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Respirando arte

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Tádzio França
Repórter
O festival ‘Arte como Respiro – Edição Cênicas’ é um projeto do Itaú Cultural cuja 2ª edição será transmitida pela internet de hoje (16) até domingo, contando com uma produção potiguar na programação. A websérie “Plano de Abandono”, dos bailarinos René Loui e Mainá Santana, fará sua estréia dentro do evento online. Ao todo serão apresentados 34 espetáculos de dança, teatro e circo para adultos e crianças, contemplados no edital de emergência lançado pela instituição.  O filme potiguar irá ao ar na quinta (17), a partir das 20h, e vai ficar 24 horas disponível no site do Itaú Cultural. Acesso gratuito.  
O artista René Loui explica que a história, encenada na websérie “Plano de Abandono”, é contada de uma forma não linear, entre pequenos flashes de memória ou como um grande sonho
A edição teatral do ‘Arte como Respiro’ contemplou 28 artistas de 12 estados do país, uma amostra descentralizada e contemporânea das artes cênicas brasileiras. Há produções da Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. As peças trazem reflexões sobre as consequências físicas e emocionais do atual momento de pandemia, assim como questões raciais e sociais. Os espetáculos abordam memórias e lançam um olhar ao ambiente externo, tendo a dança como linguagem predominante. Já a programação infantil será no sábado e domingo, às 15h, com uma pegada mais circense.
Memórias recortadas
Mainá Santana e René Loui, dois artistas negros residentes em Natal, conceberam “Plano de Abandono” como uma minissérie virtual de dança que criasse outras narrativas e versões de suas próprias vidas, a partir de reflexões pessoais sobre o dia a dia em quarentena, por meio do encontro virtual. “Procuramos recortar memórias através de protocolos pandêmicos de dança, enredados pela internet, com uma dose de humor. Nesse momento (longo) de isolamento, nos permitimos fantasiar com a realidade, a partir de duas casas, dois celulares e uma boa conexão – apesar da internet não facilitar”, explicam, em entrevista à Tribuna do Norte.
O episódio a ser exibido no festival do Itaú Cultural é o primeiro capítulo da série, chamado “Minha mãe é uma semideusa”. René Loui explica que a história é contada de uma forma não linear, entre pequenos flashes de memória ou como um grande sonho. Cada episódio carrega o reflexo do momento da quarentena que foi produzido. Para o episódio piloto foram criadas imagens menos realistas, descobrindo outras perspectivas da casa para um cenário de criação de dança.
A primeira temporada da série traz elementos das culturas afro e indígenas, muitas cores, uma dose de humor e a instabilidade das imagens usada de maneira poética. É uma temporada “solar”, em oposição a que será lançada em novembro. René ressalta o empenho da série em criar imagens sobre o corpo negro que fugissem de estereótipos e mantivessem sua ancestralidade.
Foi aplicado na criação o conceito de ‘afroficção’, algo proposto pela cineasta pernambucano Anti Ribeiro, sendo um ponto de provocação para o desenvolvimento da série. “É uma minissérie para todas as pessoas, pixelada por instabilidades de humor frente ao estranhamento do mundo como ele se apresenta”, diz.
Dança remota
René e Mainá não fugiram à regra do estranhamento em dançar e interpretar para uma câmera, sem público. “Durante as gravações, a gente tinha a sensação de que estava ensaiando para algo acontecer. Ficava faltando aquela troca de olhares, de energia, de calor humano. A gente repetia os movimentos para nós mesmos, com certo estranhamento”, relatam. Houve o desafio em usar o celular como matéria-prima do trabalho, sobrecarregando os aparelhos inúmeras vezes. Tudo foi feito pela internet, com direito aos habituais problemas de conexão. Mesmo assim os bailarinos não perderam o passo.
“Optamos por fazer algo gravado, com edição e uma finalização, e isso é bem diferente da dança cênica que, por mais que a gente ensaie, é sempre uma novidade. É curioso entregar esse “produto final” para nosso público, estamos nos acostumando com a idéia”, afirmaram. René e Mainá estão ansiosos em saber como será essa nova interação, por comentários, curtidas e recados, algo muito diferente dos aplausos ao final do espetáculo.
“Plano de Abandono” foi produzido por uma equipe de quatro pessoas. Além dos dois bailarinos, conta com Willy Helm e Arthur Moura, inicialmente como suporte audiovisual e, na produção da segunda temporada, como co-autores. “Todo mundo teve que aprender um pouco, seja para produzir e cuidar de tarefas administrativas ou para mexer com os programas, para usar a câmera do celular com o foco certo, etc. São especificidades novas, mesmo para nós, que somos artistas independentes há anos”, afirma Loui.
O segundo episódio da série, “Danço Para Não Morrer de Tédio?”, entrará na programação do Festival ‘Arte como Respiro’ nos meses seguintes. No momento a dupla está em fase de produção da segunda temporada da websérie, que contará com quatro novos episódios e foi financiada através do Edital de Economia Criativa do Sebrae/RN. Paralelamente, o grupo participará de outros festivais online, ainda sem data definida. “Em um futuro distópico, gostaríamos de voltar à cena e transpor nossas temporadas para os palcos potiguares”, concluem.           
SERVIÇO:
Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas. 
De Hoje (16) a 20 de setembro (domingo). 
No site do Itaú Cultural. 
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