola que está reiniciando uma obra no estado é o grupo Sanchéz. O Elegance Natal Golf, na praia de Pitangui, antes pensado quase exclusivamente para investidores estrangeiros, deverá ser lançado no primeiro semestre de 2010 com um foco totalmente diferente. “Houve uma mudança no público, em grande parte, pela ponte nova ter diminuído bastante a distância entre Natal e a praia. Como tem uma boa área, é ideal para a família e pensamos até em vendê-lo como primeira residência”, garante o diretor geral do grupo Sanchéz, Airton Nelson.

Burocracia é um dos entraves enfrentados

Uma das maiores questões enfrentadas na hora de tocar um empreendimento imobiliário são as licenças ambientais. Os representantes de grupos internacionais que atuam no Rio Grande do Norte apontam a falta de regras claras dos órgãos de meio ambiente como um dos principais entraves burocráticos para que as obras saiam do papel.

A diretora administrativa da Valerobrasil, Stefânia Figueiredo, cita como exemplo de projetos que estão paralisados por esses tipos de questões, o Santa Rita Village, cujas obras já estão suspensas há cerca de três anos. De acordo com Stefânia, dar continuidade ao andamento do projeto será uma das prioridades da empresa durante o ano de 2010. “Entendemos que o local faz parte de uma APA (Área de Proteção Ambiental) e pode demorar um pouco mais. Mas estamos confiantes, inclusive por termos percebido que o governo do estado e a secretaria de turismo de Extremoz estão empenhados em encontrar alternativas para os projetos daquela área”, analisa.

O órgão responsável pelas licenças é o Idema, que avalia a localização, tipo, tamanho e viabilidade acerca da finalidade proposta para os empreendimentos.

De acordo com funcionários do órgão, o primeiro passo para iniciar uma obra é obter a licença prévia, etapa que pode levar de 45 a 180 dias para ser concluída, e informa apenas se o projeto é viável. Em seguida, devem ser cumpridas uma série de exigências, que incluem a apresentação do projeto e programas ambientais. Passadas todas essas etapas, após a conclusão da obra é necessário ainda obter a licença de operação, garantindo que o empreendimento cumpriu todas as exigências ambientais e poderá funcionar satisfatoriamente.

Empresários locais demonstram confiança

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon), Sílvio Bezerra, afirma não acompanhar a forma pela qual os projetos dos grandes resorts vêm sendo levados adiante e revela surpresa em saber do movimento de retomada. “Não tenho conhecimento de como estão os projetos desses resorts, porque as empresas não são locais e, assim, não são filiadas ao sindicato”, justifica.

Com relação à realidade atual do setor da construção civil potiguar, Bezerra confirma que o principal foco tem sido o mercado interno, além de destacar a existência de um enorme sentimento de otimismo entre os empresários do setor. “Esperamos um 2010 bastante promissor e a previsão do Sinduscon para o próximo ano é que será lançado mais de R$ 1 bilhão em empreendimentos no estado”, enfatiza Sílvio Bezerra.

O diretor-técnico da construtora Paiva Gomes, Ricardo Paiva, é mais um empresário do setor que confirma ter havido a necessidade de voltar o foco dos empreendimentos para o público nacional. Paiva diz ainda não estar sentindo o retorno dos estrangeiros como forte compradores em potencial, além de acreditar que em 2010 o mercado deverá ficar ainda mais concorrido para os incorporadores, com o lançamento de produtos atraentes, condições de pagamento extremamente convidativas e maior oferta de produtos destinados às classes C e D. “Hoje, ocorre uma ou outra venda para estrangeiros. O alvo é o publico interno e mais fortemente os imóveis dirigidos para o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida”, afirma.

O empresário revela ainda que a crise financeira fez com que alguns empreendimentos ficassem um tempo suspensos, precisando de adequações para que fossem retomados. Para ele, ações como a mudança de uso dos empreendimentos de tipologia flats para residenciais, promovida pela administração municipal, foram muito importantes para fortalecer o setor. “Os primeiros não são alvos de financiamento bancário para seus adquirentes, enquanto o segundo vem recebendo melhoramento significativo em suas condições de financiamento bancário, o que torna o produto muito mais acessível”, explica Ricardo Paiva.

Voltada para imóveis que atendam à família brasileira, como deixa claro o gerente de incorporação Octávio Lopes, a construtora e incorporadora Rossi também demonstra entusiasmo em investir em solo potiguar. A empresa lançou recentemente em Natal o Solar Alta Vista, projeto construído em parceria com a Diagonal, composto por apartamentos com três suítes, de 155 metros a 196 metros quadrados de área privativa e  cuja  previsão de entrega é março de 2011. “A nossa demanda é voltada principalmente para quem tem renda de três a dez salários e temos ótimos planos para o próximo ano. Em Nova Parnamirim serão 500 novas unidades habitacionais, mais 200 em Parnamirim e para o Tirol, que está em fase final de desenvolvimento, um projeto de apartamentos e salas comerciais para a classe média alta”, conta Lopes.

Empresas diversificam atuação

Atuando há menos de um ano no Rio Grande do Norte, a inglesa Sotheby’s demonstra disposição para apostar em empreendimentos no litoral e confirma a necessidade em adequar os projetos para a atual realidade do mercado. Há cerca de uma semana, a empresa lançou o condomínio Palm Springs, na praia de Muriu, uma das mais disputadas pelas classes A e B do estado. “Antes da crise, esse produto estava previsto para ser voltado exclusivamente aos estrangeiros. Mas com a nova realidade e conômica, passou por adaptações para ir ao encontro do que o público local deseja e a resposta tem sido muito boa. Será um condomínio de alto padrão, com total segurança, em 42 hectares, sendo 50% de área de preservação”, detalha o diretor da Sotheby’s Natal, Wilson Calado.

Mas a imobiliária não abandonou os projetos voltados para o público internacional e a intenção é lançar o Tropical D’Santo Cristo Beach Resort, em São Miguel do Gostoso, pouco depois do carnaval de 2010. De acordo com o também diretor da Sotheby’s Natal, Paulo Meira, este empreendimento procura atender principalmente ao público proveniente de países europeus, juntamente com aqueles que residem na região Sudeste do Brasil. “É um condo-resort, com uma bandeira hoteleira, mas as unidades serão vendidas. Serão 66 bangalôs e 80 flats em um lugar mundialmente conhecido pela prática de esportes de vento, como windsurf e kitesurf. Hoje, São Miguel possui 200 leitos, distribuídos entre as pouco mais de 20 pousadas, e apenas esse empreendimento será inaugurado com 540 leitos. Ou seja, irá duplicar a capacidade hoteleira da região”, enfatiza Meira.

Para os representantes da empresa inglesa, o público internacional deverá voltar a investir no Nordeste do Brasil em breve, provavelmente a partir do segundo semestre do próximo ano. “Os estrangeiros estão voltando para Natal timidamente e um dos fatores que indica esse movimento é o aumento no número de acessos no nosso site”, avaliam.

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