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Rio Grande do Norte se despede de Lavoisier Maia

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O Rio Grande do Norte despede-se do político e médico Lavoisier Maia Sobrinho. O velório do corpo do ex-deputado federal,  ex-senador e ex-governador transcorre desde a noite de ontem na Catedral Metropolitana de Natal, onde, às 9h30 de hoje ocorre Missa de Corpo Presente e, em seguida, é trasladado para sepultamento às 12 horas, no cemitério Morada da Paz, em Emaús, Parnarmirim. O governo do Estado e a Prefeitura do Natal decretaram luto oficial por três dias. 
Familiares se despedem de Lavoisier Maia, durante velório na Catedral Metropolitana, onde também será a missa de corpo presente
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Lavô foi o 44º governador do Rio Grande do Norte, exercendo o mandato no período de 15 de março de 1979 a 14 de maio de 1982.  “É um momento difícil, não só para a família, mas para todo o Rio Grande do Norte que reconhece até hoje o serviço prestado de Lavoisier ao longo de toda a sua vida pública. Perdemos um grande homem público e um ser humano de virtudes admiráveis”, declarou a viúva Teresinha Maia, casada com Lavô há 15 anos. 
A filha e ex-deputada estadual Márcia Maia, que atualmente preside a Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), disse que “nada é tão forte quanto o poder do exemplo. Especialmente quando ele é carregado de carinho, amor e dignidade”.  Márcia Maia prosseguiu, afirmando que “há pessoas que deixam suas marcas em nós, todos os dias, com um sorriso, um conselho, um olhar ou mesmo na ternura de um adeus”.
Ela ainda disse: “Me despeço de um dos maiores exemplos da minha vida, meu pai, o ex-governador Lavoisier Maia Sobrinho. Homem sábio e resiliente, atravessou as adversidades de toda a ordem com a coragem e destreza que apenas aqueles destinados à grandeza conseguem”.
Para Márcia Maia, o pai “deixa o plano terreno para encontrar o pai celestial. Para todo o Rio Grande do Norte, fica a imagem do homem público honesto, digno e competente que defendeu nosso estado em todas as funções públicas as quais ocupou”. Antes de agradecer as manifestações de pesar, Márcia Maia ainda declarou que, “para nós, familiares, ficam seu legado, as histórias, as memórias, o amor e o exemplo de quem serviu ao povo, à sociedade, mas especialmente, esteve ao lado dos seus quando foi preciso e que nunca se permitiu deixar de viver, amar e sorrir”.
Finalmente, a ex-deputada agradeceu todos os votos de pesar que a família vinha recebendo. “Agradeço a todas as mensagens de conforto, carinho e admiração que temos recebido. Sem dúvida, uma força poderosa para nos ajudar a assimilar a perda daquele que sempre foi presente”.   Além da esposa, Lavô deixa órfãos 4 filhos: Ana Cristina, Márcia, Lauro e Cintia Maia, frutos do casamento com a falecida ex-deputada federal, ex—prefeita de Natal e ex-governadora Wilma de Faria, além de  13 netos e 3 bisnetos. 
Trajetória 
Lavoisier Maia Sobrinho nasceu em 09 de outubro de 1928, em Almino Afonso, na chamada Tromba do Elefante, Alto Oeste do Rio Grande do Norte,   filho de Lauro Maia e Idalina Maia. 
Proveniente de família de tradição política no Rio Grande do Norte, era primo de Tarcísio Maia, ex-governador do Rio Grande do Norte e de José Agripino Maia, três vezes senador da República, ex-governador potiguar e ex-prefeito de Natal. Sua filha, Márcia Maia, teve três mandatos como deputada estadual e foi vice-presidente da Assembleia Legislativa. 
Outros integrantes da família Maia, também políticos, atuaram fora dos limites do estado potiguar: César Maia, ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, foi constituinte e deputado federal pelo estado fluminense. Pela Paraíba, Antônio Mariz e João Agripino Neto foram deputados federais.
Graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, Lavoisier Maia de volta à terra potiguar, seguiu na carreira médica e foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), chefiando o Departamento de Tocoginecologia. Foi diretor da maternidade Januário Cicco e presidiu ainda a Fundação Dinarte Mariz de Estudos e Pesquisas.
Entre 1975 e 1978 foi Secretário de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte, no decorrer do mandato de Tarcísio Vasconcellos Maia (1975-1979). Nesse mesmo período presidiu a Comissão de Fiscalização Estadual de Entorpecentes do Ministério da Saúde, em Natal. Em paralelo a essas funções, atuou também como Secretário do Interior e Justiça norte-rio-grandense (1976-1977) e presidiu o Conselho Diretor do Fundo Estadual de Saúde do mesmo estado (1976-1978).
No ano de 1979, filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), foi nomeado governador do estado do Rio Grande do Norte. Dentre as ações que marcaram sua gestão, construiu moradias populares e empreendeu medidas que visaram solucionar o problema do abastecimento de água, assim como garantir a eletrificação das cidades rurais. 
Em 1980, com o fim do sistema bipartidário e a conseqüente criação do Partido Democrático Social (PDS) em substituição à ARENA, tornou-se filiado ao PDS. Em 1984, após o término de seu governo, assumiu o cargo de assessor do Ministério da Saúde para o Rio Grande do Norte. No ano seguinte, foi escolhido Presidente do Diretório Regional de seu Partido, com mandato até 1986.
No ano de 1987 elegeu-se para o Senado Federal, de cuja Comissão de Relações Exteriores foi titular. Em fevereiro deste mesmo ano, com a instalação da Assembléia Nacional Constituinte, atuou com os demais congressistas nos trabalhos que resultaram no texto da oitava Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988. Dentre as comissões e subcomissões criadas para a formulação da chamada “Carta Cidadã”, foi membro titular da Subcomissão dos Municípios e Regiões. 
Nas eleições de 1990 candidatou-se ao governo do estado do Rio Grande do Norte, sendo derrotado por José Agripino Maia. Manteve-se senador até 1995. No pleito de outubro de 1998, pela legenda do Partido da Frente Liberal (PFL), concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados e foi eleito. Tomou posse em fevereiro de 1999. Nesse mesmo ano tornou-se vice-líder do PFL e atuou como representante da Câmara em visita oficial à China. 
Em 2001, ele foi eleito vice-líder do bloco PFL/PST na Câmara. Nesse mesmo ano atuou em comissão especial para PEC sobre o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Semi-Árido. Nas eleições gerais de 2002 candidatou-se à reeleição e foi eleito primeiro suplente. Em 2003, ano em que tomou posse como deputado federal, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e foi escolhido membro titular da Comissão Permanente de Direitos Humanos na Câmara.
Em agosto de 2003, por ocasião da votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, votou a favor da proposta apresentada pelo Governo Luís Inácio Lula da Silva (2003-2007), aprovada em dois turnos no Congresso e encaminhada ao Senado Federal. 
Em dezembro, o então presidente do Senado, José Sarney (PMDB), promulgou a emenda constitucional que alterou o sistema previdenciário do país, especialmente quanto às regras relativas a aposentadorias e pensões, previdência complementar, paridade entre funcionários públicos ativos e inativos, e contribuição de estados e municípios.
Já em fevereiro de 2004 passou a integrar comissão externa criada para avaliar o problema das enchentes nos estados nordestinos e propor soluções para o combate das calamidades decorrentes das fortes chuvas. No decorrer desse mesmo ano, foi a Nova York no papel de Observador Parlamentar da 59ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Ao longo de seu mandato de congressista, atuou também como titular do Grupo de Trabalho Transposição do Rio São Francisco e em comissões especiais para PEC sobre propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; sobre segurança pública; sobre falência, concordata preventiva e a recuperação das empresas com atividades econômicas.
Em outubro de 2006 concorreu às eleições como candidato a deputado estadual, sendo eleito com 35.278 votos. No início de 2007 assumiu mandato na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Em 2011, ao encerrar seu mandato na Assembleia Legislativa, declarou em pronunciamento o fim da sua atividade política em cargos públicos.
Um realizador com capacidade de ouvir e articular
“Lavoisier Maia fez um governo empreendedor, vencendo obstáculos que desafiavam várias administrações, como, por exemplo levar água para João Câmara, Macau, duas cidades polos do Estado, até então submetidas a dramáticos e angustiantes anos sem água para o abastecimento local. Levou um médico para cada cidade do Rio Grande do Norte , prestando serviços eficientes à populações mais carentes”. 
Assim o jornalista João Batista Machado descreveu o período de Lavoisier Maia no governo do Estado, entre 1979 e 1983, no livro “Resgate da Memória Política”. 
“Construiu milhares de casa populares em Natal e no interior do Estado: levou 52 serviços de abastecimento de água ao interior do RN, além de uma política agressiva no campo, instalando milhares de quilômetros de eletrificação rural, fixando o homem à terra de dando-se condições de produzir melhor”, acrescentou o autor. Também é apontada como uma das principais realizações de seu governo o prosseguimento da Via Costeira e a construção de 700 de rodovias.  
Ele lembra que, logo depois da escolha de Lavoisier para o governo, houve a famosa articulação política no Estado que ficou conhecida como “Paz Pública” e viabilizou a substituição de “um candidato do MDB pelo arenista Jessé Pinto Freire, que embora tenha perdido a eleição em Natal, ganhou com larga margem de votos no interior”.
Lavoisier demonstrou aptidão para a vida pública e sobre ele disse o ex-governador Tarcísio Maia: “Tem uma enorme capacidade de ouvir”.
Em 1982, Lavoisier conseguiu eleger como sucessor José Agripino Maia. Em 1986, inicialmente pretendia se candidatar a deputado federal. Mas uma articulação de última hora levou a concorrer ao Senado da República. Candidato a governador em 1990, perdeu para José Agripino.   
Chegou à Câmara dos Deputados em 1988 e , na renovação do mandato em 2002, ficou na primeira suplência, mas exerceu o cargo durante mais de dois anos, com a convocação de Iberê Ferreira de Souza para a Secretaria de Agricultura do Estado. 
“O governador Lavoisier Maia fez da simplicidade seu maior instrumento de ação política”, resumiu João Batista Machado. 
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