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Retrato do futuro

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Vicente Serejo
O Brasil só tem um líder de esquerda e outro de direita. Da esquerda, Lula da Silva; da direita, Jair Bolsonaro. Todos os outros se declaram de centro, mas são conservadores. Temem a reeleição de Lula, e, diante das profundas desigualdades sociais, se dizem de centro, mas sabem que o artifício não passa no teste do segundo turno se o confronto final for Lula versus Bolsonaro. Votarão Bolsonaro, mas, se Lula vencer, irão todos para o Centrão em nome da governabilidade. 
A pergunta é inevitável: quem são os nomes da tal terceira via? João Dória, Eduardo Leite, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta, Rodrigo Pacheco e Simone Tebet. Nesse time, o único de origem não política é o ex-juiz federal Sérgio Moro que acaba de assumir a legenda do ‘Podemos’ e já representa, a essa altura, e ainda que ninguém declare, o nome menos confiável para a classe política na medida em que tentou destruí-la como um justiceiro com sua democracia judicializada. 
Mas, o temor da classe política não é um antídoto que baste para frear Sérgio Moro. Ele sabe: a polarização Lula-Bolsonaro é forte, mas pode ser quebrada se nascer o sentimento popular do tipo ‘nem-Lula-nem-Bolsonaro’, uma fresta na qual possa caber aquela preferência nascida do alívio popular. Moro pode retirar votos dos dois extremos e, em razão dos desgastes, se por ventura perdurarem, ser levado ao segundo turno contra Lula no modelo maniqueísta do bem contra o mal. 
Lula é o candidato que encarna o tipo do Messias verdadeiro que volta para derrotar o falso Messias, no caso, Bolsonaro. A essa altura, o próprio Lula sabe que Sérgio Moro pode assumir o papel daquele que enfrentou os poderosos da política e seus sócios da esfera privada, e que é o líder de direita que pode implantar, de verdade, a agenda que Bolsonaro, por destrambelho, não conseguiu, hoje abatido por gestão desastrosa no enfrentamento da pandemia e a volta da inflação. 
Nenhum argumento, nesta hora, terá a força do imprimatur, capaz de garantir que Sérgio Moro será a variável não controlável pela classe política, e a ninguém é dado negar que não é o mais fértil para nele a persuasão fecundar a esperança de uma vida econômica menos injusta e uma paz social mais real. Mesmo que não se desconheça a cristalização dos votos de Bolsonaro, estes são sempre substituíveis por alguém que o eleitor viu ser testado, mesmo ferindo os limites da lei. 
A julgar pelo discurso na assinatura do seu registro no ‘Podemos’, será possível medir a força de sua retórica contra os dois, se vai sensibilizar o eleitorado. No rol dos pecados e crimes que abominou, tanto condenou a corrupção que combateu no passado, clara alusão a Lula; como listou as denúncias mais recentes, do tipo ‘Rachadinha’, tiro direto contra Bolsonaro. Mas, só o tempo dirá se Moro vai abater um dos dois ou se será esmagado pela polarização Lula-Bolsonaro.
CAVIAR – Espera-se que as forças armadas desmintam, formalmente, a denúncia publicada por Guilherme Boulos, uma licitação de duas toneladas de caviar e camarão. Nem o exército francês. 

MODA – Os restaurantes do Beco da Lama, no sábado que passou, no seu Pratodomundo, incluiu alguns pratos indígenas. Como sugere a moda, segundo a releitura do gosto das autênticas etnias. 
RUMOS – O editor Abimael Silva vai reeditar o número um da revista ‘Rumos’, do Diretório da Faculdade de Direito e que tinha como diretor de redação o hoje escritor Ivan Maciel de Andrade. 
VALOR – A ‘Rumos’, lançada em 1958, tem no número de estreia um ensaio de Berilo Wanderley sobre três poetas do Rio Grande do Norte: Segundo Wanderley, Ferreira Itajubá e Auta de Souza.
CORRUPÇÃO – Em pré-venda, com previsão de chegada às livrarias dia 2 de dezembro, o livro de Sérgio Moro, base do discurso de campanha: “Contra o Sistema da Corrupção”, por R$ 49,90. 
POESIA – Hoje, a partir das 19h, no salão do Bardallos, o poeta Tião Maia lança seu livro ‘Solidez do Âmbar’. O Bardallos fica na Rua Gonçalves Lêdo, 679, Cidade Alta. Com direito a voz e violão.
RUAS – Da Barra do rio Punaú, já de braços abertos para encontrar o mar, Carlos Peixoto avisa aos navegantes deste mar feito de asfalto: estão nas ruas todas as graças e todas as mágoas de amor.  
TURISMO – De Dino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, maroto e lascivo, vendo o RN perder a disputa para todos os estados nordestinos: “Aqui o negócio virou uma questão de gênero”.
ESTILOS – Ninguém tem, no deputado Nélter Queiroz, o exemplo dos bons atavios da elegância no uso das palavras. Nem a lhaneza vence a prepotência petista do secretário da saúde, o doutor Cipriano Maia, como ao rebater a Queiroz por pedir sua demissão à governadora Fátima Bezerra. 
MAS – O que flagra a declaração do secretário Maia, ao afirmar que Queiroz precisaria ser eleito governador para demiti-lo, é que Fátima Bezerra foi eleita, com maioria absoluta e legitimadora de votos e, nem assim, o demitiu por omissão. Nos jogos do petismo o culpado é sempre o outro.     
HORROR – Não há normas burocráticas acima da vida a impor encaminhamento a uma unidade de saúde para só depois atender a quem está em situação de urgência com risco iminente de morte. É omissão de socorro. E fere princípios cristãos, éticos, médicos, jurídicos, políticos e humanos.    
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