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Revisitando o evangelho primitivo

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Yuno Silva – repórter

Religião, futebol e política são os três assuntos, segundo o velho ditado, que não se discutem. Felizmente, aos poucos, percebemos que tudo é perfeitamente contestável, desde que tenha fundamento e que sejam respeitadas as devidas divergências. Os temas são delicados, e sempre há um ou outro fanático de plantão que pode tentar desqualificar qualquer tentativa de diálogo, mas, quando tratados com propriedade, os debates tornam-se ricos mananciais de conhecimento.

Avesso a polêmicas, o professor, odontólogo, pesquisador e escritor paraibano Severino Celestino da Silva, considerado um dos maiores especialistas em estudos sobre a Bíblia no País, está em Natal hoje, às 19h, na livraria Siciliano do Midway Mall, para lançar seu novo livro intitulado “O Evangelho e o Cristianismo Primitivo”. Seguidor da Doutrina Espírita, Celestino procura resgatar com sua obra a “cristalinidade da mensagem original de Jesus e sua história”.

Autor de outros quatro livros, “Analisando as Traduções Bíblicas” (1999), “Bereshit – Deus e a Criação do Universo” (2002), “O Sermão do Monte” (2006) e “Didaqué” (2008), e dois DVDs (“Abrindo a Bíblia” e “O Pecado de Adão e Eva na Visão da Doutrina Espírita”), todos com temática religiosa, Celestino da Silva trata neste quinto trabalho sobre a fundação do cristianismo e as distorções que este sofreu por influência da política do imperador romano Constantino (272 — 337 d.C). “Pesquisas mostram que existiram dois cristianismos distintos: o cristianismo de Tiago, irmão de Jesus, e o cristianismo fundado por Paulo de Tarso, que prevalece até hoje”. Com a propriedade de quem domina o Hebraico e o Aramaico, o escritor paraibano passou cerca de cinco anos debruçado sobre textos originais, escritos em hebraico e grego, de autores orientais e pesquisas de  professores renomados na áreas de cristianismo primitivo e textos apócrifos. Como resultado, “O Evangelho e o Cristianismo Primitivo” aponta algumas distorções e diferenças entre o texto original da Bíblia e a tradução que conhecemos. “Hoje posso afirmar que existem mais traições do que traduções. As Bíblias em idiomas diversos são verdadeiras torres de Babel. Cada uma tem um significado diferente para o mesmo versículo do texto original”, garante o escritor. Entre os principais pontos divergentes, Celestino aponta os que “dizem respeito as questões que dão suporte as diversas religiões diferentes, as quais se dizem cristãs. Cada uma fala de sua religião com um suporte bíblico, porém baseado em tradução e conceitos diferentes”, explicou.

“O inferno não é eterno”

Algumas passagens do livro também podem gerar debates calorosos como a “inexistência da Ira de Deus e a Condenação eterna nos textos originais dos evangelhos”. E ainda há mais pano para manga pois, de acordo com a pesquisa, “a Santíssima Trindade é uma criação extemporânea; a afirmação de Jesus ser Deus é outra questão que não tem base nos evangelhos. Purgatório não existe na Bíblia; Madalena nunca foi prostituta; Jesus tinha uma família, irmãos e irmãs e não se fala sobre isto. A figura de satanás não tem origem bíblica; o inferno não é eterno. Eu tenho um profundo respeito pela Bíblia, porém em seu idioma original, jamais em suas traduções-traições”, esclarece Severino Celestino da Silva.

“Religião não existe sem ciência”

O escritor afirma que, para entender a religião, é necessário ter a ciência por perto: “Existem cientistas que se opõem às religiões, no entanto, religião sem Ciência é manca. E Ciência sem religião lhe falta apoio. As descobertas da ciência glorificam a Deus em vez de rebaixá-lo. É necessário conhecer a história das civilizações, com seus mitos e ritos, considerar a arqueologia… tudo isso faz parte da gama de elementos importantes que colaboram para se entender as questões religiosas. Tanto no passado como no presente”, finaliza.

Serviço

Lançamento do livro “O Evangelho e o Cristianismo Primitivo” (293 páginas, R$ 35), hoje, às 19h, na livraria Siciliano do Midway Mall; Sáb, às 19h, palestra na Federação Espirita, av Rodrigues Alves 779 (entrada franca); Domingo, a partir das 8h, Café Cultural e Seminário no Lar Espírita Alvorada Nova, em Parnamirim (ingressos R$ 15).

Saiba mais…

A palavra Torá tem dois sentidos na tradição judaica: o primeiro é amplo, sinônimo de ciência, sabedoria, amor a Deus. Sem ela, a vida não tem sentido nem valor. Em um sentido mais restrito, Torá é o mais reverenciado e sagrado objeto do ritual judaico, o manuscrito dos Cinco Livros de Moisés (a Bíblia, do Gênesis até o Deuteronômio) que se conserva na Arca da Sinagoga. Juntando os dois sentidos, podemos dizer que a Torá é o conjunto de livros do judaismo, que coincidem com os cinco primeiros livros do Velho Testamento, onde estão escritas as ordens de Deus ao povo judeis relativas as leis, aos costumes e a moral.

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