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Revista da Semana

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Vicente Serejo
Por fetichismo – se é tão verdade que é a doença do apego às coisas e objetos – guardo até hoje quatro edições da ‘Revista da Semana’, um presente de Luiz Lobo, quando esteve aqui como um dos diretores da TV Universitária. A edição especial de carnaval, fevereiro de 1958; duas edições de março e uma última de abril, todas do mesmo ano. Não há nas páginas a magia das grandes novidades, mas nomes que formavam naquela hora o conselho editorial e a redação. 
Seu diretor, no alto da página do expediente, era Aluízio Alves e, seus assistentes, Victor Tapajós, Orlando Caramurú e Quintino Carvalho. O redator-chefe era Luiz Lobo. Os seus redatores: Murilo Melo Filho, Adirson Barros e Jayme Negreiros. A ‘Revista da Semana’ era propriedade da Companhia Editora Americana e tinha como seu diretor-presidente Gratuliano Brito. Logo abaixo, a coluna ‘Contato’, curtíssimas histórias feitas com humor e sensualidade.
Na edição de carnaval, sobre um campo vermelho que toma quase toda a capa, o rosto em desenho de um palhaço e a chamada geral que diz assim: “Um americano na côrte do Rei Momo vai (com uma banana de uísque) das escolas de samba ao municipal”.  E bem no alto da capa uma pequena fotografia de Rock Hudson como gancho de força da matéria que registra o encontro carnavalesco do grande ator com Ilka Soares e as fotos dos beijos de Linda Christian. 
Todo esse nariz de cera, bem típico do jornalismo dos anos cinquenta, é para mostrar o quanto era importante o rinoceronte ‘Cacareco’, o bicho mais popular no zoológico do Rio, na Quinta da Boa Vista. ‘Cacareco’ gostava de ser visitado por brotinhos, que lhe vinham passar a mão no seu chifre. Sem identificar-se, informa o redator que ele prefere brotinhos com seus vestidos estampados. Gosta de comer banana, abóbora, farelo, milho, couve, sal, e até alfafa. 
Fartamente ilustradas com fotos dos bailes de carnaval, dos mais populares aos mais sofisticados, as páginas da ‘Revista da Semana’ revelam as cariocas ainda de biquínis vastos, mas já ousados à época na revelação das carnes, do rebolado das atrizes e desfiles das escolas de samba, reis e rainhas dos subúrbios, entre paetês e lantejoulas. Sob a foto de Rock Hudson, a legenda maliciosa avisa da perseguição das “mocinhas que vinham a toda hora fazer cafuné”. 
Nem só de carnaval se fez a edição especial da ‘Revista da Semana’. Há uma matéria sobre a eleição do general Alfredo Stroessner, uma resenha sobre ‘Guerra e Paz’, de Tolstoi; e a antologia ‘Obras Primas da Novela Brasileira’. Notícias sociais, palavras cruzadas e uma página sobre as realizações do governo carioca.  É tudo só pra lembrar do Rio que não existe mais. Um Rio hoje morto, nas páginas em preto e branco de uma revista tão ousada e moderna. 
MILAGRE – A governadora Fátima Bezerra sanciona a lei orçamentária de 2021 sem vetos, apesar de mais de 400 emendas de deputados aprovadas pela Assembleia. Seria a civilização?
CALMA – Nosso retrato financeiro parece ser dos mais civilizadas. Basta dizer que o déficit beira um bilhão de reais. E deverá aumentar com as agruras inevitáveis de um ano dispendioso e pandêmico. 
IMAGEM -De uma raposinha mossoroense, os olhos fixos na vistosa coreografia do prefeito Alysson Bezerra: “Seu único mérito, até agora, foi derrotar a arrogância de Carlos Augusto”. 
NICK – Ainda não vai ser agora a volta do Nick Buffet para o prazer dos natalenses. Vamos esperar mais um pouco até que passe o efeito da pandemia. Natal não vai deixar de ter a Nick.   
LENDAS – Nas prateleiras da Cooperativa Cultural ‘Lendas da Revolução’, o novo romance de Carlos Peixoto, erguido em torno da Revolução de 1935 por entre histórias e personagens. 
SONHOS – A edição de ‘Continente’ mergulha na narrativa onírica a partir dos princípios da neurociência. O professor Sidarta Ribeiro, da UFRN, é a grande referência dos nossos sonhos.  
COVID – Do infectologista Fernando Gatti, primeiro a diagnosticar o Coronavírus no Brasil, à Folha de S. Paulo: “O que salva pacientes é a assistência precoce, não o uso do kit Covid”.
ESPELHO – Quando nossa geração, a dos anos sessenta, quiser olhar a chegada da velhice é só olhar a foto do compositor Carlos Capinam, o grande letrista da MPB. Já aos oitenta anos. 
LUTA – O poeta Diógenes da Cunha Lima em mais uma luta renhida em busca de dotar o Rio Grande do Norte de uma heroína, Clara Camarão. Não há nada documental que comprove, a não ser sua condição de mulher de Felipe Camarão, não o pai, mas o filho, e é pernambucano. 

DERROTA – Apesar do esforço telúrico de Câmara Cascudo, a naturalidade de Camarão foi duas vezes comprovada: por Pereira da Costa, início do século dezenove; e por José Antônio Gonçalves de Mello, maior autoridade no Brasil Holandês. Clara, a guerreira, é uma invenção. 
HISTÓRIA – Nossos militares, no poder, perdem a boa medida. Basta fazer a leitura do livro “O Brasil contra a democracia”, de Roberto Simon, a partir de documentos históricos sobre a atuação militar nas ditaduras no Brasil e do Chile, na derrubada golpista de Salvador Allende. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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