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RN deve vacinar 391 mil contra HPV

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O Rio Grande do Norte deverá vacinar contra o HPV  194,1 mil meninas de 9 a 14 anos e 197,4 mil meninos de 11 a 14 anos, o que totaliza um público-alvo de 391 mil pessoas. A vacinação faz parte de mobilização lançada pelo Ministério da Saúde. Foi iniciada  uma Campanha Publicitária de Mobilização e Comunicação para a Vacinação do Adolescente contra a doença e a expectativa é que mais de 20 milhões de adolescentes procurem os postos de saúde.

RN foi o terceiro pior estado brasileiro em termos de índice de cobertura contra o HPV, no período de 2014 a 2017

RN foi o terceiro pior estado brasileiro em termos de índice de cobertura contra o HPV, no período de 2014 a 2017

A vacina é eficaz contra vários tipos de cânceres em mulheres e homens. Para garantir a vacinação em todo o país, o Ministério da Saúde investiu R$ 567 milhões na aquisição de 14 milhões de vacinas.

Desde a incorporação da vacina HPV no Calendário Nacional de Vacinação, 4 milhões de meninas de 9 a 14 anos procuraram as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) para completar o esquema com a segunda dose, totalizando 41,8%. Com a primeira dose, foram imunizadas 4 milhões de meninas nesta mesma faixa, o que corresponde a 63,4%. “É importante reforçar que cobertura vacinal só está completa com as duas doses, por isso quem tomou a primeira dose deve voltar aos postos após seis meses”, explicou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

Entre os meninos, que foram incluídos na vacinação contra HPV no ano passado, 2,6 milhões foram vacinados com a primeira dose em todo o país, o que representa 35,7% do público alvo. Em relação à segunda dose, foram aplicadas 911 mil vacinas em meninos de 11 a 14 anos. Com a segunda dose, fica completo o esquema de vacinação.

Com o slogan “Não perca a nova temporada de Vacinação contra o HPV”, a campanha publicitária do Ministério da Saúde envolve várias peças e será veiculada no período de 04 a 28 de setembro. O filme mistura imagens reais e animação e traz dois jovens fugindo de um vírus em um cenário com inspiração nos seriados famosos que são de identificação do público jovem e dos pais. A fuga termina no momento em que os jovens entram em uma unidade de saúde e se vacinam.

Trata-se de uma campanha publicitária para mobilizar a população. A vacina contra o HPV faz parte do calendário de rotina disponível nas unidades do SUS, lembra Carla Domingues. “A campanha é importante para lembrar as pessoas sobre a necessidade da vacinação, esclarecendo o que é mito e boato, e informações verdadeiras, baseadas em estudos científicos”, observou a coordenadora.

O Ministério da Saúde enviou ao Ministério da Educação material informativo sobre as doenças. A ideia é estimular os professores a conversarem com os alunos e familiares sobre o tema. O Brasil é o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a oferecer a vacina HPV para meninos em programas nacionais de imunizações. “A participação das escolas é imprescindível para reforçar a adesão dos jovens à vacinação e, consequentemente atingir o objetivo de redução do câncer de colo de útero, terceiro tipo de câncer mais comum em mulheres e a quarta causa de óbito por câncer no país”, completou Dra. Carla.

HPV no Brasil
Segundo estudo realizado pelo projeto POP-Brasil em 2017, a prevalência estimada do HPV no Brasil é de 54,3 %. O estudo entrevistou 7.586 pessoas nas capitais do país. Os dados da pesquisa mostram que 37,6 % dos participantes apresentaram HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer.

O estudo indica ainda que 16,1% dos jovens tem uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para HIV ou sífilis. Os dados finais deste projeto serão disponibilizados no relatório a ser apresentado ao Ministério da Saúde até o final do ano.

O projeto POP-Brasil é uma parceria do Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento (RS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina (FMUSP) – Centro de Investigação Translacional em Oncologia), Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Secretarias Municipais de Saúde das capitais brasileiras e Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.

Estudos internacionais também apontam o impacto da vacinação na redução do HPV. Nos EUA, dados mostram uma diminuição de 88% nas taxas de infeção oral por HPV. Na Austrália, redução da prevalência de HPV de 22.7% (2005) para 1.5% (2015) entre mulheres de 18–24 anos. Outro estudo internacional mostra que nos EUA, México e Brasil entre homens de 18 a 70 anos: brasileiros (72%) têm mais infecção por HPV que os mexicanos (62%) e norte-americanos (61%).

RN teve baixa cobertura nos últimos anos
O RN é o terceiro estado brasileiro com o pior índice de cobertura de vacinação contra o HPV . De 2014 a 2017, 105 mil mulheres tomaram a segunda dose da vacina, significando apenas 38,27% do número de adolescentes dessa faixa etária no estado. Aproximadamente 71 mil tomaram a primeira dose, mas não retornaram para completar a vacinação – o que a torna sem efeito, segundo o ginecologista  Ricardo Cobucci. Apenas a Bahia e o Pará tem índices piores na cobertura da segunda dose, com 37,3% e 36,5%,.

Segundo o ginecologista da Maternidade Escola Januário Cicco , Ricardo Cobucci, os fatores que não levam à segunda dose são muitos, apesar das campanhas do Governo Federal: disseminação de informações falsas,  ausência de educação sexual, esquecimento da segunda dose e  desconhecimento de que ela é necessária.   “Há muitas notícias falsas em relação às vacinas e falta de educação sexual”, afirma Cobucci. “Muitos pais não levam os filhos porque acham que a vacina vai incentivar a vida sexual, ou a adolescente não quer tomar porque acha besteira ou esquece da outra dose”, diz.

A consequência dos baixos índices de cobertura ainda não pode ser mensurada no resultado dos números de infectados pelo pouco tempo de circulação da vacina. Cobucci afirma que são necessários pelo menos dez anos para realizar estudos confiáveis neste aspecto. Mas o temor é que a diminuição do vírus  aconteça de forma mais lenta que o planejado.

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