Pelo que vi na televisão até agora, quando a tarde de sexta está começando e tento arrumar estas mal traçadas linhas, as imagens dos protestos dos grevistas pelas várias capitais brasileiras me fizeram confundir o Brasil com a Venezuela. Pensei que seriam apenas protestos contra as reformas, da Previdência e Trabalhista, o povo nas ruas. Vi pouco povo. Vi muita baderna e o absurdo de bloquear estradas e avenidas para impedir que as pessoas, não grevistas, fossem trabalhar. Vi vândalos. Não entendi ainda qual é mesmo a estratégia das ditas forças sindicais. Mudei de canal, mudei de mídia. Liguei na CBN e ouvi o comentário de Miriam Leitão. Ela fala:
– Há um sentimento de desconforto com a economia, o desemprego está alto há muito tempo. A crise não é resultado da atual gestão, ela começou e foi provocada pelo governo Dilma, todos sabem disso, mas quem está no governo no momento é que vira o alvo.
– Até agora, a greve geral vem sendo bem-sucedida, no po9nto de vista dos grevistas. O que não pode é se usar a força contra quem está tentando chegar ou ir ao trabalho. Interromper rodovias com pneus queimados também é lamentável. O fato de acontecer sempre não significa que seja normal.
– Muita gente que fica contra as reformas não sabe exatamente quem será atingido. Isso, tanto para a reforma da Previdência quanto na reforma trabalhista. Na Previdência, há muitos privilégios, principalmente em categorias de servidores públicos, e a reforma está tentando corrigir isso em várias partes. No mercado de trabalho há 40% de trabalhadores informais no país sem nenhum tipo de direito.
– O governo Temer é impopular, e a crise é prolongada e machuca muita gente. As centrais sindicais também atuam em causa própria, porque a reforma trabalhista retira delas cerca de R$ 3 bilhões. Há muitos interesses envolvidos. ”
Mudo outra vez de mídia. Volto a ver na tevê o que acontece no rastro dos protestos, agora em São Paulo. Pouca gente nas ruas que também estão sem ônibus e cujas garagens e terminais foram bloqueadas pelos manifestantes. Há gente quebrando vitrines de lojas e depredando telefones públicos. Nas proximidades do Viaduto do Chá vejo um cara alto, bem uns dois metros de altura, vestido de macacão vermelho, tentando subir numa camionete. Parecia o Nicolás Maduro.
Não consegui entender ainda porque a OAB se manifestou contra as reformas, uma delas, a trabalhista, já aprovada na Câmara dos Deputados por expressiva maioria de votos. Ouvi importantes juristas brasileiro emitindo opiniões favoráveis às reformas, necessárias ao desenvolvimento do país. Tanta coisa que a OAB deveria incluir na sua agenda. Por exemplo: a falta de segurança pública, o absurdo que ocorre no sistema prisional do pais, os processos que não andam, as audiências que não se realizam.
Pastorando voto Deu na coluna Painel, da Folha de S. Paulo:
– Assim como fez nesta semana, quando a Câmara aprovou a reforma trabalhista, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, vai proibir viagens oficiais de deputados no período em que há previsão de votação na reforma da Previdência.
– A medida é para evitar que possíveis deputados infiéis se “escondam” em outros países. Aliados com viagens marcadas estão sendo orientados a remarcar compromissos.
Chuva
Também houve greve na meteorologia apesar de algumas ocorrências de chuvas no amanhecer de ontem, na capital e no interior. A Emparn não soltou o seu boletim. Talvez quarta-feira, já 3 de maio.
No Ceará, a Funceme divulgou seu boletim, mas sem nenhum registro de chuvas. Na Paraíba, a AESA não traz notícias novas, repetindo as de quinta-feira. Porém, há informações de chuvas ontem no sertão paraibano, ao redor de Patos, Souza.
Essa greve de chuva também preocupa muito.
Livro Lembrando que a partir das 9 horas de hoje, no Sebo Vermelho (avenida Rio Branco, 705, Cidade Alta), tem o lançamento do livro de Paulo Medeiros Gastão, Geografia do Cangaço. Não cuida apenas do mapa do cangaço no Nordeste, mas também passeia pela própria geografia física do semiárido. Regiões e microrregiões. Uma leitura importante com muitas informações.
Mais livro Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:
– Um dos fundadores de O Pasquim, o escritor e filosofo Luiz Carlos Maciel lança sábado (hoje), a nova edição do seu O poder do clímax, na “Casa das Rosas”, em São Paulo. O livro, um recomendado em aulas de roteiros, estava esgotado desde 2008. O prefácio é de Daniel Filho.
– O filósofo, que na década de 1960 e 1970, era uma espécie de “guru da contracultura”, chamou muito a atenção ao publicar, no Facebook, em 2015, que estava sem dinheiro e precisava urgentemente de trabalho. Hoje, ele é consultor da série “Os dias eram assim”, da TV Globo.
Praça A Praça Capitão José da Penha, na Ribeira, precisa de uma reforma geral, já. Coitada, como está abandonada, suas calçadas servem até de depósito para tubulações da Caern que andou perfurando buracos por lá.
Fica em frente à Igreja Matriz do Bom Jesus das Dores. A Ribeira de muitas dores.
Folha dupla O governo Robson Faria é muito inventivo mesmo. Nesta semana, entre um dia e outro, duas notas de sua criativa assessoria de imprensa ou marquetingue, ambas repetidas infinito afora pelos blogues e coisas que tais. A primeira nota diz que o Governo “conclui no dia 29”, este sábado, o pagamento da folha de março. Receberiam os aposentados e pensionistas com salários cima de mil reais.
A segunda nota diz que o governo começaria o pagamento da folha de abril na sexta-feira, 28 (ontem), recebendo os servidores da Educação e os da administração indireta.
Interessante: o Governo do Estado começa o pagamento dos salários de um mês sem ter concluído do mês anterior a este. Muito inventivo.
Poesia “Preciso cobrir com gestos essas ruas / pintar, escavar, tornear / abrandar as paredes do meu jeito / Preciso dizer-lhes algo / assaltá-las / Transformar o que sobra / Traduzir as sombras em desejos” ( Do poema Grafite, de Iracema Macedo, em seu livro Cidade Submersa).
