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Rio aplaude Belmonte e Matheus Nachtergaele

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Por Luiz Carlos Merten

Daniel de Oliveira bisou seu prêmio de Gramado – melhor ator – na cerimônia de encerramento do Festival do Rio 2008, na noite de quinta, no Cine Odeon BR. O júri integrado por Camila Pitanga, linda, como sempre (qual é a novidade?), foi presidido por Wieland Speck, da diretoria do Festival de Berlim.

Matheus Nachtergaele recebeu o prêmio de direção, por “A Festa da Menina Morta”; Caroline Abras, o de melhor atriz, por “Se Nada Mais Der Certo” e o longa do brasiliense José Eduardo Belmonte venceu o Redentor de melhor filme. Caroline subiu ao palco sob intensos aplausos. A bela jovem que foi receber seu Redentor não lembra em nada a personagem que interpreta no melhor filme de Belmonte – uma garota lésbica que vive de aplicar golpes e, no limite, termina vivendo uma história de amor com outro marginal, criado por Cauã Raymond.

Deu a louca no júri. Seria injusto fazer uma afirmação tão radical, até porque os quatro premiados principais são obras muito ricas e que, certamente, estavam entre as favoritas para a premiação. Mas o júri errou feio nos prêmios de documentário, ignorando o que talvez tenha sido o melhor filme de toda a Première Brasil, “Loki – Arnaldo Baptista”, de Paulo Henrique Fontenelle. “A Vida Até Parece Uma Festa” – subtítulo de outro documentário sobre música que integrava a programação, o dos Titãs – resgata um grande artista e, ao mesmo tempo, exibe rara força de imagem e som. Tentando ser inovador, como linguagem, mas um porre – com o perdão do trocadilho -, “Estrada Real da Cachaça”, de Pedro Urano, foi o melhor documentário.

“Loki” recebeu o prêmio do júri popular. O filme é uma produção do Canal Brasil, que pensa em transformá-lo em exclusividade para seus 100 mil assinantes. Seria muito humilhante ter de brigar no mercado por duas ou três salas em São Paulo e duas ou três no Rio, onde o trabalho de Fontenelle talvez não fizesse o público que terá, cativo, no Canal Brasil. Pelo menos é esse o pensamento inicial da cúpula do canal brasileiro. Tomara que seja repensado. “Loki” vai para a Mostra de São Paulo, que anuncia hoje sua programação. O filme exige uma tela larga, gigante, para que o público entre com fervor no tributo a Arnaldo Baptista. O maior elogio que se pode fazer ao filme de Fontenelle é dizer que ele está à altura de seu personagem.

O prêmio para o melhor filme da Première Latina, outorgado pelo júri da Fipresci, a Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica – integrada por dois brasileiros, os críticos Pedro Butcher, do Rio, e Ivonete Pinto, de Porto Alegre -, foi para A Mulher Sem Cabeça. Até o fim, o júri esteve dividido entre dois filmes argentinos – o de Lucrecia Martel e o de Lisandro Alonso, Liverpool. Embora a escolha seja defensável, um terceiro argentino talvez tivesse sido a melhor opção – “La Leonera”, de Pablo Trapero.

Durante 15 dias, e a despeito do frio, da chuva e do céu encoberto que não combinam com a paisagem carioca, o Rio viveu intensamente seu festival de cinema. O evento chegou ao fim exibindo números impressionantes — 390 filmes apresentados em 23 mostras, num total de 220 mil espectadores.

O número seria muito maior se a prefeitura não tivesse negado à organização a utilização das areias de Copacabana, onde as sessões ao ar livre da Mostra Bonequinho – que este ano não houve – eram sempre as de maior público. A área de negócios do festival trouxe ao Rio especialistas de todo o mundo para discutir o mercado – e traçar o perfil do novo espectador. Ilda Santiago responde pela parte artística do Festival do Rio. Walkíria Barbosa, pela área de negócios, o MarketRio. As ‘meninas’, como são chamadas afetuosamente, subiram ao palco para dizer que já estão preparando o festival de 2009.

Emoção

Matheus Nachtergaele protagonizou o momento talvez mais emocionante da noite. Ele apostou com Daniel de Oliveira que cantaria Dorival Caymmi, a exemplo do que fizera em Gramado, como forma de agradecimento, se ganhasse. Matheus teve de pagar a aposta. Outro Mateus, o Souza, confessou que gelou quando Roberto Farias, que entregava o prêmio de direção, chamou o melhor realizador somente pelo primeiro nome. Por um momento, brevíssimos cinco segundos, Mateus Souza pensou que era ele. Mas ele também subiu ao palco. “Apenas o Fim”, o filme dos estudantes da PUC/Rio, ganhou dois prêmios, o do público e o especial do júri.

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