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Rio Grande de boas histórias

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Yuno Silva e Tádzio França
Repórteres

História, circo, contos urbanos, textos rurais de ficção, memórias romanceadas e Mário de Andrade. A literatura potiguar ganha em diversidade com a nova remessa de lançamentos que chegam às prateleiras natalenses sob os cuidados das editoras Sebo Vermelho, Z, Caravela Selo Cultural e Sarau das Letras.
Diversidade de temas e escritas afiadas marcam a nova remessa literária para este início de novembro
Neste sábado (14), das 10h ao meio-dia, a porta vermelha do sebista Abimael Silva na Av. Rio Branco abre para apresentar três novas obras; enquanto o jornalista Osair Vasconcelos relança em Macaíba, na Casa de Cultura Nair Mesquita às 19h, a compilação de contos de ficção “As pequenas histórias”.

Teoria do Descobrimento
O pesquisador e escritor Lenine Pinto, chancelado pela Sebo Vermelho Edições, volta a tocar no tema Descobrimento do Brasil e na possibilidade de ter sido na costa Norte-riograndense. Em “O mando do mar”, seu mais novo trabalho, o terceiro sobre o assunto, ele reconsidera a figura do Mestre João – chamado de ‘bizarro’ pelo historiador no livro “Reinvenção do Descobrimento” (1998). “A partir de novas pesquisas me convenci de que ele era um homem seríssimo, disse a maior verdade sobre o Descobrimento do Brasil em sua carta para o Rei de Portugal na época”, reconheceu.

De acordo com Lenine, Mestre João, um dos capitães da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral, escreveu ao Rei D. Manoel I – O Venturoso, informando a localização exata da esquadra: “Apesar da carta de Mestre João indicar Porto Seguro (BA) como referência geográfica, logo abaixo no mesmo texto o navegador pede para o Rei verificar no mapa do cartógrafo italiano Bianco e no Mapa de Bisagudo as tais 1,5 mil milhas de distância entre o Cabo Palmas, em Serra Leoa na África, e o Cabo de São Roque no RN, que seria o ponto exato de chegada”, revela o autor.

Para Lenine Pinto, que abre o livro com citações, associações históricas e cruzamentos de fatos que reforçam sua teoria, “História é uma coisa viva, cada vez se descobre mais coisas novas”. Uma extensa lista de referências bibliográficas fecha a publicação.

O viajante Mário e a Urbe
A manhã de sábado de lançamentos no Sebo Vermelho também agrega “O viajante amoroso”, série publicada em capítulos pelo escritor e jornalista Tarcísio Gurgel, no jornal O Galo (FJA), sobre a famosa viagem de Mário de Andrade (1893-1945) pelo RN no fim da década de 1920 – passagem que gerou o livro-diário de viagem “O Turista Aprendiz”.

“Na época (1988) fiquei impressionado com a abordagem, e já pedia a Tarcísio para editar um livro juntando todos os capítulos. Um texto encantador baseado em fatos reais”, disse Abimael Silva sobre a obra, que pode ser encarada como ensaio, reportagem ou ficção.

Já o jornalista e escritor Carlos de Souza apresenta nova safra de contos em “Urbi”, coleção de escritos que falam sobre “coisas imaginárias, da pura realidade e ainda da realidade virtual em que vivemos”. Carlão também exorciza, em Urbi, nova tentativa de tirar Areia Branca (cidade onde nasceu) do “limbo de mito em que ela vive em mim”, confessou o autor.

Romance autobiográfico
O escritor Francisco Rodrigues da Costa, 82 anos, segue a velha máxima de que a própria vida daria um livro. No caso dele, já rendeu seis. O sexto, “Guanabara” (Editora Sarau das Letras), será lançado no próximo dia 17 (terça), na Academia Norte-rio-grandense de Letras, às 18h. A nova obra do autor, no entanto, não é uma reunião de memórias, mas sim o que ele prefere chamar de um ‘romance autobiográfico’. “Não me considero um memorialista, sou mais um saudosista”, afirma.  Ele prefere contar uma história – que por acaso, é a sua.

“Guanabara” é sobre o começo da vida adulta do autor, ainda jovem, vivendo em Areia Branca durante a década de 50. Época em que era chamado de Chico de Neco Carteiro, por causa de seu pai. Um cotidiano parecido com o de muitos rapazes daquele tempo e espaço. O título do livro é uma menção à fazenda onde viveu o sogro de Francisco,  em Caraúbas. O autor dá uma especial atenção ao início de seu  relacionamento com a esposa, Maria José Gurgel, com quem viveu durante 41 anos.

Após o casamento, as atribuições da vida adulta, de “homem sério”, vieram com tudo. Outros nomes, outras vidas, novos lugares, e mais lembranças. “Passei por muitos empregos, vários altos e principalmente baixos, momentos difíceis”, conta ele, cuja história foi além de Areia Branca, passando depois por Natal, Mossoró, Recife e Rio de Janeiro.

“Esse poderia ser um livro muito amargo ou melancólico, mas aí não teria minha cara de verdade. Eu passei por muitas situações ruins, mas em todas procurei tirar de letra. Eu preferi cantar para esses momentos”, diz. Francisco entrelaça várias ocasiões com letras de música, trechos do cancioneiro popular que combinam com cada momento. Atualmente, Francisco vive em Mossoró. “Tenho mais livros a fazer. Escrevo para não dar chance ao Mal de Alzheimer!”, brinca.   

Macaíba e seus personagens
O sábado literário encerra em Macaíba, onde Osair Vasconcelos relança “As Pequenas Histórias” durante sessão de autógrafos na Casa de Cultura Nair Mesquita a partir das 19h. Osair escolheu personagens reais da memória afetiva de sua cidade natal, e os transformou em personagems de pequenos contos de ficção. “Acredito que todas as histórias já foram contadas, são as mesmas sete ou oito de sempre. O que muda é a forma de contá-las”, afirmou.

Ele garante que “a maioria das personagens do livro existiu, mas as histórias são fictícias, criadas a partir da personalidade dessas pessoas”. O jornalista e escritor acrescenta que as sete narrativas – propositalmente o número da mentira – são reflexos de uma época em que personagens pitorescos eram fáceis de achar no cotidiano das cidades, principalmente nas pequenas.

Nossos picadeiros e palhaços
A Caravela Selo Cultural, conduzida pelo editor José Correia Torres Neto, traz à tona em “Registro da Arte Circense no RN” as histórias de artistas e dos famosos picadeiros potiguares de ontem e de hoje. O título reúne palavras de Câmara Cascudo, Cefas Carvalho, Rafael Duarte, David Clemente, Sheyla Azevedo, Yuno Silva e do pesquisador  Rostand Medeiros.

Assunto não falta: Palhaço Facilita, Circo Saturno, Trotamundos, o mágico Rian, Tropa Trupe, Circo Grock, Xaranga do Riso, Clowns de Shakespeare, Cia Escarcéu de Teatro e Kid Lima, famoso por pedalar a menor bicicleta do mundo – feito registrado no Guinness Book. O título é arrematado por ensaio fotográfico de Paula Geórgia Fernandes.

A publicação é um desdobramento ampliado de outro projeto semelhante, que agora chega ao mercado com edição caprichada viabilizada pelo Prêmio Funarte Caixa Carequinha de Estímulo ao Circo.

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